Em nossa sociedade, está se tornando comum presenciarmos cenas de violência geradas por diferentes tipos de intolerância. Violência que chega ao extremo de atentar contra a vida do outro. O diferente, o outro, gera insegurança e reações violentas, com consequências desastrosas para a vida das pessoas e das famílias. O espiral da violência cresce assustadoramente. Como reverter está situação?
Uma das características do mundo pós-moderno e da cultura digital é a vertiginosa aceleração do processo de mudança de paradigmas, que dá origem a um dinamismo paradoxal. De um lado, as pessoas e/ou os grupos experimentam a proximidade, a multiplicidade e a contemporaneidade que desperta a sensação de poder, de domínio e de grandeza; de outro, experimentam a fragmentação, a ruptura, a transitoriedade, que desperta a sensação de fragilidade, de fraqueza e de vazio existencial.
Neste contexto plural, a mesma realidade é captada, experimentada, avaliada e enfrentada pelas pessoas de modo singular, conforme os diferentes contextos socioculturais, os diferentes horizontes de compreensão, e as diferentes interpretações da mesma realidade.
A sociedade atual é cada vez mais plural. Vivemos o tempo da diferença, da diversidade, da pluralidade. O desafio de nossa época consiste em torna possível a convivência na diversidade em encontrar referências e critérios comuns de regulamentação de nossa vida coletiva. E isto não é nada fácil num contexto em que a experiência pessoal intensa se torna cada vez mais os critérios das opções e decisões, relativizando sempre mais as convenções, e as instituições tradicionais. A pluralidade passou a ser um novo paradigma.
O Brasil, nossa grande pátria, una e plural, é o terreno em que somos chamadas a viver nosso seguimento radical de Jesus. A unidade e a diversidade pedem da vida religiosa consagrada uma nova postura que leve a integrar o diferente, sem perder a própria identidade carismática.
Seguindo os ensinamentos e a prática de Jesus, a integração do diferente nos leva a superar todo tipo de preconceito e discriminação e a estabelecer relações igualitárias, baseadas no respeito à dignidade da pessoa humana. É um convite a viver a fraternidade universal não só na vida religiosa consagrada, mas entre os povos e nações.
Desta forma, o respeito ao diferente nos leva a fazer da pluralidade não uma mera abertura ou concessão, mas um pressuposto do nosso modo de ser e da ação evangelizadora. Diferença que não é ameaça ou um inimigo em potencial, e sim instância de enriquecimento e de novas possibilidades.
A integração baseada no respeito e que globaliza a solidariedade é reflexo da unidade e diversidade da comunidade trinitária, expressão de amor e de vida. A pluralidade não se opõe à comunhão, antes a enriquece e é sinal de esperança de vida nova no Espírito.
Ir. Vera Ivanise Bombonatto, é religiosa paulina, doutora em teologia e do Conselho Editorial de Paulinas e da CRB Nacional.