“Horizontes e esperanças” foi o tema do Congresso Internacional de Pastoral Vocacional e Vida Consagrada, com o lema “Venham e vejam” (Jo 1,39), o evento foi organizado pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica, e aconteceu de 1 a 3 de dezembro de 2017, em Roma, Itália. O Congresso teve como objetivo oferecer uma contribuição a partir da realidade da vida consagrada e sociedade de vida apostólica ao Sínodo sobre a Juventude de 2018. Participaram do evento cerca de 900 consagrados e consagradas provenientes dos cinco continentes. A representante da CRB Nacional foi Ir. Clotilde P. de Azevedo, Apostolina, assessora do Setor Juventudes. Vários outros brasileiros e brasileiras que atuam na animação vocacional em suas congregações no Brasil ou em outras partes do mundo também estiveram presentes.
A mensagem enviada pelo Papa Francisco ao congresso evidenciou as linhas orientativas que devem perpassar e delinear a pastoral vocacional: a) qualquer ação pastoral da Igreja está orientada para o discernimento vocacional; b) a atividade vocacional não pode ser fechada em si mesma; c) a verdadeira pastoral vocacional deve propor todas as vocações na Igreja e deve ser presença ao longo de todo o processo/itinerário da pastoral juvenil; d) quem reza pelas vocações trabalha para implantar uma verdadeira cultura vocacional; e) os animadores vocacionais devem permanecer despertos para poderem despertar os jovens; f) o mundo juvenil não é negativo, mas complexo; g) para Deus nada é impossível, podem nascer vocações em diversos ambientes; h) é necessário que o animador vocacional tenha lucidez, um olhar agudo e de fé sobre a realidade atual e sobre os jovens.
Segundo o Papa Francisco, a pastoral vocacional deve ser diferenciada (oferecer respostas); narrativa (testemunhal); eclesial (marco do Vaticano II); evangélica (parte de Jesus e não de propostas individualistas); acompanhada (que acompanha os jovens); perseverante; juvenil. Para tanto, os animadores vocacionais devem ter consciência de que não “existem respostas mágicas” e é necessária uma verdadeira conversão pastoral, que no caso da Vida Consagrada trata-se de uma conversão do estilo de vida.
Em sua saudação inicial, Dom João Braz de Aviz, prefeito da Congregação, frisou que “também o trabalho vocacional hoje tem a necessidade de odres novos, pois o desafio do “vinde e vede” permanece. Segundo Dom João, “o que os jovens vão ver? Brigas, pessoas imaturas? Se for isso eles não virão mais! É necessária uma pastoral vocacional que transforme a vida em comunidade, em vida fraterna”. Para Dom José Rodríguez Carballo, Franciscano, Secretário Geral da Congregação, a experiência vocacional “parte sempre da dinâmica do encontro com a pessoa de Jesus. Por isso, é necessário menos show e mais encontro”.
Em sua exposição, Pe. Timothy Radcliffe, Dominicano, enfatizou que o “chamado a vocacional é um chamado para VIVER, e a Vida Religiosa Consagrada é uma maneira para dizer sim à VIDA em abundância. Mas, todas as culturas e povos têm diferentes concepções do que seja viver em abundância, e isso é um verdadeiro desafio para a pastoral vocacional”. Um dos questionamentos propostos por ele era: “como podem nossas congregações responder à VIDA, quando temos maneiras tão diferentes de conceber o que é a VIDA? A modernidade teme as diferenças; os membros de uma cultura global têm dificuldades com as diferenças. A dinâmica de abraçar o particular (único, pessoal) é uma dinâmica do Amor de Deus. O amor que a Vida Consagrada é chamada a viver é esse Amor”, conclui.
Os dias do Congresso foram marcados pela partilha de tantas e diferentes experiências no campo da pastoral vocacional. Foram dias de enriquecimento e crescimento mútuo, que permitiram descobrir que, se o específico da vida consagrada é a dimensão da profecia, também no horizonte vocacional esta profecia deve ser aquilo que como consagradas e consagrados podemos oferecer aos jovens para ajudá-los a encontrar o Senhor, a amar a própria e a encontrar a sua vocação.
No desenrolar do evento, três jovens consagrados estudantes de teologia na Itália (uma Irmã da Bolívia, um religioso das Filipinas e outro da Alemanha), foram convidados a permanecer como observadores para, no último dia, apresentar os “horizontes e esperanças” que perceberam.
Estes “horizontes e esperanças”, a partir da perspectiva destes jovens consagrados, foram apresentados em forma de Decálogo da pastoral vocacional na Vida Consagrada:
- a Pastoral Vocacional deve levar ao encontro com a pessoa de Jesus, a conhecê-lo em sentido verdadeiro. Para isso, é necessário sair e ir ao encontro dos jovens;
- o animador vocacional deve ser enraizado na Palavra;
- os verdadeiros protagonistas do processo vocacional são os jovens e, estes devem ser desafiados;
- os jovens têm grande sede de Deus;
- a comunidade religiosa deve ser um reflexo da Trindade e fundada na diversidade. Por isso, deve-se passar da vida comunitária para a vida fraterna a partir de um processo de humanização. É importante criar relações fraternas verdadeiras que respeite a diversidade;
- abramos nosso horizonte comunitário para as outras vocações; deixando-nos formar e enriquecer por outras vocações. Que os jovens sejam livres para escolher;
- deve ser feita uma proposta vocacional com paixão, por pessoas que caminham sobre as pegadas de Cristo. É necessário mostrar a beleza da própria vocação;
- é necessária uma pastoral de conjunto com as pastorais afins e, de forma particular, com a pastoral juvenil;
- a intercongregacionalidade é importante e fundamental no serviço vocacional, que deve ser entendido na perspectiva de uma “rede de carismas”;
- Que haja sempre muita criatividade na pastoral vocacional. É necessário sair de nossos próprios esquemas.