MENSAGEM AO POVO DE DEUS: “Serás libertado pelo direito e pela justiça”

Compartilhe nas redes sociais

Facebook
WhatsApp
X
Telegram

III Encontro Nacional da Aliança CBJP/CNBB e JPIC/CRB Nacional de Justiça, Paz e Integridade da Criação
XVII Encontro Nacional das Comissões Justiça e Paz e Afins
“Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27)

Nos dias de 22 a 24 de fevereiro de 2019, mais de oitenta representantes da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), de Comissões Justiça e Paz Regionais e Diocesanas (CJP), de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da Conferência de Religiosos e Religiosas do Brasil (CRB) realizaram em Brasília, na Casa de Retiros Assunção, o III Encontro Nacional da Aliança CBJP/CNBB e JPIC/CRB Nacional e o XVII Encontro Nacional das CJP e Afins. Os participantes vieram de 22 estados garantindo a presença de todas as regiões do País. Com esta carta, saúdam todos e todas que, em nome do Evangelho, dedicam suas vidas à defesa da Justiça e à promoção da Paz.
O cenário nacional e internacional inspirou constante preocupação. A ameaça de conflito internacional envolvendo especialmente a Venezuela, um possível envolvimento brasileiro neste conflito armado na região, o modelo predador de desenvolvimento nacional, agressões e ameaças a defensores e a defensoras de direitos humanos e a destruição de direitos sociais (conquistados e incluídos na Constituição Federal de 1988), constituíram elementos imprescindíveis para compreender o que está em jogo atualmente e mereceu a atenção das comissões reunidas. Foram relacionados ainda a Medida Provisória 870/2019 (que redefine as atribuições dos órgãos do Poder Executivo), o Projeto Anticrime e a proposta de Reforma da Previdência, apresentada pelo governo federal, como aspectos recentes que marcam a conjuntura nacional brasileira e que confirmam um quadro de incertezas nos próximos anos para o país.
As comissões reunidas assumem a perspectiva das populações empobrecidas, por quem o Papa Francisco nutre cuidado e dedicação especiais e, porque foi em sua defesa, que ele convocou o Sínodo para a Amazônia. São essas populações, formadas pelos Povos Indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco e outros povos originários e comunidades tradicionais, as principais vítimas da Emenda Constitucional nº 95/2016 (que congelou ao reajuste apenas pela inflação, por 20 anos, os recursos destinados à saúde, educação e outras políticas sociais); da Terceirização e Reforma Trabalhista; da entrega dos territórios preservados às mineradoras; da expansão das monoculturas e da perda da biodiversidade. Essas reformas aprovadas e as propostas apresentadas atingem principalmente as mulheres, as pessoas idosas, os jovens e as crianças. Defender o ecossistema inclui levar em consideração estas populações tradicionais que, milenar ou secularmente, povoam de forma harmônica os diferentes biomas brasileiros.
Do mesmo modo, manifestam sua preocupação com o modelo de política criminal adotada pelo atual governo, sobretudo no que se refere ao incentivo ao armamento da população e ao estímulo à violência policial que poderá vitimizar, principalmente, a juventude pobre e negra que habita as periferias. Tais medidas não levam em conta a complexidade do fenômeno, desresponsabilizam o Estado pela segurança pública da população, e nem se constituem em meios efetivos para superação das violências, como propôs a Campanha da Fraternidade de 2018, com o lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).
Assumir consciência e postura críticas diante dos desafios da realidade é a política que deve inspirar os cristãos em todos os tempos. É a atitude que nos foi ensinada pelo divino Mestre Jesus, o Cristo, e seus discípulos e discípulas de primeira hora. Os Ensinamentos Sociais da Igreja e do Papa Francisco vêm fortalecer as orientações concretas que devem inspirar a atuação em nossa atual conjuntura.
Diversas linhas de ação foram apontadas nos debates. Destacam-se a atuação direta na Campanha da Fraternidade (que tematiza, este ano, as Políticas Públicas que favoreçam a dignidade e os direitos fundamentais); a disseminação e o fortalecimento das Escolas de Fé e Política; a promoção da comunicação e a educação de base; a criação de Comissões de Justiça e Paz em maior número de dioceses.
Assim, as comissões reunidas, movidas pela fé e esperança, renovam seu compromisso com a defesa da vida, da liberdade, dos direitos humanos e sociais, da ecologia integral como caminho para a construção de uma sociedade democrática, fraterna e solidária. E convida à mobilização todos os cristãos a participarem dessa luta para que a paz e a justiça prevaleçam no Brasil.

Brasília, 24 de fevereiro de 2019.

Carlos Alves Moura
Secretário Executivo da CBJP
Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, mad.
Presidente da CRB Nacional

Publicações recentes

Terceira semana do CERNE de 2025

Na terceira semana de formação e ressignificação, o CERNE nos proporcionou vivências significativas para a nossa Vida Religiosa Consagrada: momentos orantes que nos ajudaram a