Abertura da porta e do coração
Ir. Zirlaide Barreto Mendonça, passionista, Ir. Alessandra dos Santos de Santana, irmãzinha da Imaculada Conceição, e Ir. Delva Piedade Oliveira, do Sagrado Coração Maria, regressaram no início de outubro, de Tonantins, Diocese do Alto Solimões (AM).
Lá estiveram de 24 de junho a 30 de setembro. Participaram de um Projeto missionário que envolveu várias instituições – CRB, POM e REPAM. Isto permitiu-lhes fazer a experiência intercongregacional, o sentido de profetismo e a missionariedade.
Experiência vivida
Para Ir. Zirlaide foi uma missão da vida consagrada com coração ardente, missionário, a vivência da intercongregacionalidade e a unidade da Vida Consagrada. ” Foi muito bom estar servindo ao povo”.
Ir. Alessandra destacou a acolhida do povo. “Ao abrirem a porta da casa, abriam a porta do coração”.
Apelos que ainda ressoam
As Irmãs que viveram a experiência em Tonantins, sentiram apelo à continuidade da missão, à proximidade real ao povo, à Igreja, com presença mais efetiva e afetiva.
Para Ir. Alessandra, ficaram apelos: a Amazônia com seus encantos tem seu apelo no âmbito social, político, cuidado da natureza e presença continuada, não apenas como visita, mas ativa e constante, como história feita de presença. Necessária é a qualificação da presença como profissionais, religiosas que oferecem mais qualidade no serviço.
Valores expressos pelo povo tonantinense
A acolhida do povo foi muito forte desde o começo. A fé fortalece a esperança, as mulheres têm imensa força para viver.
Irmã Alessandra realçou a alegria do povo que sabe festejar cada momento, povo que sabe partilhar uma refeição, um peixe, a farinha, uma fruta.
As crianças sabem brincar e participar em todos os espaços, na água, no rio, na Igreja.
Um exemplo de entendimento com crianças não com palavras, mas com gestos. Ir. Alesssandra se tocou e viu como sinal de vida, o gesto grandioso de uma criança que lhe oferece um ovo que já estava comendo.
Comunidade intercongregacional
As três missionárias foram acolhidas, com amor e carinho pela diocese de Solimões, paróquia de Tonantins e, especialmente, pela comunidade religiosa da congregação das irmãs de Santa Catarina, constituída pelas missionárias: Irmã Benícia Rauber, Irmã Taise Fátima Cichowicz e Irmã Lúcia Shroeder.
A convivência na comunidade de irmãs das Irmãs de Santa Catarina começou com acolhimento da casa aberta, participando de tudo, desde planejamento, preparação das comidas, visitas às comunidades, visitas sanitárias e evangelização, como também, lazer.
No período de três meses de convivência, houve muita soma do melhor de si. O ser uma Congregação se diluiu e se tornou intercongregacional. Também com o sacerdote capuchinho do Centro de Pastoral.
Destaques no todo
O grande desafio foi escutar Deus na realidade, rezando e trabalhando junto, segundo Ir. Zirlaide.
Ir. Alessandra destacou que o importante é não ter medo. Quando se desafia o medo, há crescimento, na Vida Religiosa e na Igreja. É preciso ter paciência histórica, com qualidade de serviço e coração aberto.
As Irmãs agradecem porque foram em nome da Vida Consagrada. Irmã Zirlaide agradece CRB e toda a vida consagrada que acreditou nas missionárias.
O coração só tem gratidão a todas as instituições envolvidas no Projeto que permitiu a experiência do Verbo Encarnado.
“Eis-me aqui, envia-me”.
Testemunho da comunidade tonantinense
Carta de uma tonantinense enviada a Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, mad, presidente da CRB:
Tonantins (AM), 24-09-2020
“Minha luz é Jesus e Jesus me conduz pelo caminho da Paz”
Olá, Irmã Maria Inês
Eu me chamo Josenilda, tenho 23 anos e moro no município de Tonantins. É com alegria que venho expressar minha gratidão, pelo cuidado e zelo ao povo amazonense, na Diocese do Alto Solimões!
A chegada das Irmãs Missionárias foi um belo sinal do Amor de Deus! Chegaram em um tempo em que a pandemia estava muito forte, praticamente em todo lugar, quando várias pessoas perderam amigos, pais, mãe, tio, tia, avó, avô… tudo na mesma semana. A população tonantinense são 18.755 habitantes, pequena cidade onde todos se conhecem, conhecem mesmo.
Essa presença de amor, carinho, cuidado, atenção, doação e , principalmente, fé, alegria e amor, fortaleceu esta terra, onde no meio desta pandemia as famílias se encontravam em desespero, pânico, medo, sem mais um sentido para viver.
Gratidão por essas Irmãs corajosas que atenderam o clamor do povo, se colocando a caminho no desafio desta grande doação, em terra desconhecida. Tonantins, uma pequenina quase não conhecida e nem falada, mas uma cidade de um povo acolhedor e cristão. O povo tonantinense não só abriu as portas de suas casas, mas também a do coração, se deixaram modelar pelas mãos de Deus, através das irmãs, o cuidado com a vida.
No início, o povo se sentiu inseguro, acanhado, com medo… mas com o decorrer das semanas e também das visitas feitas, tudo foi melhorando. A Covid 19 deixou várias sequelas, como problemas respiratórios, dores no corpo, cansaço, problemas psicológicos, tristeza e, principalmente a dor da perda! Com a graça de Deus e o trabalho voluntário das Irmãs, tudo foi se fortalecendo.
As Irmãs tiveram seus momentos de atendimento e visitas, mas também tiveram seus momentos de lazer, foram para o igarapé, navegaram de canoa, foram para a praia, comeram bastante peixe, frutas da região, banharam-se de chuvas, visitaram as comunidades ribeirinhas e muito mais!
O tempo passou tão rápido que o dia de retornarem para suas comunidades chegou. Já estávamos acostumadas com a presença de cada uma em nossa família tonantinense.
Fizemos homenagens a elas com a missão de envio e ação de graças com direito a bolo e pequenas lembranças feitas pelo povo! Vão deixar saudades, pois o laço de amizade com esse povo foi forte e significativo. Ficarão em nossas orações, lembrando de tudo que foi vivenciado, aprendido, testemunhado nesses três meses.
Agradecer a Deus e a todos/as da CRB, que sempre estão atentos aos sinais de Deus e se colocam a serviço do povo. Que Deus abençoe Ir. Maria Inês, sua vida e missão, que ele ilumine cada passo, pensamento, sentimento seu.
“Sou missionário, sou povo de Deus, sou índio, caboclo e mestiço fazendo da vida missão; aqui nesta grande tapera da Igreja amazônica sou mensageiro de um Deus que é Irmão”.
Obrigada, pelo olhar carinhoso e atento ao povo tonantinense do Alto Solimões.
Com carinho e prece,
Josenilda!