Diante do atual quadro de genocídio em que vivem os povos indígenas no Brasil, Igreja, organizações, redes e movimentos iniciam, nesta quarta-feira, 07 de outubro, a Missão Ecumênica em Apoio aos Guarani-Kaiowá no Estado do Mato Grosso do Sul (MS). A missão não só pretende apoiar, como denunciar e fortalecer a luta em defesa dos povos indígenas. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), nos últimos 12 anos, 585 indígenas se suicidaram e 390 foram assassinados no país.
A Missão se inicia neste dia 07 com um ato ecumênico na Assembleia Legislativa do MS, em Campo Grande, com a presença dos povos indígenas e representes de movimentos sociais. Na quinta-feira, 08, os participantes da Missão visitarão as comunidades Apykai e Guyra Kamby’i, na cidade de Dourados.
Sônia Gomes Mota, diretora da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), explica a importância da iniciativa, afirmando que os setores da Igreja não poderiam ficar alheios aos fatos que estão acontecendo com os povos indígenas e precisavam demonstrar um apoio mais forte à questão. Assim, surgiu a ideia de realizar a Missão.
“Há muitos anos, acompanhamos as lutas indígenas. Mas temos observado que o acirramento dos conflitos no Mato Grosso do Sul, nos últimos anos, tem tomado proporções gigantescas. É preciso que as Igrejas se engajem nessas lutas, precisam estar nessas lutas por direitos, dentro da prática profética e da solidariedade com os povos indígenas”, ressalta Sônia.
A Rede Jubileu Sul Brasil também participa da Missão. Sua trajetória de 15 anos tem sempre se somado às lutas dos povos indígenas, denunciando também todo o modelo de financeirização da natureza, que tem profunda repercussão nas comunidades mais vulneráveis e que precisam sempre estar em luta para defenderem o que lhes pertence por direito. Para a organização, o agronegócio, sem dúvida, tem gerado um cenário criminoso em todos os aspectos, incentivando o genocídio de vários povos indígenas em todo o Brasil.
Por isso a Rede acredita que a Missão é de extrema importância para visibilizar o que está ocorrendo no Mato Grosso do Sul, especialmente com o povo Guarani e Kaiowá. As várias denúncias sobre assassinatos, perseguições, pessoas baleadas, espancadas e torturadas, na maioria das vezes, por pistoleiros a mando de latifundiários, não deixa dúvida que é necessário tomar uma medida enérgica.
“Não podemos aceitar o massacre promovido pelos latifundiários e pelo agronegócio em terras indígenas no Mato Grosso do Sul e em outras regiões do Brasil. Não podemos admitir que o sangue desses povos seja derramado para sustentar um sistema totalmente capitalista e desumano. Nós, da Rede Jubileu Sul Brasil, estamos juntos contra essa violência. Nossa luta é histórica. É a mesma luta dos povos Guarani e Kaiowá. Somamo-nos em solidariedade, em denúncia, para dizer que o que vale não é o interesse do capital. Vamos lá para dizer não ao genocídio dos povos indígenas. Ao mesmo tempo, colocar nossa pauta, a dívida, as dívidas históricas do Estado, desse modelo que valoriza o dinheiro, o lucro”, afirma Francisco Vladimir, representante da Rede na Missão.
A Missão tem à frente, como realizadores, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), a Cese e o Centro de Estudos Bíblicos (Cebi). Conta com o apoio da Heks e Fastenopfer.
Programação
07 de outubro
15h – Ato Ecumênico na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, em apoio aos povos indígenas
18h30 – intervalo
19h30 – Deslocamento para Dourados
08 de outubro
7h30 – Momento de espiritualidade
8h30 – Visita às comunidades Apykai e Guyara Kamby’i
Almoço com as famílias indígenas
Tarde – Retorno
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