Na Amazônia, a Vida Religiosa Consagrada tem sido, há décadas, presença de solidariedade e compromisso social com mais vulneráveis. A Conferência dos Religiosos do Brasil que hoje conta com mais de 33 mil consagrados no país reafirmam o cuidado com a Casa Comum e a defesa dos povos originários.
Estamos presentes em vários espaços prioritários e durante a COP30, que acontece entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), o testemunho da Vida Religiosa expressa o princípio da ecologia integral, que une o clamor da terra e dos pobres.
Nesta quarta-feira, 12 de setembro, durante a COP30, a presidente da CRB Nacional, Irmã Maria do Disterro Rocha, as assessoras do Setor Missão, Irmãs Rosa Elena e Michele da Silva e tantos outros religiosos e religiosas participam do espaço aberto das reflexões e ações práticas do cuidado com o planeta e justiça climática.
Na tarde deste dia, a Vida Religiosa Consagrada nas suas mais diferentes formas participou do Simpósio “A Igreja Católica na COP30 nos caminhos da Ecologia Integral: refletindo sobre justiça climática e conversão ecológica”, realizado no Colégio Santa Catarina de Sena. O encontro reuniu lideranças religiosas, povos indígenas, cientistas e representantes de organizações ecumênicas e públicas.
A atividade também contou com coletiva de imprensa, promovido pela CNBB destacando o papel da Igreja diante da crise climática e a necessidade de conversão ecológica, em sintonia com o Papa Francisco e o apelo para cuidar da Casa Comum.
Antes mesmo de a pauta ambiental chegar às cúpulas internacionais, religiosas e religiosos já caminhavam com os povos da floresta, denunciando a destruição ambiental e a exploração humana. Desde o Documento de Santarém (1972), passando pela Laudato Si’ (2015), pela exortação Querida Amazônia (2020) e pelo Sínodo para a Amazônia (2019), a Igreja no Brasil, com a Vida Religiosa Consagrada, reafirma que a defesa da Amazônia é expressão de fé e compromisso evangélico.
Esse caminho se sustenta na convicção de que cuidar da criação é cuidar do Evangelho. O cuidado se manifesta nas comunidades religiosas que unem evangelização, justiça socioambiental e defesa dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas.
A atuação da CRB Nacional e das congregações diante da crise climática parte da ideia de que não há cuidado com o planeta sem justiça social. Inspirada pelo Papa Francisco, a ecologia integral reconhece a ligação entre o bem-estar da natureza e o das pessoas, sobretudo as mais vulneráveis.
A conversão ecológica é parte dessa missão: um processo de transformação que convida a deixar o paradigma do lucro e da dominação para adotar uma cultura do cuidado e da fraternidade. Cuidar da floresta, das águas e dos povos da Amazônia é parte do seguimento de Jesus e expressão do Evangelho vivido.
A presença da Vida Religiosa na Amazônia é também uma presença política, no sentido de dar voz aos que são silenciados. Em comunhão com a CNBB, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a REPAM, Rede Clamor e pastorais sociais, a CRB Nacional se soma às vozes que denunciam projetos de destruição e reafirma que o futuro da Amazônia depende do respeito aos direitos e à dignidade de seus povos.
Religiosas e religiosos caminham com comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e periféricas, defendendo a vida contra a exploração. Como disse Dom Leonardo Steiner, “a Amazônia não está sendo devastada pelos povos indígenas, mas por aqueles que vieram para saquear e dominar.”
A CRB Nacional entende que a resposta à crise climática não virá apenas de acordos políticos, mas do testemunho de comunidades que vivem o cuidado no cotidiano. Por isso, as congregações religiosas realizam hortas comunitárias, programas de educação ambiental, mutirões de reciclagem, projetos de reflorestamento, oficinas de economia solidária e ações pastorais com juventudes.
Essas experiências e a presença da Vida Religiosa na COP30 mostram ao mundo uma Igreja comprometida com o futuro da Amazônia e com uma cultura ecológica que integra fé, ciência e solidariedade.
Para a CRB Nacional, participar da COP30 é afirmar, com a vida e o testemunho, que outra forma de viver é possível. A Igreja do Brasil vai à COP levando a voz dos territórios, dos povos e das comunidades que resistem.
Enquanto o mundo discute metas e números, a Vida Religiosa Consagrada lembra que a crise climática é também uma crise espiritual e moral. A resposta começa na conversão do coração e se traduz em novos modos de vida.
Religiosas e religiosos se colocam como promotores da vida e guardiões da criação. Seu testemunho é um anúncio ao mundo: a fé cristã está unida ao compromisso com a justiça, com os povos originários e com o cuidado da Casa Comum.











