O bispo emérito do Xingu, Dom Erwin Kräutler, lançou o livro “A Igreja Profética e a Amazônia , uma obra que propõe uma leitura espiritual e profundamente atual sobre o papel profético da Igreja diante dos desafios do nosso tempo. Inspirado na passagem bíblica de 1 Tessalonicenses 5,20, o autor retoma a tradição dos profetas que, “lendo profundamente o presente, interpretam os ventos subterrâneos da história”. Em diálogo com o drama da Amazônia e com a resistência dos povos indígenas, Dom Erwin reafirma que o Evangelho é inseparável da defesa da vida, da justiça e da criação: “A Igreja não pode ficar calada diante do clamor surdo que sobe das aldeias na Amazônia. Resistir sempre, desistir jamais.”
Ao longo das páginas, o bispo entrelaça reflexões teológicas, experiências missionárias e análises sobre temas como o marco temporal, a devastação ambiental e a missão profética da Igreja comprometida com os mais vulneráveis. “Negar as discriminações e querer calar os que gritam de dor é ir contra o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”, afirma o autor.
A presidente da CRB Nacional, Irmã Maria do Disterro Rocha, que se encontra em Belém (PA) por ocasião da COP 30, participou do lançamento do livro acompanhada da assessora do Setor Missão, Irmã Rosa Elena, e de outros religiosos e religiosas comprometidos com a causa amazônica. O evento foi realizado no dia 9 de novembro, com a presença de Dom Erwin Kräutler, bispo que dedicou sua vida à missão e à defesa dos povos da Amazônia.
A obra, que inicialmente seria um texto para uma palestra, transformou-se em um livro destinado a ser lido, refletido e vivido — um verdadeiro guia espiritual e pastoral. Falar da missão na Amazônia é falar de um território que representa metade do Brasil e ultrapassa as fronteiras de nove países. É uma região onde a diversidade cultural, espiritual e ecológica desafia a Igreja a revisitar sua missão e sua forma de evangelizar.
A Igreja Profética é aquela que se compromete com a verdade, a justiça e a defesa da vida. Ou ela é profética e fiel ao Evangelho — ou deixa de ser a Igreja de Cristo. Quem atua na Amazônia necessita de uma mística profunda, de uma espiritualidade encarnada, capaz de reconhecer a presença de Deus na criação e nos povos. Evangelizar nessa região é anunciar o Evangelho a partir da cultura local, com respeito, diálogo e ternura. A Igreja é chamada a viver uma nova missão, que ultrapasse o simples afeto e se manifeste no testemunho e no serviço. Ser profeta é lavar os pés, como fez Jesus, servir com amor e anunciar com respeito.









