Por Rosinha Martins| 30.08.2015| Religiosas e religiosos dos núcleos da Rede Um Grito pela Vida, rede nacional da Vida Consagrada para o enfrentamento do Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual, elegeram na manhã deste domingo, 30 a nova coordenação nacional.
Após um processo eletivo realizado durante os quatro dias do encontro, por meio de indicações, momentos de espiritualidade e diálogo, o grupo e elegeu com 54 votos, Irmã Bárbara Halina Frugal da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria; com 49 votos, Irmã Eurides Alves de Oliveira, da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e 45 votos Irmã Anajar da Congregação das Irmãs
“Foi uma surpresa para mim mas eu acredito que é um desafio ainda maior por trabalhar em Belo Horizonte na Rede Um Grito pela Vida, percebo que realmente é um compromisso sério, que exige muita atuação e muita competência. Assumindo neste momento este serviço em nível nacional, sem dúvida será necessário se aprofundar muito mais, tendo mais consciência, mais parcerias para ajudar na caminhada do grupo”, disse Irmã
Sobre a problemática do Tráfico de Pessoas em Minas Gerais, Bárbara disse que a Rede foca na questão da prevenção que se dá através da conscientização nas escolas. Um folder foi confeccionado para as escolas municipais, estaduais que atuam com adolescentes. Escolas e universidades tem aderido à proposta da Rede, desde o lançamento da Campanha Jogue a favor da Vida – denuncie o Tráfico de Pessoas.
Irmã Bárbara Halina (pronuncia-se Ralina) é natural da Polônia e há 17 anos atua como missionária no Brasil e desde de 2012 faz parte da Rede Um Grito pela Vida.
Irmã Eurides Alves de Oliveira fez um balanço da caminhada da Rede até então . “Foi um trabalho muito compartilhado com as articuladoras de região, com as referenciais. Um triênio muito denso de trabalho com atividades grandes que trazem um saldo muito positivo de crescimento na participação coletiva, de compreensão da dinâmica da Rede. É um tempo de gratidão por um caminho feito. Continuamos na perspectiva de continuar sendo um dos nós da Rede neste trabalho de animação”, enfatizou.
Irmã Anajar Fernandes da Silva, da Congregação das Filhas do Coração de Maria, é natural de Salvador – BA. Ela explica que a capital baiana é um grande foco de Tráfico por ser uma cidade litorânea, o que torna necessário o trabalho da Rede de prevenção.
“Achei significativo esse momento de eleição, porque sabemos que um grande número de pessoas traficadas são mulheres e negras e estando agora como colaboradora na equipe considero importante, porque trago como mulher, como baiana, esse referencial de que estou na defesa desse grande número de mulheres que são traficadas, mas sem negar as outras etnias. Estar na equipe será uma forma de trazer esse grito, muitas vezes silencioso das mulheres negras que não tem como se fazer ouvir”.
De acordo com Irmã Anajar, o núcleo da Rede contempla Salvador e Sergipe e o trabalho do enfrentamento se dá a partir da conscientização, cujas armas são a formação da consciência. “Usamos os meios de comunicação como rádio, jornais, televisão e encontros para que as pessoas percebam a grande negativa que o tráfico apresenta, que é a invasão do espaço alheio, da dignidade alheia. É um trabalho de chuva fina no terreno para poder brotar a consciência”, afirmou. Irmã Anajar trabalha há três anos na Rede, mas sua paixão pelo trabalho nasceu a seis anos atrás quando teve contato com a Rede em Fortaleza.
A Celebração Eucarística de encerramento teve como presidente o Scalabriano padre Cláudio Ambrósio. Fazendo referência a leitura que tratava do Tráfico de José do Egito, padre Cláudio ressaltou que a grande motivação para traficar pessoas é o deus dinheiro. “Quando buscamos as razões da existência do tráfico sempre é colocado em primeiro lugar o deus dinheiro tomando o lugar do Deus verdadeiro, o deus mercado sendo dono das relações humanas.
Padre Claudio disse acreditar que como seguidores de Jesus, “temos que trabalhar muito para recolocar o Deus Verdadeiro no seu devido lugar, pois vivemos num clima de idolatria, de uma subjetividade egoísta que pensa no aqui e agora, sozinha, e que é totalmente contrária à mensagem do Evangelho”.