Massacre de padres em Parma: coronavírus mata pelo menos 12 missionários de uma mesma comunidade

Compartilhe nas redes sociais

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no telegram
Telegram

Em pouco mais de duas semanas, na casa mãe dos xaverianos em ParmaItáliamorreram 12 missionários. Uma situação dramática que se soma aos 67 padres que morreram até agora em toda a Itália devido ao contágio da Covid-19.

A reportagem é de Domenico Agasso Jr. e Franco Giubilei, publicada em La Stampa, 25-03-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Os próprios números dizem que a região de Parma é uma das mais atingidas pela pandemia na Emília-Romanha. Há vários dias, essa província se encontra no segundo lugar, depois de Piacenza, tanto em número de doentes (só na terça-feira, 71 a mais) quanto de mortes (20 a mais), mas o que está acontecendo no prédio da rua San Martino tem proporções ainda mais graves: “Assemelha-se a uma dizimação, que começou há cerca de 16 dias e continuou quase no ritmo de uma morte por dia”, conta Rosario Giannattasio, padre superior da congregação fundada em Parma há mais de um século. “Aqui, atualmente, hospedamos 43 ou 44 coirmãos de passagem ou de retorno das missões. Aqui também há várias atividades administrativas e uma enfermaria no quarto andar.”

Os rostos e as histórias dos missionários falecidos, todos com mais de 73 anos, alguns com mais de 90 anos e já em condições de saúde muito precárias, estão publicados no site oficial da congregação. O que chama a atenção também é o fato de que falta a certeza sobre a causa da morte: “Coronavírus? Não podemos saber com certeza, simplesmente porque não fizeram as análises”, explica o padre superior. “Os certificados médicos falam de parada cardíaca ou de outros motivos. Certamente os mais velhos foram os mais atingidos. Temos sorte de ter um médico interno, que cuida dos nossos coirmãos, porque nos sentimos um pouco sozinhos.”

O religioso acrescenta que apresentou a situação às autoridades de saúde ainda com os primeiros casos suspeitos, tanto que, “no dia 11 de março passado, os empregados foram removidos”. Também foram fechadas e higienizadas a lavanderia e a cozinha, e as refeições foram confiadas a uma empresa externa. Três empregados foram testados positivos para o coronavírus, um sinal claro de que a infecção se espalhou na estrutura.

Atualmente, os xaverianos estão observando a quarentena, mas, na casa mãe, há outros hóspedes em risco: “Sete ou oito pessoas não estão bem. Outras duas já estão no hospital, e há o risco de que o massacre continue. Tenho a sensação de que o sistema de saúde está realmente custando a enfrentar a emergência e não está funcionando”.

A agência de saúde de Parma, sitiada pelo contágio em contínuo crescimento que também se abate sobre muitas outras estruturas para idosos, dizem ter ativado os procedimentos do caso há mais de 10 dias: “Quando fomos informados, interviemos com uma investigação epidemiológica, demos indicações sobre como enfrentar a situação e colocamos a casa em quarentena”, explica Bianca Borrini, do serviço de higiene pública. “A nossa pneumologista foi duas vezes ao local, que também foi visitado pelos médicos e pela assistência pública”.

Esse caso se soma aos primeiros dados comoventes que surgem no clero italiano. Os padres estão pagando um preço muito alto à pandemia. O coronavírus foi letal para 67 sacerdotes, 22 apenas na Diocese de Bérgamo. Mas também há lágrimas em LodiMilãoCremonaMântuaParmaPesaro, La SpeziaNuoroSalerno. A maioria morreu “em campo”, plenamente em atividade.

Nessa terça-feira, o papa lembrou-se deles, junto com médicos e enfermeiros que perderam a vida “porque estavam a serviço dos doentes”.

Os lutos no mundo eclesiástico são muito maiores, porque o cálculo não inclui missionários, religiosos e freiras, que não estão diretamente ligados à Igreja Italiana, mas sim às suas respectivas ordens e congregações (é o caso dos xaverianos de Parma), como explica Francesco Ognibene, jornalista do Avvenire, a quem se deve o complicado trabalho da primeira contagem.

Chora-se pelo Pe. Franco Carnevali, 68 anos, que na Lombardia “fez muito bem à vida de muitos”, escreveu o Pe. Davide Milani. Em Bérgamo, o vírus também levou embora o Pe. Fausto Resmini, 67 anos, “padre dos últimos”: ele criou a Comunidade para Menores Don Milani, de Sorisole, e, com o seu trailer do serviço “Exodus”, levava comida para os sem-teto.

No Sul da Itália, na Diocese de Salerno, o triste primado do mais jovem: o Pe. Alessandro Brignone tinha 45 anos.

Publicações recentes