Dia Mundial dos Pobres 2020

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Este ano, o IV Dia Mundial dos Pobres será celebrado no 33º Domingo do Tempo Comum, no dia 15 de novembro. Torna-se relevante, de início, estabelecer um paralelo entre o título da habitual mensagem do Papa Francisco para esse evento sociopastoral – “Estende a tua mão ao pobre” (Eclo 7,32) – e o lema proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil  (CNBB) para o Mês da Bíblia – “Abre a tua mão para teu irmão” (Dt 15,11).

A sintonia não poderia ser mais perfeita. Ambas as frases, tiradas das páginas bíblicas, se centram na preocupação com o pobre/irmão. Transparece com uma nitidez luminosa o rosto divino, simultaneamente paterno e materno. Deus ama e protege todos os seus filhos, porém manifesta uma preocupação muito particular por aqueles que, pelas mais diversas circunstâncias, têm a vida ameaçada. Onde a existência está por um fio, é preciso fortalecer a fé e a esperança.

Como na conhecida parábola da “ovelha perdida”, o olhar do Pastor recai, em primeiro lugar, sobre os mais indefesos, excluídos e vulnerabilizados. Concentra-se, de maneira prioritária, contudo não exclusiva nem excludente, sobre a multidão dos sem vez e sem voz. Essa linha de reflexão faz emergir um dos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja (DSI), com destaque para os documentos do Concílio Vaticano II, bem como do episcopado da América Latina e do Caribe: a opção preferencial pelos pobres.

Tanto na ênfase da DSI quanto na preocupação do episcopado deste subcontinente, estão em jogo, por um lado, a defesa dos direitos humanos das pessoas e categorias que vivem à margem da sociedade e, por outro, o resgate da dignidade humana. A pandemia de COVID-19, além de deixar um rastro fúnebre de mortes com suas famílias enlutadas, tem acentuado a desigualdade social, seja em nível da economia globalizada, seja no interior de cada país. Pior, ainda, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) vem alertando para o agravamento, na pós-pandemia, da pobreza, da miséria e da fome.

Daí o apelo sinérgico do Pontífice e da Igreja no Brasil: abre e estende a mão ao outro, ao pobre, ao irmão. Apelo que, de resto, também está em consonância com o conceito de “Igreja em saída”, Igreja missionária, tão insistentemente repetido pelo Santo Padre. E ainda está em harmonia com a recente encíclica Fratelli tutti (Somos todos irmãos), sobre a fraternidade e a amizade social. Conclui-se que, no contexto trágico e desigual da disseminação do novo coronavírus, cabe um chamado forte e generalizado à solidariedade universal.

Um chamado que envolva todas as pessoas, grupos, movimentos, organizações, Igrejas, institutos religiosos, sociedades, nações, organismos e entidades internacionais – mas, também, as diferentes instâncias de cada formação social, sejam elas de caráter popular, religioso, político ou cultural. A encíclica “martela” a tecla da distribuição da renda e das riquezas, mais do que a ânsia frenética da produção, do consumo e do descarte. Irmãos, entre nós, humanos, e no convívio com a “nossa casa comum”, eis o grande desafio.

Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (scalabrinianos).

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