Domingo da Palavra de Deus

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Vera Ivanise Bombonatto

Com a carta apostólica sob a forma de Motu Proprio Aperuit illis «ABRIU-LHES o entendimento para compreenderem as Escrituras» (Lc 24, 45).,1 o Papa Francisco estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”.

Esse documento foi divulgado no dia 30 de setembro de 2019, dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerônimo, início da celebração dos 1.600 anos da morte do conhecido tradutor da Bíblia para o latim que afirmava: “Ignorar as Escrituras é a ignorar o próprio Cristo”.

O motivo que levou o Papa Francisco a promulgar este dia especial foi para responder aos muitos pedidos dos fiéis para que na Igreja se celebre, de modo particular, o Domingo da Palavra de Deus.

No Motu Proprio Aperuit illis, o Papa começa lembrando a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,45): “Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das Sagradas Escrituras. Revela àqueles homens, temerosos e desiludidos, o sentido do mistério pascal, ou seja, que Ele, segundo os desígnios eternos do Pai, devia sofrer a paixão e ressuscitar dos mortos para oferecer a conversão e o perdão dos pecados; e promete o Espírito Santo que lhes dará a força para serem testemunhas deste mistério de salvação. ”

O Papa Francisco recorda que o Concílio Vaticano II “deu grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus com a Constituição Dogmática Dei Verbum”, e Bento XVI convocou o Sínodo, em 2008, sobre o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” e escreveu a Exortação Apostólica Verbum Domini, que “constitui um ensinamento imprescindível para as nossas comunidades”. Nesse documento, observa, “aprofunda-se o caráter performativo da Palavra de Deus, sobretudo quando o seu caráter sacramental emerge na ação litúrgica”.

Na história das religiões, não faltam iniciativas desenvolvidas ao redor da Palavra. Convém lembrar de modo particular, que no Brasil, desde 1971, a Igreja católica dedica o mês de setembro à reflexão, aprofundamento e vivência da Palavra. Cada ano a CNBB escolhe um texto bíblico para aprofundar.

O Papa Francisco explica: “O Domingo da Palavra de Deus”, “situa-se num período do ano que convida a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos”: “Não é uma mera coincidência temporal: celebrar o Domingo da Palavra de Deus expressa um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras indicam para aqueles que se colocam à escuta o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida”.

Francisco dá algumas orientações práticas de como viver esse domingo “como um dia solene. Entretanto será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus (…).

É fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada (…). Os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina.

 “A Bíblia”, escreve o Papa, “não pode ser patrimônio só de alguns e, menos ainda, uma coletânea de livros para poucos privilegiados (…). Muitas vezes, surgem tendências que procuram monopolizar o texto sagrado, desterrando-o para alguns círculos ou grupos escolhidos. Não pode ser assim. A Bíblia é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da dispersão e divisão à unidade. A Palavra de Deus une os fiéis e faz deles um só povo”.

 “Por isso, é necessário que nunca nos abeiremos da Palavra de Deus por mero hábito, mas nos alimentemos dela para descobrir e viver em profundidade a nossa relação com Deus e com os irmãos. A Palavra de Deus apela constantemente para o amor misericordioso do Pai, que pede a seus filhos para viverem na caridade. A Palavra de Deus é capaz de abrir os nossos olhos, permitindo-nos sair do individualismo que leva à asfixia e à esterilidade enquanto abre a estrada da partilha e da solidariedade.

Como o Papa Francisco costuma fazer, ele conclui essa carta com uma referência a Maria que nos acompanha “no caminho do acolhimento da Palavra de Deus”. “A bem-aventurança de Maria antecede todas as bem-aventuranças pronunciadas por Jesus para os pobres, os aflitos, os mansos, os pacificadores e os que são perseguidos, porque é condição necessária para qualquer outra bem-aventurança. ”

REFERÊNCIA:

Papa Francisco, Motu Proprio Aperuit illis, publicado em 30 de setembro de 2019.

<https://www.vaticannews.va/pt.html> (acessado em 22 de janeiro de 2020)

 

 

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