Por Rosinha Martins | 05.03.2015| A chuva que caiu na manhã desta quinta, 05, não impediu que mulheres e homens de diversas religiões se reunissem na Alameda das Bandeiras, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília-DF, para pedir que os direitos de todas as mulheres, sem exceção, sejam respeitados.
O Ato, que reuniu representantes do Conselho Nacional de Igrejas (CONIC), Igreja Católica Romana, Fé Ba’hai, Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Abrawicca, Igreja Episcopal Anglicana, Federação Umbanda e Candomblé e Igreja Evangélica Luterana do Brasil, aconteceu no contexto da celebração do Ano de Hypatia, uma Egípcia, de Alexandria, professora de filosofia e astronomia e primeira matematica que foi assassinada por cristãos por defender sua fé não cristã.
Na Alameda das Bandeiras, faixas, orações, cantos e bênçãos num clima de unidade, tornavam realidade o Ato. Rosas foram depositas no gramado, sob o rufar de tambores entoados pelas Wiccas, a cada citação de nomes de mulheres que morreram martirizadas nas diversas religiões.
“O objetivo do nosso ato é reafirmar o compromisso de religiões pelos direitos das mulheres, o compromisso com o Estado laico para que seja democrático e de direitos para todas as pessoas, independentemente de cor, cultura, de religião e de orientação sexual”, disse a secretária-geral do CONIC e pastora da Igreja Luterana do Brasil, Romi Benke.
De acordo com Benke, outra razão da manifestação era fazer memória de mulheres que tiveram suas vidas interrompidas por causa do seu engajamento social, do seu comprometimento religioso, por causa da cultura patriarcal e sexista que legitima a violência contra a mulher.
“Somos um batalhão de mulheres consagradas na Igreja que se envolve, que se empenha no trabalho pastoral, missionário e evangelizador. Como CRB e CNBB, agradecemos por este Ato tão importante”, relatou a assessora da Comissão Missionária Nacional da CNBB e representante da CRB no evento, Irmã Dirce Gomes da Silva.
“As religiões precisam trabalhar de maneira a ajudar as pessoas a compreenderem o aspecto espiritual da igualdade entre homens e mulheres. Esse processo de conscientização não passa somente por um processo político, de militância, mas também, por um reconhecimento espiritual da igualdade de gênero”, enfatizou Mary Caetano Aune, da Fé Ba’Hai.
Para a sacerdotisa wiccaniana brasileira da Associação Brasileira de Arte e Filosofia da Religião Wicca, Mavesper Cy Ceridwen, mulheres ainda desinformadas acham que violência contra a mulher é coisa do passado. “A violência existe, cresce a cada dia e é preciso que homens e mulheres estejam atentos com esta lógica perversa do patriarcado para que não perpetue por gerações”, afirmou.
Presente no Ato, o bispo português, da Igreja Anglicana, dom Jorge Pina Cabral contou que em Portugal também as mulheres são vítimas da exploração, de muita violência e que morre uma portuguesa por dia, vítima da violência doméstica, mas essa não é um tema versado e debatido pelas Igrejas. “Em Portugal esse tem sido mais um tema e um assunto da sociedade civil e não propriamente das Igrejas, porque estas ainda não têm uma agenda social e crítica muito amadurecida e, portanto, vêm com reserva o seu envolvimento nestes movimentos”, afirmou.
O bispo concluiu dizendo que em Portugal se tem ainda, um longo caminho a percorrer, neste sentido do ecumenismo e do diálogo inter-religioso e que o Brasil é, sem dúvida, uma inspiração forte para eles.
As comemorações pelo dia da mulher continuam no domingo, na Igreja Episcopal Anglicana, 309/310 Sul, às 19h, onde mulheres de religiões diversas se reunirão num encontro denominado por elas “Sarau Papo de mulher”. O convite se estende a todas as mulheres e homens de boa vontade abertos ao diálogo e à causa da defesa da dignidade humana.
Assista a reportagem da Rede Vida
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