Mensagem final do Seminário Continental Contra o Tráfico de Pessoas

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Confira na íntegra, a mensagem final para todos os participantes do Seminário Continental Contra o Tráfico de Pessoas, que aconteceu entre 18 e 20 de agosto de 2017, em Bogotá, Colômbia.

 

Mensagem Final

 

O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos. Isaías 61,1

Nós, que nos reunimos durante estes dias em Bogotá, Colômbia, mulheres e homens consagrados e leigas e leigos companheiros na missão na América Latina e Caribe (CLAR), fomos chamados/as a ser cada vez mais conscientes da dignidade do ser humano, da complexidade da realidade que produz novas escravidões de todo tipo, do  nosso compromisso na defesa da vida e da urgência do cuidado da nossa Casa Comum, do ser humano-terra, este binômio inseparável que é o dinamismo básico de nossa mística e nossa profecia.

Sentimos vivamente nestes dias de Encontro e Discernimento que, a partir dos gritos e silêncios das vítimas do Tráfico de Pessoas – a escravidão do século –, Deus tem nos chamou e nos convida a sair depressa, sem demora, ao encontro destas irmãs e irmãos que o sistema tornou mercadoria. Ao estudar os números e as estatísticas, não perdemos nunca de vista que se tratava de pessoas com nome e com uma história violentada, que nunca deixou de estar cheia de dignidade.

A dinâmica deste Seminário nos levou a caminhar a partir de uma compreensão global do fenômeno do Tráfico de Pessoas, especialmente a partir da perspectiva da migração e da infância, até uma reflexão bíblico-teológica para continuar ressignificando nossos carismas ao redor de novos eixos de articulação dados pelos gritos da vida.

O objetivo fundamental deste Seminário é o fortalecimento de nossas Redes em defesa da vida para atuamos juntos contra as redes de morte que tanta dor e desesperança trazem ao mundo atual. Também nos alegramos pelas novas Redes contra o Tráfico que se formarão nas Conferências onde ainda não existem.

Em atitude de saída, reconhecemo-nos pessoas imersas e influenciadas pelo processo global de desumanização marcado por uma crise geral de convivência, intensificação do individualismo e a ruptura progressiva do tecido social e da fraternidade humana fomentados por políticas e leis neoliberais. A partir desta realidade, sentimo-nos movidos/as a caminhar para a ética do cuidado comum, prestando especial atenção aos mais vulneráveis e abandonados da nossa sociedade.

Com a força do Espírito, comprometemo-nos a repensar nossa Vida Consagrada, aguçar os sentidos e recuperar o profetismo dos carismas, com palavras e ações, que nos animem a não deixar sozinhos os que foram forçados pelo sistema injusto a caminhar – excluídos – nas fronteiras da história. Comprometemo-nos a acolher, proteger, promover e integrar as vítimas do Tráfico de Pessoas e de outras escravidões por este sistema que as desumaniza, as coisifica, as aliena e as humilha.

Reconhecemos a importância de realizar processos de formação interdisciplinar e em incidência política para acompanhar integralmente as pessoas atingidas pelo Tráfico e por toda classe de escravidão moderna, desde os pequenos, desde baixo e a partir do dinamismo da esperança. Gostaríamos de ajudar nossas famílias carismáticas, consagrados e leigos, a experimentar indignação ética frente às escravidões modernas e recuperar a partir desta experiência a misericórdia fundante dos carismas. Queremos ser uma Vida Consagrada nova, uma vanguarda profética e não somente uma força de trabalho.

Nossos olhos estão fixos em “Maria, a mulher do primeiro passo”, a crente fiel, a discípula, a mulher do encontro, da saída, da urgência, do serviço, aquela que soube estar ao lado, a do silêncio, Maria a mulher da vida que não deixa de nos assinalar os caminhos de novos encontros.

Abraçamos a todos na paz e com uma profunda solidariedade.

Participantes do Seminário Continental contra o Tráfico de Pessoas[1].

20 de agosto de 2017.

 

[1] 97 participantes de 48 Congregações Religiosas e19 países.  

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