Dom Erwin, 50 anos no Xingu: vitórias e tristezas

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Cidade do Vaticano (RV) – Chegado ao Brasil recém-ordenado, aos 26 anos, em 1980, Padre Erwin Erwin foi trabalhar no Pará: vigário cooperador de Altamira; pároco de São Francisco Xavier de Souzel; reitor da Escola Apostólica São Gaspar, Altamira; professor de Filosofia Educacional e Psicologia Educacional no Instituto Maria de Mattias de Altamira; ecônomo da Prelazia do Xingu; e encarregado pastoral de Vila Vitória. Recebeu a cidadania brasileira em 1981.

Há cinquenta anos, Dom Erwin vive ao lado dos índios, dividindo com eles o empenho de salvar a floresta da insaciável fome de recursos das grandes empresas, usinas, madeireiras e monoculturas.

Ser emérito

Em entrevista concedida em 2012, Dom Erwin declarou que “tornar-se bispo emérito não significa entregar os pontos” e assegurou que seu empenho em favor da dignidade e dos direitos dos povos indígenas, dos ribeirinhos, das mulheres, das crianças, dos jovens, dos expulsos de casa e terra, dos agredidos e machucados, enfim, de todos os “excluídos do banquete da vida” e a defesa do meio-ambiente, o “lar” que Deus criou para todos nós, vão continuar enquanto Deus lhe der o fôlego.

No dia em que sua renúncia foi aceita, quarta-feira, 23 de dezembro, Dom Erwin conversou com a RV:

“Faz tempo que já pedi a renúncia e escrevi a carta ao nosso Papa e durou um bocado de tempo até que agora, acharam o sucessor. Tenho fé em Deus que tudo continue nas linhas que nós há tantos anos estamos realizando aqui e fé em Deus que o novo bispo tenha a força e a coragem, com a graça de Deus e a iluminação do Espírito Santo para que possa tomar conta realmente desta imensa prelazia que é maior que a Itália e a maior circunscrição eclesiástica de todo o Brasil. É uma diocese bastante complexa e em parte, bastante conflitiva; estamos enfrentando não sei quantos desafios aqui… então, espero que o novo bispo tenha esta força e possa, com a graça de Deus, servir ao povo de Deus do Xingu”.

Os momentos mais felizes e menos felizes desta trajetória

“Os momentos mais felizes continuam, quer dizer, estou no meio deste povo, nas comunidades, aonde leigos e leigas assumiram a sua responsabilidade. Temos apenas 31 padres para 800 comunidades e uma parte deles tem mais de 70 anos. Se a leiga e o leigo não assumem, então não tem Igreja. Isso para mim é uma alegria ver esta responsabilidade baseada no batismo e no sacramento da crisma. Isto é uma vitória para mim. Outra vitória é que, como Presidente do CIMI, conseguimos em 1987 inscrever os direitos dos povos indígenas na Constituição Federal. Foi uma luta imensa, mas Deus ajudou e agora, continuamos pedindo a Deus que não seja alterado o enunciado na própria Constituição. Isto seria um desastre para os povos indígenas. Tive outras, tantas alegrias”.

“Os momentos mais tristes, você pode imaginar, são os momentos em que estamos diante do caixão de uma pessoa que foi assassinada… tivemos vários casos em nossa prelazia nos últimos anos… Irmã Dorothy, o Dema, Irmão Beto, e o Padre Tori, que faleceu ao meu lado naquele desastre… estes são momentos que não podemos esquecer, fazem parte da vida”.

O novo bispo deverá ter coragem

“É… o Papa fala sempre de coragem.. Seja corajoso e também muito misericordioso!”.

(CM)

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