Em entrevista à CRB Nacional, Dom Jaime Spengler, membro da equipe de organização do Encontro da Vida Religiosa Monástica e Contemplativa, falou sobra a importância desse evento. Dom Jaime é membro da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e dentro da Comissão foi nomeado o bispo referencial para a Vida Religiosa Consagrada.
Fazem parte da organização deste encontro, a CRB Nacional(Irmã Márian presidente, os assessores executivos para a Formação Permanente, padre Mário Cesar e Irmã Vilma Vitoreti, pela CNBB, os bispos, dom Jaime Spengler, dom Pedro Brito, presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, e padre Deusmar de Jesus, também membro desta Comissão; os Religiosos e Religiosas de Vida Monástica e Contemplativa, o abade cisterciense, dom Luiz Alberto, a abadessa beneditina, Irmã Vera Lúcia e a Carmelita, Irmã Elizabeth da Trindade.
1. O que significa para a Igreja a realização de um encontro sobre a Vida Religiosa Monástica e Contemplativa?
Trata-se de uma oportunidade privilegiada para as diversas expressões de vida religiosa monástica e contemplativa se conhecerem. O Brasil possui um número significativo de comunidades monásticas e contemplativas. No entanto, essas comunidades pouco se conhecem, e pouco são conhecidas. Por isso, esse encontro quer ser um espaço para um mútuo conhecimento, mas quer ser também um encontro de cunho celebrativo. Sim, celebrativo, pois quer ser uma oportunidade para estudar, debater, discutir, rezar juntos algo que é característico à consagração. Estamos habituados a celebrar tantas coisas: eventos, datas importantes, fatos marcantes. As celebrações dizem do desejo, da necessidade de se fazer memória. Fazer memória entendido como trazer à fala de uma vida, ou o historicizar-se da comunidade. As distintas expressões de vida monástica e contemplativa se reúnem, no próximo mês de junho, aos pés de Nossa Senhora Aparecida para fazer memória de um itinerário realizado, mas também para sondar indicações para um possível impulso, talvez mais vigoroso, da própria vida monástica e contemplativa entre nós.
2. Porque realizar um evento desses neste momento da história? Quais as perspectivas?
Um pouco por toda parte se sente a necessidade de fomentar o diálogo, favorecer encontro. É através de oportunidades de autêntico diálogo, de verdadeiro encontro que se pode captar melhor aquilo que habitualmente se denomina ‘sinais dos tempos’. Vivemos uma mudança de época; este fato traz implicâncias certamente também para as expressões de vida monástica e contemplativa. De fato, existe um dado que chama a atenção: nos últimos tempos se tem percebido um crescimento de candidatos e candidatas para a vida monástica e contemplativa. Existem aqui elementos que precisam ser mais bem analisados e compreendidos. Porque deste crescimento de interesse para tais formas de vida consagrada? Que tipos de pessoas estão procurando essa forma de vida? Qual o verdadeiro interesse de quem busca essa forma de vida? Que respostas as comunidades de vida monástica e contemplativa têm condições de oferecer a quem lhes procura? Como são vistas pela sociedade estas formas de vida? Onde elas se encontram? Como vivem esses irmãos e irmãs na fé? O que é propriamente a vida religiosa monástica e contemplativa? Quais são suas expressões? Como vivem e sobrevivem? Como se encontram situadas tais comunidades no seio das Igrejas Particulares? Enfim, são tantas as questões que poderiam ainda ser feitas! Isto indica o desejo de conhecer melhor, promover o conhecimento da mesma e, ao mesmo tempo, fomentar maior conhecimento e comunhão.
3. Como bispo referencial para a VR, que mensagem o senhor deixa para a Vida Religiosa Monástica e Contemplativa?
A vida monástica e contemplativa está profundamente enraizada na história desta terra de Santa Cruz. Quanto bem fizeram e fazem estes nossos irmãos e irmãos nos claustros! Estão constantemente nos recordando, através, sobretudo do testemunho, que “nossa pátria é o céu”. Estão também sempre e de novo apontando para a importância do ouvir. Num mundo, marcado pela ciência e pela técnica, onde a dimensão do ouvir está sendo olvidada, a vida monástica e contemplativa está nos recordando a todos, a dignidade e a importância do ouvir. O ser humano não pode esquecer jamais que, segundo o projeto de Deus, ele é cidadão do céu! Tarefa de todo homem e mulher de boa vontade é aproximar a terra do céu, afinal nossa pátria é o céu! Oxalá, possa esse encontro ser um tempo favorável, não só para a vida monástica e contemplativa, mas também para toda a vida consagrada, e porque não dizer para toda a nossa Igreja?! Afinal, quanto melhor nos conhecemos, melhor compreendemos o que nos une, como também o que nos caracteriza e distingue.