Religiosas se despedem da Casa do Clero, em Brasília

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Por Rosinha Martins |29.06.2016| As Irmās da Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, após 23 anos de serviço aos sacerdotes, deixam a Casa do Clero, de Brasília, para assumirem novos ambientes de missão.

Na noite desta quarta, 29, uma missa presidida pelo arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, dom Sérgio da Rocha, marcou o encerramento dos trabalhos das Irmãs na casa.

“Agradecemos de todo coração, a todas as Irmãs que passaram por aqui ao longo destes anos, os esforços e os sacrificios, unindo a oração ao serviço. Fiz de tudo para que continuassem, mas respeitamos a decisão da congregação. Aqui na casa teremos a memória de vocês conservadas pelos padres que se beneficiaram dessa presença”, afirmou dom Sérgio.

Dom Sérgio manifestou gratidão, também, à comunidade de leigos presentes na Eucaristia, que acompanharam e ajudaram as Irmãs no trabalho missionário junto aos padres. Ressaltou a importância da Vida Consagrada em si, independentemente do serviço prestado, como presença, sinal e testemunho. E concluiu. ” Se algum dia julgarem necessário, se não nesta casa, ou em outro espaço em Brasília, iniciar uma outra obra, a arquidiocese está aberta para vocês”.

A Conselheira Geral, Irmã Edi Faria Ribeiro, 48, veio de São José dos Campos para representar o Governo Geral da Congregação e explicou as razões pelas quais estão deixando este trabalho. “Essa comunidade de sacerdotes é bastante exigente e requer de nós muito mais que o que podemos dar. São sacerdotes, na sua maioria idosos, com problemas psiquiátricos e neurológicos e não temos mais Irmãs com disponibilidade para continuar prestando este serviço”.

“A mão das Irmās é que faz multiplicar as coisas”

A expressão é do padre José Oliveira Cardoso, natural do Piauí, que há trinta anos vive em Brasília, e há seis anos, na Casa do Clero. “Elas são dedicadas ao trabalho com os sacerdotes. Queremos agradecê-las sempre pelo trabalho que elas realizaram por nós. As Irmã muito me ajudaram. Me recordo Irmã Āngela, a qual me levava ao médico, comprava meus medicamentos. Tive uma depressão e se estou bem hoje é graças a elas. Todos os dias rezo por elas na santa missa. Não sei o que será de nós sem essas Irmãs aqui”, desabafou.

Na Casa do Clero, as Irmās trabalham de domingo a domingo, dedicando todo o seu tempo no cuidado dos sacerdotes. Essa é uma das motivações que leva as Irmãs a deixarem a Casa. “Os serviços tem absorvido o tempo das Irmās, em detrimento da formação, do lazer, de outras atividades pastorais e missionarias que elas poderiam assumir”, relatou Irmā Edi.

Há apenas 5 meses, a Irmã Lúcia Bernardete de Maria, 82, chegou na Casa do Clero. Ela falou sobre a sua experiência. “Nossa Madre sempre dizia que a pequena missionária deve ser uma hóstia, e a hostia é sempre sacrificio. Esse tempo que passei aqui, foi muito valioso. Me sentia como mãe deles. Tinha que me levantar as 4h, porque alguns gostam de tomar café as 5h30”, explicou.

Na casa, onde residem 11padres, as religiosas atuam como recepcionistas, administradoras e no serviço doméstico, embora tivessem sempre a ajuda de outros funcionários. As Pequenas Missionárias garantem que continuarão a assistir os padres com suas orações porque isso também faz parte do legado deixado pela fundadora.

Envelhecimento humano e a vida sacerdotal

O envelhecimento dos sacerdotes diocesanos tem sido tema de reflexão para a Igreja. De acordo com dom Sérgio, a partir do momento em que a Igreja passou a dar prioridade ao tema da formação permanente dos padres, a questão do envelhecimento, da vida saudável e comunitária, tornou-se relevante. “Houve um acento na vida do padre como presbitério, ou seja, como parte de um presbitério. Sempre se concebeu o padre diocesano sem os outros numa determinada paróquia, mas temos insistido muito na convivência fraterna. Se ele e membro de um presbitério não tem sentido uma vida isolada”, afirmou.

A valorização da dimensão comunitária tem, segundo o arcebispo, ajudado os padres a conviverem mais, a estarem mais juntos. “O conviver, acrescenta dom Sérgio, é uma exigência da própria identidade e missão do padre diocesano”. Valorizar a vida em fraternidade tem ajudado a Igreja a dar passos no que diz respeito ao cuidado do sacerdote no período do envelhecimento.

As casas de acolhida para sacerdotes

Dom Sérgio explicou, ainda, que tem crescido o número de casas de acolhida para sacerdotes idosos, mas garante que essas são apenas possibilidades, uma opção. “Não é justo que um padre que viveu a vida inteira numa determinada comunidade paroquial, seja tirado, na velhice, desse espaço de convivência. Há um esforço muito grande das comunidades paroquiais em acolhê-los”.

As Pequenas Missionarias de Maria Imaculada deixam oficialmente a Casa do Clero nesta sexta-feira, 01 de julho.

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