Palavras que encantam

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Dom Rodolfo Luís Weber

No começo do ano, na liturgia católica, são lidos os textos do Evangelho que relatam os primeiros ensinamentos de Jesus. Simultaneamente os evangelistas registram as reações dos ouvintes: sua fama se espalhou pela redondeza; todos o elogiavam; todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele; davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca (cf. Lucas 1, 1-22).

Quantas vezes, nos mais diferentes ambientes, temos a oportunidade de ouvir alguém falar e a nossa reação depende quase que exclusivamente de quem está falando. Há momentos que fixamos a atenção naquele que fala e naquilo que diz, e em outras oportunidades, mesmo se esforçando para prestar atenção, isto não acontece. Talvez não agrade o conteúdo, nem a maneira como acontece a comunicação, nem a pessoa que fala. O Evangelho registra que os ouvintes tinham os olhos fixos em Cristo, mesmo aqueles que não concordavam com Ele. Por que isso?

Os ouvintes ficavam admirados com as palavras de Jesus. Os clássicos filósofos gregos diziam que admiração era o princípio da filosofia. A admiração pelas coisas que suscitam dúvidas impulsiona a busca de respostas e de um aprofundamento constante. Dizia Aristóteles “aquele que duvida e admira sabe que ignora”. Os ouvintes de Cristo tinham muitas perguntas existenciais e nos ensinamentos encontravam as respostas e, ao mesmo tempo, cada resposta provocava novas perguntas diante de tantas questões abertas ou mal respondidas.

Os ensinamentos tinham o foco de revelar a verdade. Falava aquilo que as pessoas precisam ouvir e não simplesmente aquilo que desejam ouvir. A verdade provoca as mais diferentes emoções e reações. A pessoa ou a instituição que deseja mudar, a verdade abre um rumo novo e impulsiona a tomar as medidas necessárias para alcançar um novo patamar. A verdade liberta. Cria um ambiente de esperança, alegria, paz e bem estar. Mas a verdade também pode, como frequentemente acontece, ser recebida com negação e agressão. Desde o começo o Evangelho relata que grupos planejavam matar Jesus. 

Jesus dialogava com todas as pessoas e grupos e com isso criavam-se oportunidades para ensinar. Não tinha a postura do camaleão que muda de cor conforme o ambiente. O ensinamento era válido para todos e para todas as circunstâncias. São ensinamentos que têm a marca da universalidade e de serem essenciais. Não cria o grupo dos puros e impuros, nem dos privilegiados.

O modo de ensinar de Cristo era transparente, não tinha “segundas intenções”. São Pedro exclama que as palavras de Cristo são vida. Todos usam abundantemente palavras. São falas que transmitem os mais diversos assuntos e com os mais diversos objetivos. Muitas são agradáveis, cheias de verdade, construtivas e outras são superficiais, vazias, ofensivas. Torna-se um verdadeiro desafio distinguir as palavras falsas das verdadeiras. Notícias falsas são criadas e divulgadas gerando situações constrangedoras. Falar de forma transparente para não perder a credibilidade é desafio permanente da comunicação interpessoal e do exercício do poder.

Jesus permanece como exemplo e modelo de uma palavra que gera encanto e admiração.  Os seus ensinamentos se impõem por si, porque são capazes de iluminar a inteligência, aquecer o coração, dar vigor à vida.

 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
01 de fevereiro de 2019

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