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“Na Amazônia a Vida Religiosa é necessária”, garante jovem missionária

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Por Rosinha Martins| 12.04.2016| Irmã Alecsandra Pina de Oliveira participou no período da Semana Santa, da Missão da  Vida Religiosa Jovem na Amazônia. Entusiasmada com o que viu, viveu e ouviu, ela conta um pouco do que foi esta experiência. Irmã Alecsandra é membro da Congregação das Irmãs Teresianas e vive em Guarapuava, interior do Paraná. Leia a íntegra do relato.

Lugar sagrado…aqui se tem sede de Deus

A Vida Religiosa Jovem do Brasil foi desafiada e sair de sua ‘zona de conforto’ e ir ao encontro de Deus junto às comunidades da Diocese de Amapá, durante a Semana Santa. Tive a oportunidade de participar deste momento e estou encontrando dificuldade em traduzir o vivido, o experimentado com o povo desta realidade.

Ficamos na comunidade São Tomé na Vila Maracá, na cidade de Mazagão. Éramos quatro religiosos, sendo quatro religiosas e um sacerdote.

Uma comunidade pequena que tira seu sustento praticamente da colheita da Castanha e, chegamos justamente no tempo da colheita. Neste período é comum encontrarmos as famílias somente com as mulheres na casa, pois os homens estão pra mata, trabalhando. Para chegar aos castanhais o acesso único é o rio Maracá e as viagens duram dias.

O povo tem seu jeito próprio de viver e expressar sua fé que não é pior, nem melhor, é simplesmente a sua maneira. Um dos gestos e atitudes que mais calou em nossos corações foi a generosidade. Nunca tinham tido a presença de religiosos/sacerdotes durante o tríduo pascal, tudo era novidade. Queriam nos mostrar tudo, o melhor que tinham. Estão em um processo de reorganização após dois anos sem a Celebração
Eucarística.

Em gesto de partilha, também viabilizaram a visita às comunidades mais próximas, para também terem a oportunidade de ter Missa na Semana Santa. Entre elas fomos uma comunidade Quilombola a qual Nossa Senhora da Conceição é a Padroeira, Dona Maria, uma das matriarcas, a qual, emocionada, partilhou: “tenho 80 anos e é a primeira vez que participo de uma missa em dia santo”.

Sim, o povo da Amazônia tem sede de Deus e anseia por pessoas que se disponham a partilhar a fé e a vida com eles. Aqui neste lugar em que Deus se revela no ritmo das águas, faz-se necessário tirar as sandálias e tocar o chão com os pés descalços, como bem nos disse a dirigente da comunidade em uma das ocasiões de partilha, “quem tem seus costumes, que deixe em casa”.

E de fato foi esta a experiência: sair de si e propor-se a estar com o outro, a outra, partilhando de sua forma de viver, acolhendo em silêncio o que não compreendemos e buscando aproximar-se ao máximo do lugar de onde falam. Em cada oportunidade de escuta e partilha, nos falavam de seu desejo de formação, materiais para catequese, curso de capacitação para lideranças, músicas para liturgia e outras pastorais.

Sou grata a Deus por se revelar tão próximo e humano, por revelar seu olhar misericordioso em cada gesto, em cada abraço. Fiz a experiência de sentir Deus no ritmo das águas, de contemplar sua face em cada rosto com marcas de uma história, com um sorriso cheiro de esperança e com um abraço de quem se sente ‘parente’, “vai com Deus mana, espero que um dia a gente de encontre”, “não esquece de nós”… Como esquecer o que fica gravado no coração e gera germes de ressurreição?

Feliz pela experiência missionária nesta terra sagrada. Sigo meu caminho com coração agradecido e desejosa de gastar minha vida, minha juventude na partilha e soma de sonhos, tornando real e concreto o Reino de Deus! Na Amazônia a Vida Religiosa é necessária, e útil!

Por Irmã Alecsandra Pina de Oliveira

Companhia de Santa Teresa de Jesus

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