Testemunho missionário: Irmã Genoveva viveu 50 anos com o povo Tapirapé

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Por Luiz Gouvêa de Paula e Eunice Dias de Paula| 20.10.14||Irmãzinha Genoveva Helena de Jesus fez sua passagem para a casa do Pai no dia 24 de setembro de 2013, após viver 61 anos entre os Apyãwa (Tapirapé), povo indígena que habita a região nordeste do Mato Grosso. Genoveva ou simplesmente Veva, como era mais conhecida, (Mareaxigi, seu nome tapirapé), nasceu na França em 19 de agosto de 1923. Chegou ao Brasil em 1952 e, juntamente com as Irmãzinhas Clara e Denise, assumiu a primeira missão da Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus no continente.

Essa missão se concretizou, inicialmente, entre os povos indígenas Apyãwa (Tapirapé) e Iny (Karajá) e depois se fixou entre os Tapirapé. A escolha pelos povos indígenas foi feita seguindo o carisma da “Fraternidade”, que funda suas casas entre os povos mais esquecidos e abandonados nos diferentes países do mundo. Na época, os Tapirapé estavam em sério risco de extinção por causa de muitas doenças.

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As três jovens Irmãs foram acolhidas pelos Tapirapé, iniciando logo o aprendizado de como viver na aldeia. Por outro lado, os Tapirapé necessitavam dos conhecimentos trazidos por elas sobre as doenças ocidentais. A inserção aconteceu sempre a partir de uma postura de total respeito à cultura e ao modo de ser indígena. Ao contrário da imposição, elas procuraram aprender os valores que organizavam a vida deles, buscando entender o diferente: começaram a viver com eles o evangelho da fraternidade na roça, na luta pela mandioca de cada dia, no aprendizado da língua e no incentivo a tudo o que era deles, inclusive a religião, em um percurso solidário. O anúncio da Boa Nova feito pelo testemunho da vida compartilhada. Esse modo de agir das Irmãzinhas lançou as bases para uma nova forma de atuação do trabalho missionário que inspirou a fundação, em 1972, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão da CNBB que articula missionárias e missionários católicos que atuam no mundo indígena.

Os Apyãwa cresceram e se multiplicaram. Hoje são cerca de 850 pessoas vivendo em sete aldeias. Irmã Veva viveu o compromisso pelo amor gratuito, sem busca de recompensas. Sua vida de doação sem limites constitui um impressionante testemunho de vida cristã. Para a jornalista Liliane Luchin “trata-se de uma vida de doação, sacrifício e, sobretudo, de muito amor aos últimos, aos esquecidos do mundo”.

Coerente com o seu testemunho, ela quis ser enterrada conforme os ritos dos Apyãwa, que também desejavam celebrar as cerimônias fúnebres conforme a tradição “em retribuição por ela ter participado dos funerais das pessoas da aldeia que já haviam falecido” como explicou Wario, uma liderança do povo. Por dois dias e uma noite eles entoaram os lamentos chorosos apropriados à partida de alguém para a “aldeia de cima”. Seu sepultamento contou também com a presença de vários sacerdotes e religiosas, leigos e leigas cristãs das cidades próximas. Participaram também representantes do Cimi e da Comissão pastoral da Terra (CPT).

* Luiz Gouvêa de Paula e Eunice Dias de Paula, educadores, missionários leigos do Cimi – Mato Grosso. (Publicado no livrinho da Novena Missionária 2014, p.31).

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