O Grupo de Trabalho (GT) de Enfrentamento ao Tráfico Humano divulgou, na última sexta-feira, dia 29, uma mensagem para o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, celebrado em 30 de julho.
A mensagem lembra o discurso do papa Francisco à Conferência Internacional de Juízes e Magistrados contra o Tráfico de Pessoas e o crime organizado, no dia 3 de junho, quando o pontífice afirmou que o tráfico de pessoas, o contrabando de migrantes, e outras novas formas de escravidão, tais como o trabalho escravo, a exploração sexual, o tráfico de órgãos, o comércio da droga, a criminalidade organizada, “são crimes de lesa humanidade” que devem ser reconhecidos com tais por todos os líderes políticos, religiosos e sociais, e previstos nas legislações nacionais e internacionais.
O GT indica a necessidade de cominar penas para reeducar e reinserir os responsáveis pelo tráfico de pessoas na sociedade. O grupo também destaca a pouca visibilidade que o tema possui. “Neste contexto de apelo ao aprofundamento do estudo sobre a temática e os desafios do tráfico humano, é oportuno recordar que pesquisadores, agentes sociais e pastorais consideram a abordagem hegemônica sobre o tema do tráfico de pessoas ainda superficial”, diz o texto.
Jogos Olímpicos
Desde o final de julho há grande movimentação de pessoas no Brasil, o que aumentará durante os Jogos Olímpicos do Rio, que acontecerão de 5 a 21 deste mês. Na mensagem, o GT do Tráfico Humano fala em reforço da atenção e da preocupação com o tráfico no período do evento. “Alertas são intensificados para evitar que a atração por falsas promessas de trabalho e ganhos fáceis sejam caminhos de exploração, de abuso, de sofrimento e mesmo de morte para seres humanos, criados à imagem de Deus, cuja dignidade deve ser respeitada e protegida incondicionalmente”, diz o texto.
Composição
O GT de Enfrentamento ao Tráfico Humano é formado por representantes de diversas pastorais, como a da Juventude, Migrante, Mulher Marginalizada, Menor e Afro-Brasileira, bem como por membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Leia na íntegra:
“Tráfico de Pessoas: um crime de lesa humanidade”, afirma Papa Francisco.
O tráfico de pessoas é um dos crimes mais hediondos da atualidade. A crescente consciência da dignidade inalienável de cada ser humano colide com uma realidade em que milhares de pessoas são mercantilizadas e escravizadas mediante falsas promessas, enganos, dívidas e outras formas de chantagens. Por causa disso, governos, organizações internacionais e a sociedade civil pautam a luta contra o tráfico de pessoas como uma das prioridades na defesa dos diretos humanos, em nível nacional e internacional.
Nesta data, 30 de julho, Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, instituído pela Assembleia Geral da ONU – proposta para aprofundar a reflexão e intensificar a ação no enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, retomemos a afirmação do Papa Francisco, ao dirigir-se à Conferência Internacional de Juízes e Magistrados contra o Tráfico de Pessoas e o crime organizado, no dia 3 de junho último. Na ocasião, Francisco sublinhou que o tráfico de pessoas, o contrabando de migrantes, e outras novas formas de escravidão, tais como o trabalho escravo, a exploração sexual, o tráfico de órgãos, o comércio da droga, a criminalidade organizada, são crimes de lesa humanidade que devem ser reconhecidos com tais por todos os líderes políticos, religiosos e sociais, e previstos nas legislações nacionais e internacionais (Rádio Vaticano, 3jun2016).
É preciso cominar penas que sejam para a reeducação dos responsáveis e sua reinserção na sociedade. Se isso vale para eles, “tanto mais para as vítimas” que são passivas e não ativas no exercício de sua liberdade, “tendo caído na armadilha dos novos caçadores de escravos. Vítimas muitas vezes traídas na dimensão mais íntima e sacra da pessoa, ou seja, no amor que aspiram em dar e receber de suas famílias ou que é prometido por seus pretendentes ou maridos, e que ao contrário disso acabam vendidas no mercado do trabalho forçado, da prostituição ou da venda de órgãos. ”
Neste contexto de apelo ao aprofundamento do estudo sobre a temática e os desafios do tráfico humano, é oportuno recordar que pesquisadores, agentes sociais e pastorais consideram a abordagem hegemônica sobre o tema do tráfico de pessoas ainda superficial. Existe pouca visibilidade à percepção desta grave violação de direitos que afeta milhares de pessoas. Ninguém pode se furtar à responsabilidade de identificar, denunciar e combater este mal que corrói o tecido social e que degrada vergonhosamente a conduta humana e a sociedade.
Conclamando a Igreja e a sociedade, Francisco sublinha a importância de criar uma rede que possa favorecer a troca de experiência e somar forças contra este crime, e que permitam combater melhor as novas formas de escravidão. “A Igreja é chamada a empenhar-se para ser fiel às pessoas, ainda mais se consideradas as situações em que se tocam as chagas e os sofrimentos mais dramáticos. Neste sentido a Igreja não deve cair naquela máxima que a quer fora da política, pelo contrário, “deve colocar-se na ‘grande política’, porque” – como dizia Paulo VI – “a política é uma das formas mais elevadas de amor”.
A atenção e a preocupação com o tráfico de pessoas são reforçadas com a proximidade dos jogos olímpicos 2016, em nosso País. Alertas são intensificados para evitar que a atração por falsas promessas de trabalho e ganhos fáceis sejam caminhos de exploração, de abuso, de sofrimento e mesmo de morte para seres humanos, criados à imagem de Deus, cuja dignidade deve ser respeitada e protegida incondicionalmente.