CRB NACIONAL
CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL
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MENSAGEM NA 57ª ASSEMBLEIA DA CNBB
Aparecida, 01 a 10 de maio de 2019
Irmãos queridos, Pastores da nossa Igreja do Brasil
Mais uma vez, acolho com alegria e comunhão esta oportunidade de dirigir aos senhores breves palavras, em nome de todos os Consagrados e Consagradas do Brasil, que garantem a unidade, na grande e desafiante missão de evangelizar!
Em primeiro lugar, ação de graças por esta Assembleia, pelo empenho de cada um na preparação das Diretrizes para a evangelização na nossa nação, bem como a disponibilidade para o serviço na presidência e comissões.
Somos mais que conscientes do momento desafiante que vivemos e a Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil continua chamando a Vida Consagrada a estar atenta aos sinais e apelos prementes de Deus hoje. Continuamos empenhadas/os em nossa missão místico-profética. Juntas/os aos nossos Bispos, queremos prosseguir, pois é justamente na mística e profecia que indicamos caminhos, particularmente em tempos de crise e agora, me parece, a mais aguda dos tempos que tenho vivido. Somos chamadas/os a sermos pessoas de Deus. “Somos mestres da fé, porque somos sedentos de Deus”, disse Dom Tolentino no Retiro dessa Assembleia. Quando os poucos caminhos se fecham, o profeta levanta a esperança do povo, com setas, e abrem-se novas trilhas na missão de cristãs/aõs, bispos, sacerdotes, consagradas/os, diáconos, leigas/os. Nossa Igreja carece de mais profetas e profetizas.
Os dons hierárquicos e os dons carismáticos são coessenciais para a eclesiologia de comunhão e não é possível valorizar demais um e sobrepor o outro. A eclesiologia de comunhão cresce e se espalha quando há unidade na diversidade, onde há valorização e inclusão e não disseminação e dispersão.
Neste sentido louvamos ao Senhor pela retomada das Assembleias dos Organismos do Povo de Deus e salientamos que esperamos da nova Presidência da CNBB um avanço na elaboração do subsídio de orientação às novas formas de Vida Consagrada e Novas Comunidades formadas por leigos e leigas empenhadas/os na ação evangelizadora, e consagradas/os com os Votos de Pobreza, Castidade e Obediência e vida em comum. Agradecemos que nessa Assembleia foram retomados os trabalhos.
A contribuição das Consagradas e dos Consagrados através da presença e atuação, com os demais membros da Comunidade Eclesial, leigos, diáconos, sacerdotes e bispos, favorece o crescimento da unidade eclesial.
Acima de tudo, no seu ambiente e contexto eclesial a Vida Consagrada, nas suas várias formas e Carismas, é valorizada pela sua IDENTIDADE, como testemunho de uma forma particular. Esperamos que nossos Pastores não nos valorizem apenas pela funcionalidade.
Citando o Papa Francisco: “É necessário que a mulher não seja somente mais ouvida, mas que a sua voz tenha um peso real, uma autoridade reconhecida, tanto na sociedade como na Igreja”.
Ainda permanece a ideia de que primeiramente por ser mulher, e depois por ser religiosa, ela ainda, na sua maioria, é excluída. E hoje, sofremos muito pelos pronunciamentos do Presidente da República, quando desvaloriza a mulher de maneira tão cruel, incentivando claramente o turismo sexual e a prostituição quando há um grande empenho em erradicá-la principalmente entre os mais vulneráveis, jovens e crianças mais pobres.
Neste sentido, queremos reforçar nosso empenho, através da nossa “Rede um grito pela vida” e outras iniciativas, na prevenção e enfrentamento do tráfico humano e o abuso de crianças e adolescentes. Esta é uma situação que nos constrange e nos machuca muito! Aqui conclamo a Vida Consagrada a nos colocarmos de joelhos e colaborar na realização de ações concretas. Peço aos Senhores Bispos e Provinciais pois a quem deveríamos pedir? Vamos cuidar mais da formação dos futuros presbíteros, consagrados e diocesanos. Assusta-nos o crescimento de pessoas homossexuais em formação e já ordenados, bem como heterossexuais, de maneira ativa, causando grande dor ao povo de Deus.
Estamos profundamente solidárias/os com nosso povo. O país vive um momento dramático. Estamos vivendo sucessivas atitudes que restringem os direitos arduamente conquistados, um deles o desmonte da Previdência Social, contrários aos ditames de nossa Carta Maior de 1988. A proposta da Reforma da Previdência, PEC 06/2019 é iníqua pois é contra os interesses dos segurados e benéfica para empresas e sistema financeiro. Não somos contrários/as a reforma, desde que não deixe em prejuízo os idosos, as mulheres, os trabalhadores rurais, os deficientes e os aposentados por invalidez. Não podemos aceitar que as pessoas sejam transformadas em números, servindo aos interesses do “mercado”, isto é, de uma economia desumana.
O Papa Francisco nos diz que a Vida Consagrada é “um dos tesouros mais preciosos da Igreja”. Ele nos convida a ir com paixão, para onde for necessário, para todas as periferias, anunciar Jesus Cristo aos mais afastados, aos pequenos, aos pobres e deixar-nos evangelizar por eles.
É uma graça ter uma Comunidade Religiosa no bairro, na Paróquia ou Diocese, mesmo com os grandes desafios de hoje. Ainda que com membros envelhecidos, a Vida Consagrada mantém a chama da profecia, na oração e perpétua doação.
Convido os senhores e imploro, com todo carinho, a priorizar:
- A valorização dos diferentes Carismas na Igreja, principalmente por parte da maioria dos presbíteros. O exercício do poder de forma errônea por parte de muitos, os distancia dos Consagrados e Leigos;
- A abertura para a vivência dos Carismas no espaço eclesial ao mesmo tempo a contribuição das Consagradas no espaço de evangelização, seja na dinamização ou na formação nas diferentes pastorais, bem como nos Seminários;
- Os estudos, reflexões, cultivo da espiritualidade e fraterno convívio, feitos em conjunto, presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas;
- O cuidado mais aprimorado na formação, de forma mais orgânica, que prepare os presbíteros para valorizar os diferentes Carismas presentes em sua paróquia e diocese, dentre eles a Vida Consagrada, promovendo um trabalho em conjunto e dando oportunidades para conhecer e viver o Carisma da Vida Consagrada na Igreja e junto aos leigos;
- O empenho na superação do poder, do clericalismo, da exagerada rigidez das regras, da preocupação com as vestes. Isso cria tensão e dificuldades de permanecer no essencial, que é o anúncio do Evangelho. As situações rígidas, fechadas, criam também pessoas tristes, amargas com dificuldade de relações sadias e verdadeiras;
- A valorização e inclusão dos diferentes Carismas na Igreja local, de modo especial, as novas formas de vida consagrada e novas comunidades, no que diz respeito ao todo da dinamização da Ação Evangelizadora;
- Uma maior presença dos Presbíteros nos espaços onde a Vida Consagrada atua (educação, saúde e assistência social). Muitas vezes, restringem-se a administração dos sacramentos e a parte burocrática da Paróquia e alegam falta de tempo para marcar presença junto às crianças, aos jovens, especialmente às famílias, os mais pobres e vulneráveis. Isso acaba criando um distanciamento e perde força. O hierárquico parece ganhar força em detrimento ao carismático.
Por fim, agradecemos a acolhida e todo o esforço de uma caminhada realmente eclesial.
Agradecemos a participação e colaboração na Missão Intercongregacional assumida pela Igreja do Brasil, CNBB e CRB, no Haiti. Nesta Assembleia estamos entregando a REVISTA MEMÓRIA dos 10 anos desta fecunda missão. A CRB está articulando a continuidade junto a Vida Consagrada, através da Rede Missionária Intercongregacional.
Queremos destacar a presença carinhosa e participação dos Senhores Bispos nas atividades da CRB, seja em nível nacional, regional ou de núcleo.
Neste ano realizaremos a XXV Assembleia Geral Eletiva da CRB Nacional, nos dias 10 a 14 de julho, em Brasília, com o Tema: “CONSAGRADAS E CONSAGRADOS EM MISSÃO” e Lema: “Fazei tudo o que Ele vos disser”(Jo 2,5). Contamos com a oração de todos os senhores.
Com a Mãe Aparecida, almejamos fecunda missão à nova Presidência bem como
às Comissões e outros serviços da CNBB no próximo quadriênio.
Um grande abraço a cada um.
Aparecida, 08 de maio de 2019
Ir. Maria Inês V. Ribeiro, mad
Presidente da CRB Nacional