Por J.C. Patias |14.04.2016 | A Congregação para a Evangelização dos Povos nomeou o padre Maurício da Silva Jardim, 46, do clero da arquidiocese de Porto Alegre (RS) diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) no Brasil, para os próximos cinco anos. A notícia foi divulgada na Quinta-feira Santa, dia 24 de março.
Em sintonia com o papa Francisco, padre Maurício acredita na “transformação missionária da Igreja”. Para isso, aposta na conversão, da pastoral de manutenção para uma “pastoral decididamente missionária”.
Natural de Sapucaia do Sul (RS), Maurício é o sexto e último filho do casal Honório Corrêa Jardim (falecido) e Cecy da Silva Jardim. Ingressou no seminário São José de Gravataí (RS) em 1991, com 21 anos. Cursou filosofia e teologia no seminário maior de Viamão, e mais tarde fez pós-graduação em psicopedagogia. Ordenado padre em 1999, trabalhou durante três anos e meio em Moçambique. Na arquidiocese de Porto Alegre foi coordenador da pastoral presbiteral e animador vocacional.
Em entrevista à assessoria de comunicação das POM, o novo diretor conta como recebeu a nomeação e quais são suas expectativas ao assumir esta nova missão.
Padre Maurício, como recebeu a notícia da nomeação para diretor das POM no Brasil?
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, me chamou na quarta-feira santa para conversar. Ao entrar em sua sala, retirou da gaveta dois documentos: um em latim assinado pelo cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para Evangelização dos Povos. O título do documento dizia: Decretum e logo abaixo a nomeação de diretor nacional das POM para um período de cinco anos (2016-2021). O outro documento vinha do núncio apostólico dom Giovanni, comunicando o decreto e solicitando ao arcebispo que comunicasse ao interessando a nomeação. Lendo os dois textos, achei que deveria pedir alguns dias para rezar e discernir a nomeação e assim sai da sala confiante. Doze horas após me telefonou o arcebispo perguntando-me se já havia rezado e discernido, pois desejava publicar no dia seguinte para o clero, na quinta-feira santa, missa do Crisma. Neste mesmo dia de dúvida e medo, reli um pensamento de dom Helder Câmara: “Aceita as surpresas que transformam teus planos, derrubam teus sonhos, dão rumo diverso ao teu dia e, quem sabe, à tua vida. Não há acaso. Dá liberdade ao Pai, para que Ele mesmo conduza a trama dos teus dias”. Assim acolhi esta nomeação como um serviço missionário. Abraço com confiança ilimitada em Deus que chama e envia.
Quais as suas expectativas para esta nova missão?
Com o magistério do papa Francisco, o momento atual na Igreja é privilegiado com grande ênfase missionária. Me sinto afinado e motivado com suas palavras e gestos. Ele, na exortação apostólica Alegria do Evangelho deixa claro já no primeiro capítulo que deseja a “transformação missionária da Igreja” e apresenta a exortação como “indicação de caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos”. É um documento programático que me alegra, motiva e dá forças para olhar para frente com esperança. Minha expectativa é continuar bebendo da fonte no encontro com o ressuscitado numa vida diária de oração e escuta da Palavra de Deus, cultivando a fé, partilhando a vida e missão em equipe de trabalho com os secretários das POM e funcionários, mantendo a centralidade em Jesus Cristo e seu Reino. Acredito que deste encontro e escuta, brota toda animação missionária de comunicar o que se experimentou. Sair e não ficar parado ou estacionado, esperando em casa que outros venham. Sair com o princípio da misericórdia, tocando as chagas, indo às periferias e deixando-se tocar e evangelizar pelos que sofrem. Me encanta, compartilhar a vida num movimento de dar e receber: “Encontrados para encontrar. Amados para amar. Perdoados para perdoar”, como repete o papa Francisco.
Na realidade, tenho muitas as expectativas e sonhos. Todos numa direção de comunhão com os setores, organismos, comissões, forças missionárias da Igreja no Brasil. Gostaria de dar continuidade ao grande trabalho que vem realizando o atual diretor padre Camilo Pauletti, sobretudo pelo seu testemunho de vida dedicado à causa missionária. Mesmo diante da fragilidade na saúde não mediu esforços para que a consciência missionária crescesse no Brasil. A ele sou muito grato pela dedicação.
Na sua opinião, quais seriam os principais desafios da missão hoje?
Há muitos desafios missionários. O primeiro creio que seja a conversão pastoral já dito em Santo Domingo em 1992 e retomado em Aparecida em