Religiosa foi uma das primeiras missionárias brasileiras em Moçambique. Faleceu no país onde se doou por 30 anos.
Por Magnus Regis| Uma das primeiras missionárias brasileiras em solo moçambicano, Irmã Amelia Marcon, 77 anos, faleceu na terça-feira, 1º de dezembro, em Nampula, Moçambique, onde estava há 30 anos. Religiosa da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, doou-se incansavelmente, na ação evangelizadora junto aos irmãos moçambicanos. Em testamento, pediu para ser sepultada junto ao povo “que lhe deu uma nova família”.
Amélia Marcon nasceu no dia 10 de julho de 1938 em Turvo/SC. Em 1954, ingressou na Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, em Gravataí/RS. Professou votos religiosos em 1962. Em 1983, depois de pedido da igreja de Moçambique à Igreja brasileira, por especial solicitação do então presidente da CNBB, Dom Ivo Lorscheider, a Congregação decidiu enviar as Irmãs Lady Ribeiro, Irma Toniolo, Lidia Maria Viera e Amelia Marcon para a missão evangelizadora, em Moçambique. As Irmãs chegaram ao país, em 1985.
Em solo africano, Irmã Amelia e suas companheiras atuaram na missão evangelizadora, especialmente em comunidades onde não haviam padres. Trabalharam na catequese, formação de lideranças, saúde alternativa, hospital, animação vocacional, educação formal e popular. As Irmãs também vivenciaram, junto com o povo, o sofrimento da guerra civil, encerrada somente em 1992.
Sobre sua morte, a religiosa pediu, em testamento: “No que diz respeito à minha vida após a morte, bem consciente, digo que podem deixar o meu corpo onde dediquei minha vida. Se estiver em Moçambique, deixar-me lá, junto ao povo, que me ensinou amar e se deixou amar, e que hoje constitui para mim uma família”.
Em comunicado, a Província Maria Mãe de Deus, responsável pela missão congregacional em Moçambique, destacou: “No final de sua história terrena, fica plantada para sempre no solo moçambicano, e de lá ressurgirá gloriosa e triunfante pela força da fé e da doação de sua bela e prendada vida. Misturam-se, em nós, tristeza e alegria. Tristeza pelo falecimento de Irmã Amelia. Ficaremos para sempre na saudade. Alegria, pela sua ressurreição! Ressurreição que vem de solo missionário e bem distante de nós. Com o povo moçambicano que viveu, trabalhou, sofreu e promoveu, ficará para sempre plantada, junto dele que tanto amou e se doou por ele.”
Irmã Marlise Hendges, Diretora Geral das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, enviou mensagem de condolências às comunidades ICM em Moçambique e destacou a vida doada da Irmã Amelia Marcon, uma vida de entrega e fidelidade até o fim: “O seu corpo sepultado em terras moçambicanas será semente que fará germinar mais vocações para o Reino de Deus.” e continuou: “Sigam em frente, queridas Irmãs, Noviças, Postulantes e Aspirantes, com coragem e alegria, porque mais uma intercessora alcançará graças em favor do querido e sofrido povo moçambicano e por toda a Congregação”, disse.
Após celebração de exéquias, o corpo da Irmã Amelia Marcon será sepultado na quinta-feira, dia 03 de dezembro, em Nampula.