Na última quarta-feira, 29 de outubro, teve início a programação da Assembleia Trienal Eletiva da Rede Um Grito Pela Vida. O encontro, que acontece até 1º de novembro no Centro de Treinamento de Líderes, em Salvador (BA), reúne mais de 60 participantes de diversas regiões do Brasil.
Antes da abertura oficial, a Assembleia começou com um momento de estudo e espiritualidade. A oração de abertura, inspirada nos 800 anos do Cântico das Criaturas e na Campanha da Fraternidade 2025 – “Fraternidade e Ecologia Integral”, preparou o ambiente para um tempo de escuta e partilha.
O tema do estudo foi “Territórios Violados, Vidas Aliciadas: Justiça Socioambiental como Defesa Contra o Tráfico de Pessoas”, com assessoria da professora Moema Miranda, leiga da Ordem Franciscana Secular, antropóloga com mestrado em Antropologia Social pela UFRJ e doutorado em Filosofia pela PUC-Rio.
Em sua exposição, Moema destacou a relação entre a crise socioambiental e o aumento do tráfico de pessoas. “O que hoje a Rede está propondo é uma vinculação entre o tráfico de pessoas e o que acontece no momento que nós estamos vivendo, em que passamos por um colapso socioambiental, por um sistema que mata.”
Ela recordou as palavras do Papa Francisco e alertou para o impacto do modelo econômico que destrói vidas e territórios. “O Papa, no encontro com os movimentos sociais que aconteceu essa semana, afirmou que a economia mata. Essa economia destrói o mundo da vida, viola os territórios e gera vulnerabilidade para os povos que já viviam em situações de fragilidade. É aí que o aumento do tráfico se vincula à degradação socioambiental.”
A antropóloga também destacou o compromisso cristão diante dessa realidade. “Lutar pela justiça socioambiental é lutar por um mundo em que caibam muitos mundos. É reconhecer a harmonia entre humanos e todas as criaturas, expressão do Deus que cria porque ama. Conectar-se ao grito da terra e ao grito das pessoas em situação de exploração é um compromisso no seguimento de Jesus de Nazaré.”
Durante o dia, os participantes foram convidados a “esperançar”, verbo que expressa a mística e a missão da Rede Um Grito Pela Vida: manter a esperança e o compromisso com a Casa Comum e com as vidas afetadas pelo tráfico de pessoas. “Tudo está interligado”, concluiu Moema. “E a Rede Um Grito Pela Vida nos ajuda a ver essas conexões e a manter a esperança em tempos difíceis.”
A programação seguiu com a celebração de abertura da Assembleia Trienal, na noite, marcando o início do processo de discernimento, eleição e projeção dos próximos passos da Rede.









