O perigo do esquecimento – Programa Semanal do FMCJS

Compartilhe nas redes sociais

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no telegram
Telegram

Cansadas do longo tempo da pandemia, muitas pessoas desejam e até se apressam a voltar ao normal, isto é, a viver como antes, esquecendo da pandemia. Da mesma forma, felizes com as chuvas que voltaram com a primavera, corremos o risco de pensar que voltamos ao normal, esquecendo da longa seca, da falta de água, dos rios quase sem água, dos incêndios em todos os biomas, das nuvens de poeira que fizeram o dia parecer noite no interior de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Em relação à pandemia, vale celebrar o trabalho da articulação Vida e Justiça, que levou pessoas afetadas pelas mortes de entes queridos e portadoras de sequelas da própria contaminação pelo coronavírus a darem seus depoimentos na CPI da Covid, anunciando em nome de todos os afetados e afetadas que contarão com apoio para defender seus direitos, gravemente negados pela irresponsabilidade e práticas criminosas com que governantes e empresários agiram no enfrentamento da pandemia.

Além disso, com a publicação do relatório da CPI, que incrimina muitas pessoas, e de modo especial governantes, a começar do presidente da república, abre-se o tempo da sua responsabilização judicial. Muita gente se pergunta: a presidência da Câmara federal e o Procurador Geral da república acolherão as denúncias, fundamentadas no longo trabalho da CPI, e darão andamento aos processos a que devem responder os denunciados? Ou continuaremos a ver que os poderosos se defendem colocando em postos de decisão pessoas que encobrirão suas responsabilidades?

Estamos diante de um perigo enorme, o do esquecimento. Em vez de aprender com os acontecimentos que nos afetam, o esquecimento nos leva a agir como se nada tivesse acontecido. Mas a pandemia existiu, e em nosso país ela não foi enfrentada como era possível e por isso morreram antes da hora mais se sessentas mil pessoas. E já sabemos que, se grileiros e empresários continuarem a destruir o que resta de florestas, é quase certo que o vírus da próxima pandemia será brasileiro. E se os governantes forem inocentados, e pior, reeleitos, morrerão muito mais pessoas.

Por outro lado, se não atacarmos as causas das mudanças climáticas, e se não mudarmos o modo de vida consumista, e principalmente, se destruirmos mais florestas em lugar de plantar árvores, as secas e as enxurradas com ventanias se tornarão mais violentas.

Ivo Poletto, do Fórum MCJS

Publicações recentes