“Irmã Dulce dos Pobres será canonizada em Outubro!” Quem não se encheu de indizível alegria e contentamento ao escutar as notícias que anunciavam a canonização desta grande mulher, religiosa e franciscana, Irmã Dulce? Quanto orgulho para nós brasileiros, para o povo baiano, para a Igreja no Brasil e para toda a Família Franciscana em termos nossa primeira Santa nascida em nosso solo.
Num ano de tantas desventuras políticas, de tantas opções que ferem a vida dos mais pobres e pequenos, receber a notícia que proclama Irmã Dulce como santa da Igreja, é um sinal profético de que Deus não se esquece dos pobres (Sl 9,13), continua ao lado dos mais pobres, dos injustiçados, dos esquecidos e abandonados de nossa humanidade e não se cansa de escutar a sua voz. Impossível recordar as virtudes desta santa franciscana sem nos lembrarmos dos sofrimentos da terra e dos pobres, sem lembrarmos que pessoas estão sem casa, que pessoas estão passando fome, que pessoas estão enfermas e sem quem cuide delas com amor incansável, como Irmã Dulce o fez em seu tempo.
Na mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres deste ano, à luz do Salmo 9, Salmo que constitui as estrofes do canto de comunhão desta missa, o Papa Francisco chamava a atenção para a encarnada relação da Igreja com o Corpo do Senhor e os pobres: “Ao aproximar-se dos pobres, a Igreja descobre que é um povo, espalhado entre muitas nações, que tem a vocação de fazer com que ninguém se sinta estrangeiro nem excluído, porque a todos envolve num caminho comum de salvação.
A condição dos pobres obriga a não se afastar do Corpo do Senhor que sofre neles. Antes, pelo contrário, somos chamados a tocar a sua carne para nos comprometermos em primeira pessoa num serviço que é autentica evangelização. A promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica. O amor que dá a vida à fé em Jesus não permite que os seus discípulos se fechem num individualismo asfixiador, oculto nas pregas duma espiritualidade espiritual, sem qualquer influxo na vida social (Papa Francisco, 13 de junho de 2019).
Neste sentido, celebrar o mistério de Cristo na vida desta nossa Santa é trazer à memória os apelos de Medellín, a opção preferencial pelos pobres; é trazer presente os “vários rostos de Cristo que doem em nós”, como nos lembra a Conferência de Aparecida, e que tantas e tantas vezes Irmã Dulce cuidou, acolheu, visitou, alimentou e sarou em cada irmão e irmã postos à sua presença.
Para nos ajudar a celebrar essa festa que não é apenas dos baianos, mas de todo povo brasileiro, eis diante de nós este belíssimo trabalho: Missa Santa Dulce, Mãe dos Pobres, cantos para a liturgia de sua memória. Essa missa foi composta em parceria com o grande amigo Pe. Wallison Rodrigues, da Diocese de São Luís dos Montes Belos – GO, que revestiu esta missa com inspiradas melodias.
Agradeço também à Família Franciscana de Salvador, em especial aos meus confrades do Convento do Pelourinho que, em 2018, quando lá assessorei um encontro de Liturgia e Cantos Franciscanos, me levaram para conhecer as obras e todo o complexo Irmã Dulce, lugares que ficaram eternizados em minha memória. Com alegria e na força do Espírito Santo, cantemos e celebremos o mistério de Cristo, unidos a todos os pobres e sofredores de nosso tempo, louvando a Deus que, através de Santa Dulce, realizou maravilhas em favor dos pequenos e necessitados de nossa nação. E viva Santa Dulce!! Viva a protetora dos Pobres!
Abraço fraterno e musical! Frei Zilmar Augusto, OFM, Pe. Wallison Rodrigues!
Garça, na memória da Beata Dulce Lopes Pontes, 13 de Agosto de 2019.
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