Imigrantes se sentem em casa e agradecem novo espaço de acolhida

Compartilhe nas redes sociais

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no telegram
Telegram

Por Rosinha Martins| 18.12.2015| Eles chegam todos os dias do Mali, do Congo, Togo, Palestina, África do Sul, Burundi, Costa do Marfim, Síria, de Conakry- Guiné. São homens e mulheres, na sua maioria entre os 25 e 66 anos, que veêm no Brasil a possíbilidade de realização dos sonhos de emprego, liberdade e paz. A terra dos sonhos é a grande São Paulo. E recentemente uma casa foi inaugurada só para eles, por causa deles: a Missão Scalabriniana, no Alto do Pari.

Os imigrantes não hesitam em dizer quanto bem lhes faz saber que tem um casa de apoio e acolhida que lhes garante as condições básicas de sobrevivência.

Da Cisjordânia para o Brasil

John Kobi, natural de Beit Jala, próximo a Belém da Judeia, na Cisjordânia, chegou  há mais ou menos um mês. Veio para o Brasil fugindo das situações de guerra e conflitos constantes que vive a Palestina. Ele contou que trabalhava em um açougue, mas com a crise viu descer água a baixo suas possibilidades de crescimento econômico.

Durante a entrevista ele disse repetidas vezes, com um pouco de dificuldade na conversação, uma vez que o seu idioma é o hebraico: “Muito obrigado, muito obrigado. Graças a Deus temos uma casa para nos acolher. Graças a Deus. Muito obrigado”. Não me contive e respondi a ele com a canção do salmo 96. “Yismechu Hashamayim, Vetagel ha’aretz. Yiram hayam um’lo’o. Hava nagila hava”, que quer dizer: “O céu se rejubile e exulte a terra, o mar com tudo o que nele existe”. Alegremo-nos! Alegremo-nos!

“O maior desafio é a língua e a cultura”, diz congolês

Nem tudo é mar de rosas para quem tem que deixar sua cultura em busca de melhores condições de vida. Kanga Moke, 35, dá testemunho sobre os desafios da adaptação a um novo mundo. Natural do Congo – África, há 8 anos no Brasil, Kanga cativa as pessoas pela sua simpatia, educação e serenidade. Ele narra que não foi fácil se adaptar a costumes tão diferentes daqueles do seu país.

“O Brasil é muito diferente do meu país e estranhei muito a maneira como vivem os brasileiros. Eles tem muita liberdade e me perguntava de vez em quando: em que mundo estou? Hoje já me acostumei.

Ao ser questionado sobre a questão da liberdade, Moke, explicou: “Por exemplo, aqui o povo pode falar o quiser, fazer o que quiser na frente da pessoas”. E afirmou que em seu país há limites para a liberdade. “Há coisas que ninguém pode ver, como por exemplo, se beijar na rua, na frente de crianças, de estranhos…mas já me acostumei”, justifica.

Outra dificuldade, segundo Kanga, e a maior delas é a língua. “Quando me diziam bom dia, eu me perguntava o que era isso. No Congo falava o dialeto e o francês”.

Para o congolês participar da Missão Scalabriniana, é poder ajudar os imigrantes que chegam na mesma condição que ele chegou. “Eu quero contribuir e ajudar. Sou um deles, sofri muito e quero partilhar a minha experiência e orientar os que aqui chegam. É bom estar aqui”, atesta. Na Missão Scalabriniana Kanga Moke atua como sócio-educador no período da noite, uma vez que a casa funciona por 24 horas.

Formado em engenharia eletromecânica, Kanga Moke tem outros sonhos profissionais. Pensa ser enfermeiro ou assistente social.

“Me sinto mãe de cada um deles e os chamo ‘meus filhos'”, diz cozinheira

Simone Spina Santana é cozinheira na Missão Scalabriniana. Ela garante que trabalhar para e com os imigrantes é uma lição de vida. “Faço de tudo um pouco aqui como faxina, lavo vidro. Esses jovens chegam aqui sem a família. Me sinto mãe deles e os chamo de meus filhos (lágrimas). Amo ficar aqui e faço tudo com muito carinho, dou o melhor de mim. Aprendi a amar a gostar das Irmãs e é uma troca muito grande”.

Santana deixa um recado para aqueles que tem algum tipo de pré-conceito com os imigrantes. “Venha passar um dia inteiro aqui, ouvir as suas histórias, conversar com eles. Me enriqueço culturalmente e até o francês estou aprendendo com eles”.

Entre os imigrantes, que são na maioria do sexo masculino, se somam algumas mulheres que enfrentam os riscos da imigração na corrida pela vida. Felmaur Larufi, é natural de Uitenhage, Eastern Cape, África do Sul. Ela se comunica somente em inglês , sua língua oficial. “Vim para o Brasil na tentativa de conseguir emprego, pois vemos o Brasil como um país muito rico, onde se pode crescer e onde teremos oportunidades que não encontraremos em outro país”. Laurifi ainda não conseguiu emprego, e acredita que o primeiro passo é se empenhar no estudo do português.

Huguete Lubaki Kimango, 24, natural do Congo (foto à direita), está no Brasil há um ano. Ela explicou que veio para São Paulo a convite de um tio. “Ele me disse que viver no Brasil é muito bom. Sou fisioterapeuta e como não falo o português, ainda não consegui emprego na área mas sonho com isso. Quero muito melhorar o português”, manifestou. Kimango trabalha como ajudande de cozinha na Missão Scalabriniana.

A Missão Scalabriniana

A Missão Scalabriniana é a mais nova obra inaugurada no centro de São Paulo para acolher aos migrantes. Pertencente à Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo- Scalabrininas que tem por missão, há 120 anos, a acolhida aos imigrantes e refugiados, a casa foi inaugurada no dia 14 de outubro para atender cerca de 150 imigrantes. No momento, de acordo com informação da coordenação, a casa já abriga 140 deles.

O trabalho é feito em parceria com a prefeitura, o que segundo a gerente geral, Irmã Erta Lemos, facilita no enfrentamento dos desafios sócio-econômicos que são comuns nesse tipo de serviço. “A prefeitura de São Paulo é a grande aliada que nos deu a possibilidade de prestar esse serviço, pois sozinhos não conseguiríamos uma vez que ficaria muito caro economicamente. Além do mais é preciso ser forte moralmente para enfrentar todas as contradições que vem de fora, da sociedade”, contou a religiosa.

Lemos acrescentou que apesar do preconceito que é visível, existem muitas manifestações de apoio por parte da sociedade. E foi enfática: “Nós Scalabrinianas estamos muito, muito, muito felizes por poder prestar este serviço aos imigrantes. É a Jesus que nós servimos na pessoa de cada um deles”.

A gerente afirmou que a Missão aceita todo tipo de ajuda: material de limpeza, alimentos, roupas de cama, material para berçário, alimentação e outros.

Para fazer doações à Missão Scalabriniana, ligue: (011) 25395593

Fonte: CRB Nacional:  comunicacao@crbnacional.org.br / tel: 061 84240242

Publicações recentes