“O Ano da Vida Consagrada deve ser o Ano do Primado de Deus”, diz frei Clodovis Boff

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Por Rosinha Martins|31.08.14| “Rezemos mais no Ano da Vida Consagrada”, sugeriu frei Clodovis Boff, um dos assessores do encontro dos Religiosos  com dom João Braz de Aviz, que  reuniu na paróquia Bom Jesus do Portão, em Curitiba, no último final de semana, cerca de 1.100 consagrados e consagradas  da Igreja Católica Romana, Greco-Católica  e a Irmandade Evangélica.

Frei Clodovis, deu ênfase ao Primado de Deus na Vida Consagrada, o que segundo ele, é o coração da própria Vida Religiosa e o coração da Igreja. “ O Primado de Deus, é  o nosso próprio coração; a  centralidade de Deus, o nosso Criador,  é o sentido da nossa vida, o Inciador, o Consumador,  o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim, esse Arco grande sobre o qual nós vivemos e que se mostrou,  depois,  no rosto de Cristo”, disse.

A Vida Religiosa, afirma Boff,  tem que ser  a testemunha primeira,  a expressão,  a recordação, a memória, a profecia desta primazia de Deus,  que Ele existe, que é vivo, que ama o mundo. “Testemunhar que Ele é o grande Amor, uma Paixão arrebatadora em função do qual se pode dar a vida e também encontrar a felicidade, a máxima realização porque ele é o bem supremo”, afirmou.

Frei Clodovis considera que  a primazia de Deus é a  mensagem mais evidente, porém não vista, não percebida, não devidamente aplicada, porque  a tendência é dar centralidade ao pobre, ao compromisso de transformação das estruturas. “Ou seja,  alguma coisa ocupa o lugar do centro e quando começa assim, Deus passa a ser marginalizado e se torna inútil”, frisou.

O religioso contou que um amigo sacerdote quis saber de  Bento XVI, o que se deve fazer para ser um bom pároco. O Papa Bento respondeu-lhe que a primeira atitude pastoral de um pároco é ajoelhar diante do sacrário e rezar. “Isto quer dizer, mostrar-se como um homem de Deus, pois é do silencio que nasce a Palavra. Já nos diz o Papa Francisco: ‘Evangelizar de joelhos’. Parece nada, mas é tudo,  pois a alma cresce, cresce o coração quando a pessoa está ajoelhada”, enfatizou.

O Ano da Vida Consagrada deve ser o Ano do Primado de Deus

A grande razão das desistências na Vida Consagrada, na opinião de frei Clodovis se deve a falta de relação com Deus, fato comprovado na Holanda. “É na oração que se segura a comunhão com Deus e com o ministério, caso contrário, tudo perde a graça. A pessoa pode ter tudo, mas falta o vínculo, o laço”.

“Rezemos mais, implorou, pois rezamos pouco, e que não façamos muita confusão na oração. Que a nossa oração seja sem teatro. Deus não precisa de barulho para ser ouvido. A oração se dá  no silêncio, fechando a porta do nosso quarto. Temos que alargar nossos espaços interiores, ser ricos por dentro, ter colorido grande por dentro. No Ano da Vida Consagrada é fundamental rezar mais e isto basta”.

Parafraseando o poeta e dramaturgo inglês, Thomas Stearns Eliot, frei Clodovis  disse que ‘nós somos homens de palha, só ficamos de pé, se encostados uns nos outros”. Temos que fortalecer o nosso homem interior. Temos que ter um coração grande, maior que eu,  que abrace os outros e abrace o mundo como foi o coração de Cristo”, concluiu.

“Ou a Vida Consagrada é  sinal profético, ou não é sinal”

Em sua colocação, Irmã Marian Ambrósio,idp, ressaltou as razões da fidelidade ao chamado.“Deus é um sedutor incansável que tem ideias fora do padrão. Parece que não combina seduzir alguém como a mim ou como vocês. Por que nós? Porque Deus é diferente, surpreendente. Estou convicta de que pessoas que deixaram a Vida Religiosa,  o fizeram porque deixaram de saborear o gosto diferente desta sedução de Deus que vem misturada com muita exigência”.

De acordo com Irmã  Márian, cada época tem sua própria tarefa diante de Deus, e cabe à Vida Consagrada, hoje, proclamar um ato de fé radical diante do mundo. “Por isso Deus precisa de nós, porque não se trata dessa ou daquela crença, de discutir esse ou aquele artigo sobre a fé. Trata-se da fé em si mesma, da possibilidade de crer ou não em Deus, que ele nos quer como instrumentos para sinalizar ao mundo que Ele é, que Ele está, que Ele cria, sustenta a vida e luta por ela e que ele deseja precisar de grupos de pessoas que lhe sirvam de sinal”, ressaltou.

Ainda, segundo Irmã Márian, em meio a uma cultura da ausência, da desnecessidade Deus, o mundo pode estar tornando – parafraseando Bento de XVI -, um deserto inóspito para a fé e essa crise é caracterizada como anemia de fé. Para ela,  a Vida Religiosa, tem se tornado autorreferencial, julgando a si mesma como importante,  ocupando horas, meses e até anos com suas próprias ideias. E questionou. “Será que também nós fomos afetados a ponto de nos considerarmos protagonistas da nossa vocação? Estaríamos nós mesmos nos seduzindo? Ou a Vida Religiosa é sinal profético ou não é sinal. Não devemos sinalizar coisas, fazeres, mas sinalizar Deus, sua Palavra, sua Mensagem, sua Obra. Talvez seja essa a nossa vulnerabilidade maior”.

Fonte: CRB Nacional

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