A Covid-19 se espalha na Terra Indígena Yanomami entre indígenas que vivem perto de zonas de garimpo ilegal de ouro. 36 casos foram identificados nas comunidades de Waikás e mais cinco na região de Kayanaú, que estão entre as mais afetadas pelo atividade. Em junho, o Instituto Socioambiental (ISA) lançou um relatório que alertava para o risco de contaminação na TIY caso o governo não atuasse para retirar os garimpeiros do território. Nada foi feito, e as previsões estão se confirmando.
Waikás, às margens do rio Uraricoera, tem 36 casos confirmados e uma população de 179 indígenas do povo Ye’kwana. Nas suas imediações, está um dos maiores e mais consolidados garimpos da Terra Indígena. Desde maio, indígenas têm relatado um fluxo constante de garimpeiros entre a cidade e o interior da Terra Indígena. Segundo o relato, são ao menos cinco barcos subindo e descendo o rio diariamente, além do fluxo diário de helicópteros e aeronaves. Nessa região, a taxa de contágio é 30% maior do que a taxa observada no estado de Roraima, que tem uma das maiores taxa de contágio do país.
Os garimpeiros dispõe de grande infraestrutura tecnológica e de transporte, que contrasta com a ausência estatal. Barcos e aviões, telefone e internet via satélite. Tudo isso funcionando ilegalmente. Os garimpeiros frequentam a comunidade para compra de alimentos e atendimento no posto de saúde. Em 18 de junho, inclusive, um garimpeiro apresentando sintomas de Covid-19 recebeu atendimento no posto.
Foi em um desses barcos que a Covid-19 chegou na comunidade. Um indígena que viajou com os garimpeiros foi contaminado e levou a doença para a aldeia. O isolamento social dentro das aldeias é quase impossível, já que os indígenas compartilham casas e utensílios domésticos. Assim, a partir desse primeiro caso, outros 35 já foram confirmados.
Fonte: IHU