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Santa Sé na ONU: “Racismo é ultraje à dignidade”

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Cidade do Vaticano (RV) – “Racismo, discriminação racial e xenofobia são um grave ultraje à dignidade humana e obstáculos imperdoáveis para a construção de uma comunidade internacional engajada na promoção dos direitos humanos”: foi o que disse Dom Bernardito Auza, Observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas em Nova York, falando na 70ª Assembleia Geral da ONU terça-feira (03/11). A dignidade humana – explicou – pertence a todo ser humano, sem distinção de raça, sexo, origem nacional ou étnica, religião.

Existem hoje no mundo mais de 60 milhões de pessoas refugiadas, à espera de asilo e deslocadas internas por causa de guerras e perseguições. Quinze novos conflitos começaram ou recomeçaram nos últimos cinco anos, e outros não foram resolvidos. O que assusta mais – observou – é que parecem não ter fim. Embora consciente das dificuldades relativas às migrações e aos êxodos forçados, Dom Auza solicitou um olhar ao ‘rosto humano’ da migração e a ‘reconhecer os migrantes como irmãos seres humanos, com a mesma dignidade e os mesmos direitos de todos’.

O observador pediu que não se rotule o próximo como ‘uma ameaça ao nosso sistema de vida’ e que se transformem as crises em oportunidades para realizar um mundo mais fraterno e mais justo para todos.

Dom Auza dirigiu ainda um apelo aos Estados e governos para que reexaminem as leis que podem eventualmente gerar xenofobia, discriminação étnica e religiosa, ou até mesmo violência. E aos homens de religião, pediu que se respeitem e alimentem o diálogo e a cooperação.
“As discriminações raciais, a xenofobia e a intolerância – concluiu Dom Auza – não têm lugar em um mundo comprometido com a paz, o autêntico pluralismo e o bem comum de toda a humanidade”.

Já no dia anterior (02/11), o Observador se pronunciou diante da Assembleia a respeito de ‘Desenvolvimento agrícola, segurança alimentar e nutrição’, ressaltando que “não obstante os sucessos que em 25 anos tiraram 215 milhões de pessoas da fome e permitiram mais de 50 países reduzirem a desnutrição de seus povos à metade, os progressos atuais para erradicar a fome continuam desiguais”.

Cerca de 800 milhões de pessoas permanecem cronicamente famintas, a maior parte delas no sudeste asiático e nos países da África sub-Sahariana. “Derrotar a fome até 2030 será possível somente em sociedades pacificadas”, declarou Auza. “Não se pode esquecer que a fome, como todas as formas de pobreza, é exacerbada pela exclusão”, prosseguiu.

No mundo, existem mais de 500 milhões de fazendas com condução familiar, a maior parte delas pertencente a agricultores, povos índios, comunidades tradicionais e outros grupos rurais. Eles são uma importante parte da solução para um mundo livre de pobreza e fome. “E é na família – concluiu o diplomata – que um aprende a proteger o outro, a amar a harmonia da criação sustentável e a cuidar da nossa casa comum”.

(CM)

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