Por Rosinha Martins| 08.04.14| O Religioso da Congregação do Preciosíssimo Sangue e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), dom Erwin Kraütler, recebeu convite do presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz do Vaticano o Cardeal ganês, Peter Kodwo Appiah Turkson – responsável pelo esboço da Encíclica, para ajudá-lo na redação da próxima Encíclica que versará sobre a questão da pobreza e do meio ambiente, intitulada “Ecologia Humana”.
Dom Erwin informou à Rádio Vaticano que em conversa informal, durante um jantar, com o cardeal Turckson (foto) sobre as questões referentes à ecologia e a problemática indígena na Amazônia, este lhe convidou para ajudar na redação da nova Carta. “Eu disse a ele que com muita alegria vou falar sobre a Amazônia, especialmente do que diz respeito aos povos indígenas”.
Na ocasião, dom Erwin que é bispo da Prelazia do Xingu, na Amazônia, relatou para Francisco a realidade da Igreja no bioma brasileiro: 800 comunidades com 27 padres o que significa que a grande maioria de católicos não tem acesso à Eucaristia por causa da falta de sacerdotes. “ O nosso povo não tem acesso à Eucaristia. Embora Deus esteja em todo lugar, a presença real nas espécies de pão e vinho não são acessíveis”, disse ao Papa.
Ao ouvir dom Kraütler, o Papa Francisco ressaltou a importância de os bispos serem claros e objetivos e relatarem a realidade concreta na qual vivem e tenham a coragem de dizerem o que estão pensando.
“Grupos políticos e econômicos relacionados com a agroindústria, a mineração e construtoras, com apoio e participação do governo brasileiro, querem revogar os direitos territoriais dos povos indígenas”, é parte do texto do documento que foi entregue a Francisco por dom Erwin e Suess, o qual faz referência aos casos de violência a que estão submetidos os povos indígenas e seus aliados.
A situação dos povos indígenas do Vale do Javari, que sofrem sem assistência médica um surto de hepatite, e enfim, a questão do mega-empreendimento da Usina de Belo Monte, no Pará, cuja construção ocorre desrespeitando leis nacionais e convenções internacionais, caso da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), questão Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul, onde “o confinamento (45 mil indígenas) em área tão pequena traz consigo mortes, suicídios e sofrimento atroz e permanente”; foram assuntos de relevância entre Franciso, dom Erwin e Suess.
O fundador da associação “La Alameda” de luta ao tráfico humano e ao trabalho escravo, argentino e amigo do Papa desde 2008, Gustavo Vera enviou ao Papa Francisco material, reflexões, cartas de ecologistas e professores engajados na defesa do meio-ambiente. “Sei que o Papa recebeu tudo e gostou. “A questão do planeta como casa da humanidade, a ecologia centrada no ser humano… serão temas chaves, e acredito que o Papa esteja trabalhando neles”, disse.
Gustavo Vera atuou como ativista em um sindicato e teve sua vida mudada em 2006, quando seis operários clandestinos bolivianos morreram em um incêndio numa fábrica têxtil ilegal. Desde então, é a voz mais insistente e ouvida contra a exploração de clandestinos, o tráfico de pessoas para a prostituição e o tráfico de drogas.
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