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Povos indígenas participam de encontro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam)

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Por Julio Caldeira| 17.11.2015| No primeiro dia do encontro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), que acontece de 16 a 18 de novembro, em Bogotá, capital da Colômbia, os povos indígenas partilharam suas esperanças sobre o futuro da região que se encontra ameaçada pelo atual modelo político e econômico de sociedade.

Os povos originários contaram suas experiências na construção de outro modelo de sociedade em harmonia com a natureza e propuseram alguns ensinamentos para o serviço de acompanhamento da Igreja junto eles.

Patricia Gualinga, líder da comunidade Kichwa de Sarayaku no Equador, apresentou o modelo alternativo de vida chamado Sumak Kawsay, o Bem-Viver segundo os povos indígenas: vivência em comunidade, onde todos se preocupam com todos, incluindo viver em harmonia com o meio-ambiente. Essa visão supera a proposta da falsa cultura do consumismo que só visa o lucro. A líder indígena falou a partir da identidade ancestral do povo Sarayaku, seu processo de resistência e o chamado a uma conversão da Igreja para uma ecologia integral.

O Sumak Kawsay é uma importante contribuição dos povos indígenas para a crise civilizacional atual. O “Bem Viver” foi incorporado nas constituições de países como o Equador e a Bolívia.

Diante da impossibilidade da boliviana Aides Ortiz, líder do povo Mujeño Trinitário, de ir à Colômbia por problemas de transporte, Juan Carlos Velázquez, da pastoral Social e Cáritas da Bolívia, falou sobre a proposta de outro modelo de desenvolvimento das Mulheres Indígenas. A experiência partiu da resistência no caso da abertura da rodovia sobre Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), a maior reserva indígena e florestal do país. Cedendo às pressões do movimento indígena, o presidente Evo Morales, desistiu de continuar com o projeto.

Armindo Goes Melo, coordenador de gestão territorial da Hutukara Associação Yanomami (HAY) do Brasil, apresentou a cosmovisão do seu povo e o modelo de harmonia com a natureza. Relatou ainda, o processo de construção de alternativas de futuro e a expectativa que tem com relação ao acompanhamento da Igreja.

A visão geral dos participantes foi que a partilha favorece um mútuo conhecimento e o diálogo entre os povos indígenas e a Igreja, no caminho de defesa da vida na Amazônia.

Isso é fundamental, para que tenhamos uma autêntica evangelização “com rosto amazônico”, como pediu o papa Francisco no encontro com os bispos no Brasil em 2013, e que volta a insistir na encíclica “Laudato si”. A ecologia vista desde a fé nos convida a não sermos mornos, nos pede valentia para dar resposta às mudanças climáticas e ter uma forma de vida mais consciente com o único Planeta que nos dá vida e que Deus nos entregou.

A Rede Eclesial Pan-Amazônica, fundada oficialmente em setembro de 2014, durante encontro realizado na sede das POM em Brasília (DF), luta em defesa de sua sabedoria ancestral, de seus territórios e pelo direito a uma “participação efetiva nas decisões” que dizem respeito a sua vida e seu futuro. Reconhece e valoriza sua espiritualidade na relação com a criação.

Além do Brasil, fazem parte da Pan-Amazônia a Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Suriname, Peru e Venezuela. (Fonte: POM)

Assista o video sobre a REPAM

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