Importância dos imigrantes no 466º aniversário de São Paulo

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Quando a metrópole paulista celebra seu 466º aniversário de fundação, os imigrantes em geral e os bolivianos em particular, exibem sua presença recente e marcante. De acordo com um levantamento feito pelo Jornal Folha de São Paulo, com os dados da Polícia Federal, “nos últimos 20 anos, os bolivianos têm sido, de longe, a nacionalidade mais comum: quase 57 mil deles se registraram entre 1999 e 2019”. Duas décadas em que, conforme especialistas do ramo, o fluxo migratório entre os países do Sul (subdesenvolvidos ou periféricos) e os países do Norte (desenvolvidos ou centrais) cede lugar a um novo tipo de deslocamento humano de massa, onde predomina a migração Sul-Sul (site da Folha de São Paulo, 25/01/2020).

Neste segundo caso, em lugar de cruzar os oceanos e buscar um futuro mais promissor nas nações mais ricas, os migrantes aventuram-se no interior da própria região. Um dos fatores da mudança tem sido a o enrijecimento da legislação migratória, contemporaneamente ao avanço de governos de extrema direita, ligados ao nacionalismo popular. Nesse contexto de maior dificuldade para a migração devidamente legalizada e documentada, os emigrantes tendem a pressionar as fronteiras geográfico-territoriais. É o caso da Líbia na qualidade de país de trânsito para a Europa, pela rota mediterrânea; da Grécia e da Turquia, pela mesma razão, através da rota balcânica; além dos limites geográficos entre Estados Unidos e México, por lado, e entre este último e a Guatemala, por outro.

Em tais circunstâncias, pressionados pela guerra ou violência, pela pobreza ou falta de trabalho nos países de origem, os migrantes passam a “escolher” como destino, em geral, localidades mais próximas e acessíveis. Os “voos” de curta distância tomam o lugar dos “voos” de longa distância. Buscam a capital do próprio país ou alguma cidade grande dos países vizinhos. Alguns exemplos são emblemáticos: paraguaios em Buenos Aires, bolivianos em São Paulo, peruanos no norte do Chile, centro-americanos no México, hispano-americanos na fronteira com os Estados Unidos. Tais “voos” mais breves ou de média distância se repetem no continente africano e na região asiática. Casos extremos e dramáticos atualmente chamam a atenção de todo o mundo: centenas de milhares de refugiados Rohingyas no território do Blangladesh; mais de 4 milhões de venezuelanos em fuga em direção à Colômbia, Brasil, Peru e outros países do subcontinente; milhões de sírios em campos da Turquia; número avassalador de fugitivos do Sudão do Sul que escapa pelas fronteiras do país!…

Ainda segundo o levantamento do Jornal supracitado, depois dos bolivianos, “em seguida vêm pessoas da China, Haiti, Estados Unidos, Peru, Colômbia, França, Japão, Índia e Argentina, completando o top dos 10” (op. cit.)). Mas, de um ponto de vista histórico, a metrópole paulista deve seu esplendor e desenvolvimento a numerosas e variadas comunidades. Ademais dos países elencados, não podemos esquecer, em primeiro lugar, a contribuição dos diversos povos africanos que, apesar de terem cruzado o Atlântico como escravos, hoje figuram como uma das matrizes culturais na formação brasileira. Depois, tampouco podemos ignorar, entre outros, os valores herdados pelos italianos, os portugueses, os chilenos, os sul-coreanos, os espanhóis, os alemães, os poloneses e demais países andinos e europeus.

Disso resulta que a migração, conforme a insistência do Papa Francisco, acompanhado pelos agentes e lideranças que operam no campo da mobilidade humana, longe de se apresentar como um “problema ou ameaça”, transforma-se ao contrário em “oportunidade”. Não de exploração trabalhista ou sexual, evidentemente!… Mas de encontro, intercâmbio de valores, solidariedade e enriquecimento do patrimônio cultural recíproco. “A exemplo das aves – dizia J. B. Scalabrini, pai e apóstolo dos migrantes – estes últimos, ao migrarem, levam consigo sementes que ajudam a fecundar novas civilizações”.

Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs, Vice-presidente do SPM – Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2020

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