Em meio às discussões globais sobre o futuro do planeta, Belém se transforma em um centro de valorização cultural e ambiental com um evento que reúne povos Indígenas e Quilombolas da região amazônica. A iniciativa, integrada à programação que antecede a COP30, apresenta produtos da terra, artesanatos, comidas típicas, vestimentas e acessórios regionais, reafirmando a importância desses povos na construção de um modelo sustentável de vida e de economia.
Mais do que uma exposição, o evento é um manifesto vivo pela preservação da natureza e pela valorização dos saberes ancestrais. As mostras revelam como é possível gerar sustento sem agredir o meio ambiente, reutilizando recursos naturais com criatividade e respeito. Sementes transformam-se em arte, e frutos e raízes viram alimentos típicos, como o colorau de urucum, o beiju e a farinha de tapioca, símbolos da culinária e da resistência cultural da Amazônia.
Vozes da resistência e da esperança
Durante o evento, participantes ressaltaram a importância de que a COP30, ao ser realizada em Belém, ouça e reconheça as vozes dos povos tradicionais, que há séculos protegem os biomas amazônicos. Uma das expositoras, que preferiu não se identificar, resumiu o sentimento coletivo: “É um momento de visibilidade do trabalho artesanal e cultural daqueles que produzem e que, de alguma forma, buscam gerar impacto na COP30, mostrando que esses povos lutam.”
Representando o Coletivo de Mulheres Flor da Roça, Nilza de Farias Nascimento, do Quilombo Mocajuba, enfatizou a relevância de levar as produções locais ao público da capital. “É importante pois trazermos o que produzimos para mostrar em Belém, assim teremos reconhecimento das coisas feitas no Quilombo”, destacou.
Encontro de culturas e construção de alianças
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) também marcou presença na Cúpula dos Povos, espaço de debates paralelos à COP30. Para Paulo Sérgio de Souza Dutra Rodrigues, representante do CIMI, o evento é um marco de integração entre diferentes movimentos sociais. “É um outro momento em que os movimentos sociais se encontram, partilham saberes, sabores e culturas. Acredita-se que a venda dos materiais dará viabilidade ao trabalho realizado, apresentando nossa cultura e gerando alianças com outros movimentos e instituições”, explicou.
A Irmã Maria do Carmo, do Instituto Religioso das Franciscanas de Dillingen, acompanhou a participação do CIMI, reforçando o papel das instituições religiosas no apoio à causa ambiental e aos direitos dos povos originários.
Belém: palco da diversidade e da sustentabilidade
Com a COP30 se aproximando, Belém se consolida como símbolo da Amazônia viva e plural. Eventos como este mostram que a luta climática passa, necessariamente, pela valorização das culturas tradicionais e pelo reconhecimento do conhecimento ancestral que ensina a viver em equilíbrio com a floresta. A presença dos povos Indígenas e Quilombolas em espaços de destaque não apenas amplia sua visibilidade, mas também reafirma que não há futuro sustentável sem justiça social, respeito à natureza e às pessoas que dela cuidam.










