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“Enfrentar o tráfico de pessoas é assumir a ‘causa de Deus’. (…) É ser uma carta de Cristo para o mundo (2cor 3,3), é ser movida/o pelo Espírito da liberdade, pois onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade.

Missão em Rede – fios que se unem em profecia articulada

Neste universo da sociedade em rede, a Igreja e a Vida Religiosa Consagrada, a fim de responderem em fidelidade criativa os apelos de Deus oriundos dos cenários das periferias e fronteiras “onde a vida clama” e pede profecia, são convocadas a entrelaçar os fios de seus carismas, tempo e recursos humanos, culturais e materiais, para ampliar os espaços de participação e articulação na missão que realizam, intensificando sua presença, participação e organização em redes.

“Devemos unir as forças para libertar as vítimas e para encerrar este crime sempre mais agressivo, que ameaça, além das pessoas singulares, os valores fundamentais da sociedade, e também a segurança e a justiça internacional, além da economia, do tecido familiar e o próprio viver social” (…) Todos nós somos chamados por Deus para sermos livres, todos somos chamados para sermos filhos e filhas, e cada um, cada uma de acordo com as suas responsabilidades, é chamado para combater as formas modernas de escravidão. Todas as pessoas, culturas e religiões, vamos juntar forças”. ( cf. Papa Francisco.

O tráfico de pessoas que denominamos como a “escravidão moderna” é uma das faces mais obscuras da globalização capitalista. Sequestra a dignidade de mais de 30 milhões de pessoas em todo o planeta. Seja para fins de exploração sexual e/ou laboral, para adoção irregular, remoção e venda de órgãos, mendicância, servidão doméstica, casamento servil, atividades ilícitas ou outras. O tráfico humano é uma das mais graves violações da vida e dos direitos humanos de nossa época. Um crime em rede. Uma rede criminosa tecida com os fios da vulnerabilidade, da pobreza, das desigualdades de classe, etnia, gênero e gerações, da dor e do sofrimento, dos sonhos e esperanças de pessoas concretas. São ‘Simones, Marias, Valerias, Joãos, Raimundos… Crianças, jovens ou adultos, mulheres e homens de perto e de longe, que tem os fios de sua existência violados e envolvidos na tessitura desta triste trama planejada pelos traficantes da liberdade.

“O tráfico de pessoas é semelhante a uma teia/rede, composta por uma infinidade de fios que se cruzam e se entrelaçam. Em cada um deles está uma pessoa, que tem uma história, um lugar de onde partiu e que agora vive marcada por uma trama muito maior do que tudo o que tenha sonhado ou desejado.
No tênue fio de um menino nascido no interior do Norte do Brasil há uma infância marcada por tantas dificuldades que é difícil dizer por qual razão o sonho de mudar a realidade foi crescendo, até se tornar um desejo de sair daquele lugar, de arriscar tudo por algo melhor. Uma de suas poucas alegrias era o futebol, onde o giro da bola, o drible e a magia do gol, faziam sorrir e pensar que viver valia a pena.

Noutro fio, tão tênue quanto o primeiro está uma jovem mulher, bonita e pobre ou, como algumas vezes gostam de dizer, “com poucos recursos”. À sua volta a realidade é de privação, senão da comida ou do conforto, mas ainda assim, ausência de um futuro em que ela se veja feliz. Ela teima em querer e buscar o que deveria ter por direito ou por muito desejar.

O fio de um homem adulto que vê a seu redor uma situação que lhe causa dor e sofrimento. Forte para trabalhar, mas sem emprego ou sem a possibilidade de viver dignamente com aquilo que lhe oferecem. O pouco estudo não o intimida e está disposto a arriscar o que for necessário para melhorar de vida.
Outro fio, tecido num corpo que foi sendo modificado e agora já é difícil afirmar se é ele ou ela, também habitam sonhos e desejos de uma vida melhor, ainda que isso signifique uma quantidade a mais de sacrifício pessoal e distanciamento de sua terra”.

Acesse: https://gritopelavida.blogspot.com.br/

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