Nota da CRB Nacional – Solidariedade à comunidade Kaiowá e Guarani do tekoha Guapo’y e aos familiares de Vitor Fernandes

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Nota de solidariedade da CRB

à comunidade Kaiowá e Guarani do tekoha Guapo’y e aos familiares de Vitor Fernandes

“A vida em abundância anunciada por nosso Mestre e Senhor inclui

a reconciliação com a criação e a promoção da vida dosmais vulneráveis”.

CRB – Plano de Ação 2019 a 2022

O Plano de Ação 2019 a 2022 da Conferência dos Religiosos do Brasil  (CRB), conclama a Vida Religiosa no Brasil a “optar em favor dos mais pobres” e a se empenhar contra “a injustiça ambiental”, pois “temos testemunhado dia após dia uma maior degradação de nossa Casa Comum por parte de um sistema ímpio que valoriza mais o lucro que a vida como um todo, golpeando, sobretudo os mais pobres, as primeiras vítimas ambientais”. Motivados/as por este
compromisso partilhamos esta nota de solidariedade e repudio com todas as pessoas comprometidas com a vida, a justiça e a paz.

A CRB vem, por meio desta, manifestar sua solidariedade à comunidade Kaiowá e Guarani do Tekoha Guapo’y e aos familiares de Vitor Fernandes. Expressamos nosso repudio pela ação violenta e ilegal de despejo praticada por um grande contingente de policiais da tropa de choque da PM de Amambai (MS) no dia 24 de junho de 2022, resultando no assassinato de Vitor Fernandes, indígena Guarani Kaiowá, de 42 anos, e outros nove feridos por armas de fogo
e projéteis de borracha.

A ação de despejo não se justifica pois não havia mandado judicial. Ressalte-se ainda que as disputas possessórias envolvendo povos indígenas são tema de competência federal, e não estadual.

Soma-se a este episódio, o covarde assassinato do Guarani Kaiowá Alex Lopes, de 17 nos, no final de maio, em uma área que, segundo os Kaiowá e Guarani, pertencia à Reserva Indígena de Taquaperi, em Coronel Sapucaia (MS), área apropriada por fazendeiros.

Manifestamos nosso apoio aos povos indígenas, que conscientes dos seus direitos, têm lutado para efetivar um processo permanente de diálogo com os poderes da República, em particular o Executivo e o Legislativo, o que tem sido negado, esvaziando, assim, as garantias da constituinte de 1988.

Unimo-nos aos povos indígenas, que em todo o Brasil têm se mobilizado e denunciam todo esse processo de violência. Infelizmente tais ações, muitas vezes contam com a omissão ou conivência do Estado brasileiro.

É urgente que o STF retome o julgamento do Recurso Extraordinário de repercussão geral, em que se discute a tese inconstitucional do marco temporal, defendida pelos invasores e patrocinadores da violência contra os povos originários e suas lutas.

Repudiamos as tentativas de criminalização das vítimas deste ataque e conclamamos as autoridades e o Ministério Público Federal a tomar ações urgentes e efetivas para salvaguardar a vida das comunidades indígenas e a proteção das florestas. Apoiamos a sugestão do CIMI de que “a Polícia Federal assuma as investigações sobre o caso, com a atuação de um corpo de delegados e peritos federais de fora do estado, para garantir maior isenção”.

Os clamores de justiça por Alex, Bruno Pereira e Dom Philips, somam-se agora por Vitor Fernandes, bem como por dezenas de lideranças indígenas assassinadas em todo o território.

Que o Senhor da Vida nos fortaleça em nossa luta diária “para que todos tenham vida e vida em plenitude!” ( cf Jo 10, 10).

Brasília, 28 de junho de 202

IR. MARIA INÊS VIEIRA RIBEIRO, mad
Presidente da CRB Nacional

IR. OLAVO JOSÉ DALVIT, fsc
Vice-Presidente da CRB Nacional

PE. NIVALDO LUIZ PESSINATTI, sdb
Diretor Tesoureiro da CRB Nacional

IR. MARIA JOSÉ BARBOSA DOS SANTOS, bdp
Diretora Secretária da CRB Nacional

IR. ANA TERESA PINTO, fma
Diretora Conselheira da CRB Nacional

IR. ELIENE OLIVEIRA BARROS, rbp
Diretora Conselheira da CRB Nacional

PE. ANTONIO RAMOS MOURA NETO, osj
Diretor Conselheiro da CRB Nacional

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