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CRB Nacional acolhe proposta da CRB SP

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Brasília, 20 de setembro de 2020

“Fazei tudo o que Jesus disser” (Jo 2,5)

Queridas/os Irmãos /ãs na Vida Consagrada

Há alguns dias recebi a comunicação do Dr. Willian Castilho partilhando o trabalho que desenvolverá na CRB Regional de São Paulo. Achei muitíssimo válido e propício para o momento que estamos vivendo e por isso a CRB Nacional vem dar seu apoio.

O curso acontecerá nos dias 27 a 29 de outubro de 2020. Entrem em contato com a CRB/SP, fazendo sua inscrição:
www.crbsp.org.br.

Informações pelo telefone: (11)3141-2566 ou (11)9.4881-5362.

Abaixo, as propostas apresentadas pelo próprio assessor.

“Pretendo desenvolver um minicurso com algumas questões sobre três temas: O pecado, a doença mental e os modos de sofrimentos psíquicos. O objetivo é criar discussões que há tempo repousam silenciosamente ao redor do pecado, da loucura e da dor subjetiva que impacta a relação do sujeito com o cotidiano familiar, religioso, no trabalho, na educação, nas redes sociais e nas inúmeras organizações do Estado.

O tema convida os/as religiosos/as a colocar temas do pecado, da doença mental e do sofrimento psíquico em análise. Em que consiste cada um deles e em qual a relação dos mesmos na construção da subjetividade do sujeito pós-moderno. O pecado é uma forma de usufruto, ou seja, de gozar, visando satisfação frente ao vazio da existência?

O que os tratamentos e os diagnósticos psiquiátricos contribuem com a dor psíquica dos humanos? Quais as formas de cuidado do sofrimento psíquico observadas na sociedade atual?

Esta é a proposta original deste tema: mais que uma simples leitura sobre a vaidade e a luxuria, a avareza, e a ira, a inveja, a gula e a preguiça, um convite a participação reflexiva do leitor no processo de análise do sofrimento psíquico de homens e mulheres que buscam no pecado a aventura da felicidade impossível. O pecado enquanto um passo em falso ou tropeço esbarra com a ausência da palavra para compreendê-lo. Não é possível perceber o que é dito nessa busca, é indizível. Os psicanalistas diriam que é real. Os teólogos nomeiam-no como mistério.
O confessionário e o consultório psicanalítico constituem-se, portanto, com “lugar” para a escuta do que é impossível dizer: os pecados capitais ou sofrimento psíquico.

A Primeira parte do curso, “Pecado e Sofrimento Psíquico”, condensa-se no resultado da pesquisa histórica quando à origem da definição dos setes pecados capitais e sua correlação com a doença mental e os modos de sofrimentos psíquicos.
Distancio-me dos temas pecado e doença mental, propondo o conceito de sofrimento psíquico enquanto dor subjetiva do ser humano. As ideias de pecado e loucura apontam para um sintoma centrado apenas no indivíduo. Trata-se de paradigmas escolásticos e da ciência positivista centrados em base moral, individual e organicista. O terceiro conceito base de nossa preposição,

por sua vez, tem como premissa a clínica transdisciplinar. Através dos sintomas, trabalham os sujeitos e suas implicações institucionais, levando em consideração vários saberes.

A segunda parte é dedicada a discutir questões pertinentes ao primeiro pecado, a vaidade. A existência da vaidade é correspondente à experiência do narcisismo. Privilegiamos as análises dos primeiros papas e teólogos da Igreja sobre a vaidade e relacionamos as reflexões com o estudo freudiano sobre o narcisismo. Cada período (medieval, moderno e contemporâneo) produziu subjetividades peculiarmente afetadas por distúrbios narcisistas, que marcam os conflitos, enfrentamentos e estratégias de relacionamentos dos seres humanos.

A terceira parte apresenta um estudo da luxúria e dos impactos da dimensão do prazer na vida dos seres humanos. Sobre antigas e atuais matrizes societárias, abrimos a interrogação: como as concepções filosóficas clássicas greco-romanas, o catolicismo dos primeiros séculos, a ciência moderna e o momento atual, veem a dimensão do prazer e a relação com a luxúria?
Teologia do corpo. Nesse espaço discute-se o cotidiano das pessoas no que tange aos temas afetividade e sexualidade; o problema da pedofilia e efebofilia; o masculino e o feminino; a relação entre arte, pornografia e o modelo neoliberal.

A quarta parte é dedicada ao pecado da avareza. Em parte do texto, estudo e analiso a dimensão sócio-histórica da civilização e a construção dos modos de subjetivação a partir do significante dinheiro. O dinheiro como símbolo do afeto tem muito a dizer sobre as relações entre as pessoas e as diferentes patologias institucionais.

Na quinta parte delineia-se o estudo da ira e dos impactos desse sentimento nas relações entre os humanos. Para tanto, retomamos o pensamento de S.Tomás de Aquino sobre a questão da cólera e da ira. Na sequência, vamos à origem da agressividade para questionar: por que iramos?
Já ao final, dedicamo-nos ao estudo da agressividade enquanto indignação das minorias.

A sexta parte abre-se ao estudo da inveja enquanto doença do olhar. A inveja é considerada um dos empecilhos das relações mais próximas entre os humanos: casais, companheiros de trabalho, vizinhos e amigos. Concluímos com a diferença entre a percepção de injustiça e o pecado da inveja.

A sétima parte propõe o estudo da gula enquanto o pecado mais aceito no convívio social. Os monges do deserto consideraram a gula como a primeira tentação, sendo a luxúria a segunda. Assim, ao passo que essas eram vistas como impulsos da carne e da vaidade, a cólera, inveja, avareza e acídia eram consideradas perturbações do espírito.

Nessa parte, analiso fragmentos da história da comida no mundo ocidental e os aspectos psicossociais da gula.
Concluo a reflexão analisando os traços de identificação entre as formas de alimentação e o modelo neoliberal, sobretudo através dos sintomas da obesidade.

Na oitava parte, dedico-me ao estudo do sétimo pecado capital, a preguiça. A abordagem parte de uma perspectiva histórica, analisando como os primeiros papas e teólogos percebiam a acídia, enquanto vazio da alma ou tédio profundo em face do bem espiritual. A preguiça, com o tempo, é perpassada por várias classificações: indolência, desânimo, síndrome de Burnout, depressão e, por último, discriminações psíquicas, sociais, raciais e econômicas.

Concluímos com as seguintes indagações: a preguiça é pecado? Depressão? Ou se trata apenas de uma forma preconceituosa de estigmatizar todos os condenados na terra?”
Na última parte do curso, analiso os espaços do confessionário e do consultório psicanalítico tomados como práticas de cuidado de si. Pergunto, então: o que os diferencia? Que demandas têm os sujeitos que se direcionam a esses espaços? Há aspectos comuns? Ao analisar as práticas do confessionário e do consultório, retomo as obras de Freud, as referências e os enfoques que ele traz ao campo da origem da civilização, o drama entre a lei, o desejo e a função da religião.
Termino com um riquíssimo diálogo entre os entrevistados: teólogos, religiosa psicanalista e psicanalistas sobre o tema pecado, espaço do confessionário e do consultório psicanalítico.
As lições apreendidas a partir deste estudo são infinitas, e esperamos que contribuam para novas reflexões sobre o sofrimento psíquico entre os humanos”.

É isso, queridos irmãos e irmãs. Aos que acolherem este convite, bom proveito a bem da nossa Vida Consagrada com natural segmento aos nossos destinatários/as da nossa missão.

Afetuoso abraço a cada um/a, na Trina Ternura de Deus,

Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro, mad
Presidente da CRB

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