Curso de Animação Missionária debate Direitos Humanos e Relações étnico-raciais

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Por Jaime C. Patias|12.11.13|  “Animação missionária, Direitos Humanos e Relações étnico-raciais” é tema de estudo no 3º Encontro de formação para coordenadores de Conselhos Missionários diocesanos e paroquiais, e agentes de Pastoral Afro-brasileira. A formação que reúne em Brasília 50 lideranças é uma iniciativa do Centro Cultural Missionário (CCM) em colaboração com o Conselho Missionário Nacional (Comina).

O estudo conta ainda com a assessoria da Pastoral Afro-brasileira da CNBB e do Instituto de Filosofia Berthier (IFIBE), de Passos Fundo (RS), que ministra um curso de pós-graduação sobre essa temática.

As atividades abriram na manhã desta terça-feira, 12, com o estudo dos conceitos e concepções dos Direitos Humanos e das Relações étnico-raciais, reflexão feita pelo padre Dr. José André da Costa, diretor Geral do IFIBE. Na sua exposição o professor mostrou a lógica do sistema capitalista mercantil que se reinventa para se perpetuar atropelando os Direitos Humanos e ceifando vidas.

“Esse curso é um resgate da nossa identidade cultural, social e econômica, com um recorte da africanidade. Por isso, é muito importante discutir os conceitos e concepções, a cultura e a história africana. Estamos discutindo a base empírica de como foi possível montar esse sistema da escravidão e através dela fazer uma exploração desse continente extraindo a prata, o ouro o pau Brasil e implantar os ciclos da cana de açúcar, do café e hoje, da soja. Além disso, toda a produção da agropecuária no Brasil foi feita nesta estratégia”, explicou o assessor. “Para isso, foi preciso montar, a partir da Europa, um sistema para chegar a nosso Continente. Fez-se a descoberta dos lugares onde as pessoas habitam para transformar esses lugares em não-lugares. Vem um de fora e não respeita os costumes, a religiosidade e muito menos as expressões culturais. Pensar hoje os lugares significa restituir a cidadania”, argumenta padre José André e destaca. “Queremos discutir e reivindicar que é um direito habitar, ou seja, ter uma referência onde se possa dizer, aqui eu estou gerando vida porque a vida tem de ter a última palavra e não a morte. Precisamos acabar com a guerra, a escravidão, o genocídio, o racismo na sua face de xenofobia e a desqualificação, para respeitar a alteridade”.

A educadora e pedagoga, Maria Auxiliadora Lopes, trabalha no Ministério da Educação, no setor de coordenação para a educação das relações étnico-raciais. “Acho importante esse reflexão na Igreja por que nela estão os formadores de opinião. O que me preocupa são os educadores católicos. Eu sou aluna das Irmãs Clarissas Franciscanas e se eu não tivesse estudado num colégio como esse, eu mulher negra, não estaria no Ministério de Educação. Nos colégio católicos estão os formadores de opinião de amanhã, os jornalistas, os diretores, deputados e senadores, as pessoas que vão pra televisão dizer que os negros brasileiros são descendentes de escravos. Vão os escritores onde os livros didáticos não tem nada a ver com essa população negra”, avalia.

Maria Auxiliadora afirma que a maioria dos colégios não tem essa preocupação. “Mas, alguns, como os colégios Salesianos, estão revendo o processo pedagógico”. Ela veio para o curso porque é da Pastoral Afro e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e foi convidada pelo padre Jurandyr Azevedo Araújo, assessor nacional da Pastoral Afro-brasileira da CNBB. No curso, padre Jurandyr refletirá, neste quinta-feira, 14, sobre “Missão e alteridade: reconhecimento e fraternidade”.

Segundo o diretor do CCM, padre Estêvão Raschietti, essa temática é fundamental para a missão uma vez que queremos fazer um mundo de irmãos e irmãs. O religioso recorda uma passagem da Gaudium et Spes, documento do Concílio Vaticano II onde afirma que para promover a paz no mundo precisamos de duas coisas: “reconhecer os outros e promover laços de fraternidades. Eu posso reconhecer as pessoas sem promover a fraternidade, como posso promover a fraternidade sem reconhecer as pessoas. Por isso, para padre Estêvão, é preciso trabalhar o sentido de igualdade, mas também o sentido de diferença. “Precisamos respeitar as diferenças e criar relações que sejam construtivas. Isso tem a ver com os Direitos Humanos e Relações étnico-raciais”.

A programação se estende até sexta, dia 15, quando padre Estêvão Raschietti falará sobre a importância dos Direitos Humanos e das Relações étnico-raciais na Animação Missionária e na evangelização.

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