Papa Francisco chega à Grécia

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A peregrinação de Francisco à Grécia se entrelaça com a história do cristianismo e da civilização ocidental. Na mensagem em vídeo por ocasião da viagem, o Papa Francisco falou da peregrinação às fontes, fazendo também um forte apelo em favor da integração dos migrantes, a fim de que o Mediterrâneo não seja mais “um grande cemitério”.

Vatican News

O Papa já está na Grécia, última etapa da 35ª Viagem Apostólica de seu Pontificado. No Aeroporto Internacional de Atenas, onde chegou pouco depois das 11 horas, horário local, foi saudado antes de descer do avião pelo núncio apostólico, arcebispo Savio Hon Tai-Fai SDB e pelo embaixador da Grécia junto à Santa Sé, Sr. Georgios Poulides.

A recebê-lo oficialmente, aos pés da escada anterior do avião, o ministro do exterior, Nikos Dendias. Crianças com vestes tradicionais ofereceram flores a Francisco. Após a passagem pela Guarda de Honra e a apresentação das delegações, o Pontífice seguiu para o Palácio Presidencial, distante 31 km, para a visita de cortesia à presidente da República da Grécia, o encontro com o primeiro-ministro e o discurso às autoridades, sociedade civil e corpo diplomático.

Na peregrinação às fontes, o encontro com os migrantes

Na mensagem em vídeo por ocasião da viagem, o Papa falou da sua “peregrinação às fontes”, fazendo também um forte apelo em favor da integração dos migrantes, a fim de que o Mediterrâneo não seja mais “um grande cemitério”.

A primeira fonte – explicou Francisco – é a da fraternidade, “tão preciosa”, especialmente no contexto do caminho sinodal. A segunda fonte indicada pelo Pontífice, por sua vez, é “a antiga fonte da Europa”: Chipre, de fato, representa “um ramo da Terra Santa no continente”, enquanto “a Grécia é a pátria da cultura clássica”. 

Por fim, a terceira fonte da viagem, a humanidade, que será concretamente representada pela etapa em Mytilene – Lesbos, onde o Papa irá na manhã do domingo, 5 de dezembro, para se encontrar com os refugiados, assim como fez há cinco anos na mesma ilha.

Impulso ao ecumenismo

Na Grécia, a dimensão majoritária é da Igreja Ortodoxa, que ao longo do tempo estabeleceu uma fecunda relação de colaboração e entendimento com a Igreja Católica. Esta harmonia também se materializou no âmbito da ajuda aos migrantes que no país, especialmente nos últimos anos, aumentaram consideravelmente, incidindo negativamente nos centros de acolhida das ilhas de Lesbos, Chios, Samos, Los e Eros.

“O Papa na Grécia encontrará uma Igreja Ortodoxa provada pelo período de escravidão que ocorreu durante o Império Otomano: um verdadeiro martírio”, afirmou Athenagoras Fasiolo, Arquimandrita do Trono ecumênico do Patriarcado ecumênico de Constantinopla. “É preciso lembrar – acrescenta – que a Igreja Ortodoxa contribuiu para a independência do Estado grego não somente para manter a tradição, a língua, a cultura, mas também para devolver ao povo cristão a liberdade e a convivência pacífica”.

Para o arcebispo de Atenas e administrador apostólico ad nutum Sanctae Sedis de Rhodes, Dom Theodoros Kontidis, a visita de Francisco “é um passo importante em direção ao mundo ortodoxo, uma reaproximação, porque no mundo e em particular no mundo ocidental, existem muitos desafios para a Igreja. Unidos aos ortodoxos, o testemunho cristão torna-se mais forte e mais profundo. A tradição ortodoxa e as Igrejas ortodoxas resistem melhor à corrente da secularização. Os ortodoxos têm um grande respeito por suas tradições espirituais. Mesmo aqueles que não são próximos à Igreja se reconhecem na tradição espiritual do país ou da sua comunidade. Diante do desafio da secularização, a ortodoxia é um aliado dos católicos. E para a Grécia, a presença do Papa é, sem dúvida, uma janela que se abre ao mundo.”

Fortalecimento da pequena comunidade católica

Dom Theodoros Kontidis diz ainda que “para a comunidade católica, a presença do Papa deve ser vista como um apelo à fé em Cristo e ao Evangelho. E ao mesmo tempo, uma oportunidade para uma maior unidade na fé e na Igreja Católica universal. Como pequena comunidade, nos sentimos às vezes isolados. O Papa nos une à Igreja universal.”

 Já o administrador apostólico dos Armênios Católicos da Grécia, Dom Hovsep Bezezian, faz votos que a visita do Papa Francisco fortaleça e encorage “a fraternidade entre todos nós. Repito as palavras de Francisco – ressaltou ele – “não somente os católicos, mas todos”. “Fraternidade” significa que existe amor e como diz o canto, “Onde está Deus, existe amor”!

Encontro do cristianismo com a filosofia grega 

A peregrinação de Francisco à Grécia se entrelaça com a história do cristianismo e da civilização ocidental. O encontro dos valores cristãos com os da cultura helênica é crucial para a difusão do cristianismo, não somente na Europa. Como também havia recordado São João Paulo II durante a sua Viagem Apostólica à Grécia em 2001, “a obra dos filósofos e dos primeiros apologistas cristãos permite iniciar, no seguimento de São Paulo e de seu discurso em Atenas, um fecundo diálogo entre a fé cristã e filosofia”. O encontro do cristianismo com a filosofia grega conduz a um diálogo que se desenvolve entre elementos concordantes e novidades substanciais, ligadas ao anúncio do Evangelho.

A relação entre o cristianismo e a filosofia também é atestada por imagens, que peregrinos e pessoas de todo o mundo podem admirar no Vaticano. Entre estas, o famoso afresco “A Escola de Atenas” de Rafael sânzio na “Stanza della Segnatura” nos Museus do Vaticano. Inserido em uma arquitetura renascentista grandiosa, é inspirado no projeto de Bramante para a renovação da basílica paleocristã de São Pedro. A imagem, também apresentada no cabeçalho deste artigo, apresenta os mais famosos filósofos da antiguidade. Alguns são facilmente reconhecíveis: no centro, Platão, apontando para cima com um dedo e segurando seu livro Timeu, flanqueado por Aristóteles. Pitágoras é retratado em primeiro plano com a intenção de explicar. Deitado na escada está Diógenes. Heráclito está encostado em um bloco de mármore, tentando escrever em uma folha. Na cena também aparecem Euclides, que ensina geometria aos alunos, Zoroastro com o globo celeste e Ptolomeu com o terrestre. “Feito do encontro contínuo entre o céu e a terra”.

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