A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) comemoram os cinco primeiros meses de existência do Núcleo “Lux Mundi” (Luz do Mundo), inaugurado dia 8 de dezembro de 2020. O escritório, sediado em Brasília (DF), foi criado com o papel de auxiliar na organização dos trabalhos de instalação das comissões diocesanas de proteção de crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis nas estruturas pastorais da Igreja Católica do Brasil, dioceses e congregações religiosas, de acordo com o pedido do Papa Francisco na sua Carta Apostólica em forma de Motu Proprio “Vos Estis Lux Mundi” (Vós sois a luz do mundo).
À frente desta inciativa como presidente, a médica pediatra Eliane De Carli faz um balanço dos primeiros 150 dias de atuação do Núcleo “Lux Mundi” neste 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
A médica trabalha em um consultório de pediatria e, além da atuação na Comissão Especial de Proteção da Criança e do Adolescente da CNBB, participa também das seguintes comissões da Criança e do Adolescente da OAB-PR, do Conselho Consultivo de Vítimas do Projeto Piloto da “Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores” da Santa Sé e da Comissão para a Proteção Integral e a Garantia dos Direitos Fundamentais da Criança e do Adolescente (COPAC), do movimento dos Focolares.
Neste período, ela informa que o Núcleo manteve contato com mais de 90 arcebispos e bispos brasileiros, com congregações religiosas masculinas e femininas de todas as regiões do país. E constatou que: “Muitos já têm uma caminhada no sentido de organização de serviços/comissões, porém também são muitos os que estão se organizando e solicitam ajuda. Ficamos muito felizes por esta possibilidade de caminharmos juntos com os que precisam de nós. Ainda temos muito para fazer“, aponta.
Demandas da Igreja no Brasil
De acordo com a Doutora, os primeiros quatro meses de trabalho permitiram entender o que a Igreja no Brasil mais demanda, neste momento, ao Núcleo “Lux Mundi” como a atualização das Diretrizes e a oferta de cursos de capacitação continuada, em todos os níveis, para as pessoas que trabalham com crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis no âmbito eclesial. Apesar dos avanços, a pediatra acredita ser necessária uma mudança de paradigma e que é importante falar mais sobre o tema para desmitificá-lo e tirá-lo das sombras.
Segundo ela, a Igreja Católica precisa reforçar o contato com a sociedade civil, por meio das Redes de Proteção de Crianças e Adolescentes existentes tanto em âmbito local como nacional para uma colaboração recíproca na prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes e vulneráveis. Ela também elenca o tamanho do Brasil, as dificuldades geográficas no deslocamento em seu território, bem como as diferenças culturais que influenciam na mudança de postura como desafios no enfrentamento ao tema.
“Precisamos passar a ser atores das atitudes preventivas para que tenhamos uma Igreja segura para crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis. Deste modo também se procede à uma mudança de postura e à uma atuação de educação na prevenção”, defende.
Os 5 pilares do trabalho do Núcleo “Lux Mundi”
1) Colaborar com a instalação e constituição de Serviços Diocesanos de proteção de crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis, de modo que em 2 anos pelo menos 50% de todas as dioceses e congregações religiosas do país tenham seus Serviços de Proteção constituídos.
2) Ajudar na sistematização, por meio de diretrizes, das medidas de segurança e proteção de crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis na Igreja do Brasil.
3) Promover a formação e capacitação no que se refere à doutrina da proteção integral e na prevenção da violência contra crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis para que os espaços da Igreja sejam seguros, trazendo o conhecimento e novas atitudes para prevenir e evitar quaisquer formas de violência dentro da Igreja do Brasil.
4) Estabelecer parcerias eficazes através de termos de cooperação com instituições para a realização dos cursos.
5) Reforçar a relação com a Rede de Proteção da Criança e do Adolescente, nacional e localmente.
Para a realização deste trabalho, a médica informa que foram constituídos Grupos de Trabalho (GTs) com a participação de voluntários e pessoas com reconhecimento profissional, sendo: GT sobre Cursos, GT sobre Parcerias, GT sobre Diretrizes e GT sobre Comunicação.