Deveres e direitos: inseparáveis

Compartilhe nas redes sociais

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no telegram
Telegram

O ser humano apóia-se com exagero e ilusão nos direitos humanos. Diante de situações adversas, sabe subitamente recorrer aos seus direitos, mas parece lento em reconhecer seus deveres ao lidar com o outro e a sociedade. Sem os deveres e direitos integrados, torna-se praticamente impossível a vida pessoal e social. Sem os deveres e direitos integrados, o cidadão e a sociedade não crescem, permanecem no patamar da imaturidade, sempre atentos a situações que lhes tragam vantagens e, infantilmente egocêntricos, geralmente não se preocupam em olhar para as necessidades alheias.

Muitas empresas, por exemplo, procuram explorar seus funcionários e fazê-los lucrar além dos limites – situando o lucro como fim, não meio de dignificar o ser humano e de melhorar o mundo: a ambição é sinal de imaturidade –, e muitos trabalhadores, por sua vez, procuram criar situações que possam render-lhes vitórias judiciais, se demitidos – situando o trabalho como mera fonte de renda, não oportunidade de crescer e de construir um mundo melhor: também a desonestidade é sinal de imaturidade. A sociedade exige do cidadão e das empresas o pagamento dos impostos, mas se esquece, muitas vezes, do dever de aplicar bem os recursos na solução de problemas sociais. Por outro lado, há cidadãos e empresas que reclamam que a sociedade não soluciona os problemas, mas, sempre que podem, sonegam os impostos.

Os deveres e direitos integrados se aplicam em todas as situações: tem-se o direito à saúde, mas também o dever de cuidar de si, na dimensão física, emocional e espiritual; tem-se o direito à educação, mas também o dever de cuidar de sua formação permanente; tem-se o direito a uma escola de alto nível e de professores excelentes, mas também o dever de ler, estudar e pesquisar; tem-se o direito à família, mas também o dever de cuidar dos pais, irmãos e demais parentes; tem-se o direito a um nome e sobrenome, mas também o dever de cuidar da própria imagem; tem-se o direito de eleger os representantes políticos, mas também o dever de acompanhá-los e verificar se atuam com transparência, ética e eficiência; tem-se o direito a um bom e belo ambiente cultural e natural, mas também o dever de cuidar da sociedade e da natureza; tem-se o direito de ser amado, mas também o dever de amar; enfim, tem-se o direito de ter direitos, mas também o dever de assumir os deveres.

Diante disso, a posição apropriada, acolhida e defendida não deveria ser “direitos e deveres”, mas “deveres e direitos”: por questão de sequência lógica e por questão de ordem alfabética. Essa inversão é desastrosa. A desarmonia entre deveres e direitos opõe-se ao Cosmos. Cosmos significa harmonia, beleza, estética, oposto ao caos, que é a presença de problemas sociais e ambientais. Assim, o ser humano e a sociedade, ao provocarem tantos problemas, por não harmonizarem deveres e direitos, estão desafinados com a vida.

Integrar deveres e direitos chama-se formar o bom cidadão. Formação iniciada na infância, em casa, ampliada e aprofundada na escola.

Publicações recentes