Professor salesiano realiza trabalho voluntário na África

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Glauco de Souza Santos, professor de História da Rede, realizou seu sonho de garoto e embarcou para uma missão solidária na África, trabalhando um mês em obras salesianas de Moçambique.

Por Ana Consena| Ultrapassar fronteiras, ir a um país distante para solidarizar-se com quem precisa de ajuda humanitária. Muitas vezes isso não passa de uma ideia vaga no coração das pessoas que admiram o trabalho missionário. Esse era também o ideal do educador Glauco de Souza Santos, de 28 anos, professor de História no Instituto São José (ISJ), unidade da Rede Salesiana de Escolas em São José dos Campos-SP. Era, ao menos até o final do primeiro semestre de 2014, quando Glauco decidiu realizar o seu antigo sonho e embarcou para Moçambique, no Continente Africano, onde ficou um mês dando formações a crianças, adolescentes e educadores em escolas salesianas.

A vontade de ser um missionário se instalou em Glauco há muito tempo, quando estava ainda no ensino médio – cursado na escola salesiana onde hoje leciona. Ele se formou em Publicidade e Propaganda, trabalhou na área, mas um dia a vocação de ensinar falou mais alto: “Chegou um momento em que percebi que não era aquilo que eu queria. Então fui fazer outra graduação, em História, para poder dar aula”, conta.

Antes de embarcar rumo a Moçambique, Glauco chegou a avaliar outras possibilidades: parcerias do governo brasileiro com o Timor Leste, programas da ONU para voluntários, até que percebeu: a oportunidade estava diante de seus olhos. Afinal, ele trabalhava em uma escola salesiana, fazia parte de uma Congregação com trabalhos sociais espalhados por todo o mundo.

Animado com as possibilidades, decidiu conversar a respeito com a diretora do colégio, Irmã Lúcia Maistro. “Ela adorou a ideia e me colocou em contato com a inspetora das Salesianas em Moçambique. Assim, pude usar minhas férias para realizar esse sonho”, recorda.

Atividades de formação em Moçambique

Ao chegar ao país, Glauco ficou um dia na capital Maputo, e depois seguiu para Moatize. Hospedou-se na casa das irmãs Filhas de Maria Auxiliadora (FMA – Salesianas) e, durante seu trabalho, teve contato direto com alunos e educadores das escolas salesianas locais. Para os estudantes, deu aulas de reforço e trabalhou valores e princípios, orientando os alunos a pensar questões de amizade, respeito aos pais, professores e colegas.

Com os professores, realizou uma capacitação de duas semanas. No início da primeira semana, assistiu às aulas de todos eles, da educação infantil ao ensino fundamental. “Montamos a capacitação em cima disso. Tivemos três encontros. O primeiro tratou sobre como desenvolver a autonomia do aluno, fazer com que o aluno possa buscar o conhecimento de maneira autônoma. Trabalhamos também a personalização do ensino: olhar cada aluno como um indivíduo, com suas dificuldades”, relata. Glauco também falou aos educadores sobre as características da educação salesiana e do professor que aplica, no dia a dia, o Sistema Preventivo de Dom Bosco. “Tratamos sobre como ter uma relação de bondade e de proximidade com o aluno, saber ouvir e estar entre os alunos, evitando um pouco a postura autoritária”.

Lembranças de uma realidade difícil

Glauco levou para casa muitas lembranças de uma situação econômica, social e política complicada vivida pelos moçambicanos. Na primeira semana, teve dificuldade em se adaptar àquele mundo bastante diferente de seu cotidiano em São José dos Campos. “Vi muita situação de pobreza, talvez comparável ao que a gente tem no sertão do Nordeste. Falta tudo.” Para exemplificar, ele cita a condição precária das vestimentas de muitas crianças, a falta de água encanada e energia elétrica, a exploração do povo por empresas e as poucas ONGs e obras sociais engajadas no enfrentamento da situação.

Ao mesmo tempo, ele destaca as boas impressões que lhe causou o espírito de entusiasmo e luta do povo de Moçambique. “Mesmo vivendo uma situação de dificuldade, é um povo que luta, que batalha, e que vence. E é um povo muito feliz, que sempre está cantando e dançando, até como uma forma de espantar a tristeza”, ressalta. O professor da Rede também diz ter crescido muito como ser humano e hoje vê a própria vida com outros olhos: “Às vezes a gente reclama muito. Há coisas que são normais para a gente que tem, mas que grande parte do mundo simplesmente não tem. Percebi que precisava dar mais valor para coisas simples do dia a dia. Isso também foi uma experiência”.

Quando o professor Glauco voltou ao Brasil e ao Instituto São José, a Irmã Lúcia organizou palestras especiais com os alunos, do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Nesses momentos, e também em sala de aula, o educador contou às crianças, jovens e aos colegas educadores os detalhes da experiência na África. “Acho que o mais importante é estimular as pessoas. Aqui mesmo na cidade é possível fazer esse trabalho de doação, não precisa ir para a África”, destaca. Com o espírito renovado, Glauco de Souza Santos retoma as aulas de História e as contribuições diárias à preparação dos seus alunos para os desafios dos vestibulares e da vida.

A Rede Salesiana de Escolas

A educação salesiana está presente no Brasil há 130 anos e se caracteriza por uma pedagogia baseada no amor, na ciência e na espiritualidade. Em 2001, começou a se concretizar a proposta de uma rede de ensino que pudesse unir as dezenas de escolas que compartilhavam dessa concepção pedagógica-pastoral em torno de um projeto conjunto e inovador. Hoje, a Rede Salesiana de Escolas (RSE) é a maior rede católica de ensino das Américas: congrega cerca de 5 mil educadores e 85 mil alunos, em mais de cem instituições de ensino em todo o País.

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