Os desafios e conquistas das missões em Moçambique

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Moçambique continua sendo uma terra de missão. Centenas de missionários e missionárias do Brasil estão trabalhando em diversas dioceses, num constante desafio para uma aculturação e ao mesmo tempo de evangelização. Um deles é o padre Rodenei Sierpinski, paranaense de Antonina e missionário da Congregação dos scalabrinianos.

Rodenei, primeiramente trabalhou na Suíça, por 11 anos e desde 2007 é missionário da diocese de Nampula, no norte de Moçambique. Hoje está como titular na paróquia Nossa Senhora da Esperança de Momola, além de exercer outros cargos de liderança como Coordenador diocesano do Ecumenismo e Diálogo Interreligioso e atuar na Pastoral dos Imigrantes.

Padre Rodenei tem enfrentado inúmeras dificuldades e também gozado de alegrias pelo progresso material do povo e principalmente pelo trabalho evangélico. Diz o missionário que um dos desafios é a situação de pobreza. Ela acarreta consigo exploração, injustiças, depravação moral, corrupção, baixo nível de escolaridade, desempregos, falta de perspectivas de futuro para os jovens, submissão ao capital estrangeiro. Ressalta que um dos problemas que mais o aflige é o baixo nível escolar, onde se encontra ainda jovens de sétima classe com inúmeras dificuldades em ler e escrever, influenciando de forma negativa na formação da criança, jovem e adulto.

Outro desafio é o combate à exploração e tráfico humano. “Até hoje, observa-se casos de desaparecimento de crianças e adultos. Há também o descrédito nas Instituições, ONGs, igrejas de modo geral. As pessoas estão cansadas de receberem ajudas externas onde poucos aproveitam devido a desvios e má gestão dos bens. Estas doações levam muitas vezes a uma dependência do capital estrangeiro criando pessoas passivas, dependentes, assistidas, receptivas, sem iniciativas de empreendedorismo”.

Um dos problemas foi o convívio entre moçambicanos e refugiados, visto Moçambique tem um único Centro de Acolhimento de Refugiados em Maratane-Nampula, ao norte de Moçambique. São refugiados vindos de outros países como Congo, Ruanda, Burundi, Somália, Etiópia, Sudão, etc. Afirma o religioso que o conflito entre etnias e povos, levou a uma desagregação social, desconfiança mútua, rivalidades que levaram a preconceitos e marginalizações de ambas as partes. Junta-se a isto grupos mafiosos interessados tanto na exploração humana como em tirar proveitos das situações e condições dos refugiados (piratas do mar, subornos em transportes, etc).

Conquistas e vitórias

Mas também existem inúmeras conquistas e vitórias. Enumera o Padre Rodenei que as conquistas são vistas numa visão mais coletiva e comunitária. Destaca a riqueza de sua gente; a sua natureza, ambiente, clima; a sua cultura, tradições e costumes; o seu modo de viver a vida. “É um povo muito acolhedor, receptivo de novas ideias e propostas. Isto faz-nos logo de início a amar esta terra, este país, esta gente: como e bom estarmos aqui”!

Nos últimos anos constata-se um grande desenvolvimento em todas as áreas sociais: melhores condições de vida das populações (maior número de casas cobertas com chapas de zinco ao invés de capim apenas; casas de blocos de cimento ao invés de matope (barro), sendo mais resistentes as chuvas; grande número de veículos de transporte, principalmente bicicletas); melhorias nos estudos, com inúmeros formandos em graus acadêmicos, principalmente universitários; melhorias na oferta de emprego; alimentação melhorada e equilibrada das crianças; melhorias nas condições de trabalho, com um grande investimento em pequenos empreendimentos, utilizando material e produtos locais, apoiando em micro-créditos (lavouras, criação de galinhas, cabritos, etc).

No aspecto religioso, constata-se “uma grande sensibilização de que a Igreja somos todos nós. Os diferentes ministérios manifestam o protagonismo de cada um dos fiéis. As liturgias são muito bem vivenciadas; seus cânticos entoados num estilo polifônico seguido de instrumentos locais como batuques, chocalhos, etc.; a maneira de acolher e aclamar a Palavra de Deus com cânticos e danças”. Revela de modo particular o trabalho com a Infância e Adolescência Missionária (IAM). “Concretamente em nossa paróquia de São Francisco Xavier, a IAM tem sido muito ativa e participativa nas liturgias e encontros tanto na comunidade como na diocese”- concluiu.

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