Frade Dominicano fala sobre a tia que será beatificada na Catedral da Sé, em outubro

“Toda a nossa família está emocionada com a Beatificação de Madre Assunta”, diz frei Márcio

 Entrevista com Frei Márcio

    Sobrinho bisneto de Madre Assunta Marchetti

Por Rosinha Martins| 30.09.14| A imigração em massa de italianos para as Américas em meados do século XIX, não trouxe somente Assunta Marchetti, as amigas, a mãe e o irmão José para o Brasil, mas como é comum em todo fenômeno migratório, os parentes tendem a deixar a pátria e se unirem àqueles que partiram antes. A história da família Marchetti teve continuidade no Brasil devido à imigração de algumas irmãs de Assunta que imigraram e aqui constituíram família.

Assunta teve 10 Irmãos, entre eles, por ordem cronológica: Agostinho (1868), Giuseppe (1869), Assunta (1871), Angela (1874), Teresa (1875), Pio (1877), Vincenzo (1879), Elvira (1880), Filomena (1884), Filomena(1886) e Maria Luisa (1891). Destes, Teresa e Maria Luísa vieram para São Paulo e não mais retornaram à Itália.

Frei Márcio Alexandre Couto, religioso dominicano, nasceu e vive em São Paulo. É sobrinho bisneto de Madre Assunta, bisneto de Teresa, e conta um pouco da história da família e o que tem significado para eles a Beatificação de Madre Assunta Marchetti.

O que significa para o senhor a Beatificação de Madre Assunta?

Frei Márcio: Para mim significa o reconhecimento de uma vida de dedicação aos pobres e abandonados. Nesse sentido toda a família participou dessa vocação: sua mãe Carolina, seu irmão Padre Marchetti, e também minha bisavó, que embora não fosse religiosa professa, viveu como tal, na dedicação dos órfãos do Orfanato Cristóvão Colombo no Ipiranga.

O que mais chamou atenção na vida de Madre Assunta?

Frei Márcio: Ela se dedicou de corpo e alma ao trabalho com os pobres órfãos. Além disso, também me chama a atenção a sua firmeza e determinação diante das opções da congregação. Ela conhecia bem a Congregação e ficou firme quando outro grupo de religiosas se mesclaram por um tempo com as missionárias de São Carlos. Ela suplicou a Dom Scalabrini, junto com outras irmãs, para que se preservasse a intenção original da congregação. Nessa atitude nada há de ingenuidade, mas sim de firmeza e responsabilidade sobre a sua opção e profissão religiosa.

Como o senhor se sente, como sobrinho de uma santa (beata)?

Frei Márcio: Sinto que há uma grande responsabilidade de também testemunhar a santidade pela qual ela foi elevada aos altares.

O que o senhor espera deste grande evento?

Frei Márcio: Espero que a partir dessa Beatificação as virtudes vividas pela Madre Assunta possam estimular as pessoas a se consagrarem com generosidade ao serviço do próximo, sobretudo, dos pobres e desamparados de hoje.

Como se chama sua mãe? Tem outros irmãos?
Frei Márcio: Minha mãe se chama Maria Teresa Marsicano Couto, e está com 88 anos, tendo conhecido a Madre Assunta, quando ficou interna no Orfanato da Vila Prudente. Tenho só uma irmã: Teresa Sueli Couto Vieira da Silva.

Por que a sua bisavó, Irmã de Madre Assunta veio para o Brasil?

Frei Márcio: Minha bisavó, Teresina Marchetti Angeli, depois de ficar viúva, veio para o Brasil com seus quatro filhos (um homem e três mulheres). O filho homem voltou de- pois para a Itália, as três mulheres ficaram no Brasil e se casaram. Minha bisavó viveu no Orfanato Cristóvão Colombo do Ipiranga, até falecer em 1946. No Orfanato cuidava dos órfãos e dos padres.

O que a sua vó contava sobre a Madre Assunta?

Frei Márcio: Que Madre Assunta era muito dedicada à obra para a qual havia consagrado sua vida. Era uma pessoa calma, tranquila, e transmitia isso às pessoas que conhecia.

Há alguma memória da sua família, ou na vida de Madre Assunta que o senhor gostaria de ressaltar?

Frei Márcio: O fato que perpassa as vidas do Padre Marchetti, da Madre Assunta e de Teresina Marchetti Angeli (minha bisavó) é sempre o mesmo: o serviço gratuito ao próximo, sinal evidente da presença do Reino de Deus entre nós.

O senhor saberia dizer quantos parentes vocês têm aqui em São Paulo ou no Brasil? E na Itália?

Frei Márcio: Os parentes são muitos: por parte das irmãs de Madre Assunta temos toda a família da tia Marieta, toda a família da tia Filomena, a família da tia Elvira (na Argentina), a família da tia Angela (na Itália). Aqui em São Paulo são muitos os parentes, mas não saberia o número exato deles. Tia Marieta teve 7 filhos, 16 netos, 16 bisnetos e 11 tataranetos. Tia Filomena teve 4 filhos, 7 netos, 14 bisnetos. Tia Elvira teve 5 filhos, 4 netos. Minha bisavó (Tere- sina) teve 4 filhos, 10 netos.

Como a família recebeu a notícia da Beatificação de Madre Assunta?

Frei Márcio: Toda a nossa família ficou muito emocionada com a notícia da Beatificação da Madre Assunta. Algo que parecia remoto se torna realidade. Todos estão rezando e esperando o dia da Beatificação para celebrarmos juntos esse grande dia de ação de graças.

Como sobrinho bisneto de Madre Assunta, que mensagem o senhor deixa?

Frei Márcio: Deixo como mensagem a esperança de que a gratuidade, pregada e vivida por Jesus Cristo, é possível de ser vivida por nós humanos e que todos podem, com a graça de Deus, também praticarem essa virtude fundamental para a nossa época.

Fonte: Rosinha Martins – jornalista, missionária scalabriniana, assessora executiva da CRB Nacional para a Comunicação

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