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Partilha sobre o Sínodo da Amazônia

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Na verdade, não sei explicar como se deu o processo de escolha. Fui convidada a participar. Participar do Sínodo da Amazônia, para mim é uma alegria e também uma responsabilidade muito grande com a igreja da Amazônia, com os povos originários e amazônicos. 

O tempo sinodal, iniciado em outubro de 2017, pelo Papa Francisco é fruto dos inúmeros clamores da igreja na Amazônia, em toda a sua parte continental. No Brasil, desde 1954 que os Bispos da Amazônia discutem e refletem assuntos pertinentes a presença da igreja e os desafios vividos na Amazônia.  Foi o Documento de Santarém, elaborado pelos bispos em 1972 que, a partir das palavras do Papa Paulo VI, trouxe à tona a necessidade de “uma Igreja com rosto amazônico”. Este tempo de sinodalidade é consequência de toda a ação evangelizadora na Amazônia e da sensibilidade pastoral do Papa Francisco.

Este Sínodo da Amazônia, nos ajuda a repensar a nossa ação evangelizadora na Amazônia e caminhar na esperança de construir uma igreja em saída as periferias, aos mais pobres e aos últimos, mas com uma presença que permanece junto ao povo, para isso, é necessário que sejamos uma igreja em permanente processo de conversão e que aprende com os povos originários e amazônicos, o cuidado com a casa comum e com as pessoas.

O chamado para trabalhar o tema do Sínodo: “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”, exige de nós uma responsabilidade em construir novos caminhos de evangelização, desde a perspectiva que os povos originários e amazônicos são os interlocutores desde processo evangelizador.

A Amazônia, os povos originários e amazônicos, são colocados no centro da igreja e são visibilizadas as realidades presentes no nosso território, como a exploração e devastação ambiental por madeireiros, garimpeiros, grilagem de terra e outros, o etnocídio e o genocídio dos povos indígenas, a crescente migração e o aumento dos cinturões de pobreza nas periferias das cidades. Podemos mostrar também, a riqueza dos povos originários e amazônicos, com suas culturas, espiritualidades e religiosidades. “Tudo está interligado”, se não cuidamos da casa comum, não teremos possibilidade de vida.

Vou participar do Sínodo da Amazônia, levando uma grande preocupação, que é a situação atual que vivemos hoje na Amazônia, que na verdade é reflexo, do que acontece em todo o mundo, a intensa e desastrosa forma de desenvolvimento, que tira a vida, os direitos e os territórios dos povos originários.

Uma indígena em Puerto Maldonado foi categórica na sua fala quando apresentou ao Papa Francisco, sua grande preocupação com o futuro, “não podemos viver, sem nossas terras”. Esta é a grande ameaça que pesa para os povos originários na Amazônia, a invasão dos territórios, a crescente criminalização das lideranças e a desconstituição da Constituição Federal de 1988, pelo atual governo.

Novos caminhos de evangelização na Amazônia, passa pelo caminho da conversão a uma ecologia integral e pela defesa incondicional da casa comum e dos povos originários e amazônicos.

 

Laura Vicuña Pereira Manso

Catequista Franciscana

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