Carta aberta à Igreja e à sociedade – “O NOSSO PLANETA ESTÁ EM RISCO!”

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A União das Superioras e Superiores Gerais de Congregações Brasileiras – USGCB,
reunida em Assembleia, em Fortaleza-CE, de 20 a 24 de agosto de 2018, com a participação de 83
consagradas e consagrados, à luz da Encíclica Laudato Si’, refletiu o tema: “Cultivar a mística do
cuidado da casa comum, comprometida com a Vida Religiosa em saída”.

O nosso Planeta está em risco! A mãe terra geme e sofre as dores de parto (Rm 8,22),
diante das muitas agressões que tem sofrido, como consequência do uso irresponsável e do abuso
dos bens que Deus nela colocou (cf. LS, 2).

Vivemos num momento de profunda crise socioambiental, onde não é possível falarmos de
proteção do meio ambiente sem que esta envolva a proteção do ser humano e, de modo especial, os
mais desfavorecidos e vulneráveis.

Somos desafiadas e desafiados a ouvirmos o grito da natureza e tomarmos iniciativas que
favoreçam a proteção da casa comum, utilizando meios viáveis que contribuam para o bem de
todos, lembrando-nos que Deus criou o mundo sem excluir e nem privilegiar ninguém (cf. São
João Paulo II). É urgente conceber o planeta como pátria e a humanidade como povo que habita a
casa comum.

O Papa Francisco conclama a todas e todos ao desafio de proteger a nossa casa comum que
inclui a necessidade de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e
integral, pois sabemos que as coisas podem mudar… (cf. LS, 13). Para tanto, necessitamos ampliar
a consciência nos preparando melhor para acompanhar os desafios, assumindo a sobriedade
evangélica e a solidariedade profética na Vida Religiosa em saída, a partir do “Ide”, que nos
provoca a estar ao lado dos pobres e dos que clamam por justiça e por direito.

Como Igreja e Vida Religiosa em saída, somos provocadas e provocados a realizar com
determinação, gestos concretos e viáveis, como: respeitar a terra e a vida em toda sua diversidade;
participar dos movimentos sociais e populares; transmitir de modo especial às crianças e jovens,
iniciativas educativas que lhes possibilitem colaborar com o desenvolvimento sustentável;
reconhecer que somos seres interligados e que cada forma de vida tem valor; reutilizar e reciclar
materiais; recorrer aos recursos energéticos renováveis, como a energia solar; defender o direito de
todas as pessoas no sentido de terem água potável, ar puro, segurança alimentar e saneamento
básico; evitar o desperdício, o acúmulo e o elitismo; diminuir o lixo; apoiar e incentivar a
agricultura familiar sustentável e favorecer a partilha de bens e dons.

É necessário caminharmos na contramão de um modelo de desenvolvimento econômico,
pautado pelo mercado e centrado no consumismo que não se interessa com o cuidado da vida, com
a preservação dos rios e oceanos, das espécies ameaçadas, das florestas, dos povos indígenas, dos
ribeirinhos, quilombolas e outros.

Finalmente, manifestamos nossa comunhão solidária às duas irmãs e aos cinco irmãos que,
desde o dia 31 de julho, estão em jejum, por tempo indeterminado, em greve de fome, no Supremo
Tribunal Federal (STF), em Brasília, “para que a fome não volte, o desemprego deixe de desgraçar
a vida de milhões de famílias, a doença não seja um pesadelo e as crianças não morram de fome”.
Lamentamos e repudiamos os atos de violência em Pacaraima (RR) que resultaram na expulsão de
centenas de venezuelanos. É urgente “um trabalho integrado das administrações públicas para
acolhida, proteção e promoção humana”.

Sob o olhar e as bênçãos de Nossa Senhora da Assunção, Padroeira da Arquidiocese de
Fortaleza-CE, desejamos que o espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida,
nos impulsione, enquanto Vida Religiosa em saída, a colaborarmos com um desenvolvimento
sustentável e integral (cf. LS, 13).

Fortaleza, 24 de agosto de 2018.
ASSINADA USGCB – União de Superioras e Superiores das Congregações Brasileiras.