Conversa com dom João: Vida Consagrada a 50 anos do Concílio Vaticano II

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Por Rosinha Martins|28.08.14| Teve início na manhã desta quinta, 28, na Paróquia Bom Jesus do Portão, em Curitba-PR, o encontro da Vida Religiosa Consagrada do Brasil com prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica do Vaticano,  dom João, Cardeal de Aviz.

Ao desejar as boas vindas ao cardeal, o bispo referencial para a Vida Consagrada do Paraná e bispo  de Toledo, dom João Seneme, falou da sua expectativa sobre o evento. “Que esse encontro motive cada vez mais a nossa pertença a Deus e acentue o nosso jeito de viver no meio do povo mostrando a alegria de sermos consagrados, e que seja um tempo de revitalização da Vida Religiosa”, disse.

“Dom João na sua bondade ocupa seu tempo de descanso para estar conosco, por isso um profundo reconhecimento por esse carinho e presença”, afirmou o administrador da Arquidiocese de Curitiba, dom Rafael Biernaski.

A presidente nacional da CRB, Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, ressaltou a presença dos religiosos vindos de todas as regiões do Brasil. “É uma imensa alegria olhar para estes rostos atentos, estes corações abertos, essa esperança lúcida para o dia de hoje. É muito bom observar esses rostos vindos de tantos lugares do nosso país. Em nome da CRB nacional quero acolher a todos para esse momento de graça, de Kairós para a Vida Consagrada”.

Dom João em tom de muita simpatia e clima de abertura e fraternidade deu início à sua fala dizendo que a  proclamação de 2015 como ano da Vida Consagrada tem como finalidade retomar as grandes linhas que o Concílio traçou e os caminhos percorridos pela vida consagrada até então, à luz do documento Perfectae Caritatis, que no ano que vem completa cinquenta anos.

O cardeal destacou em sua conversa, os temas da “Renovação da Vida Consagrada a 50 anos do Concílio Vaticano II”;  “A Vida Consagrada sinal de comunhão na Igreja e no Mundo, na Exortação Apostólica  Pós-Sinodal Vita Consecrata”  e,  “Consagrados e Consagradas, discípulos e discípulas do Senhor na Escola da Comunhão”.

Sobre a Lumen  Gentium, destacou que esta, situa os religiosos como membros integrantes da Igreja povo de Deus, juntamente com os fiéis leigos. “Os consagrados e as consagradas são hoje, na Igreja uma realidade plural, numerosa e muito significativa. São homens e mulheres que respondem com suas vidas, não a um mandamento, mas aos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, “ dom divino e conservado por graça do próprio Deus”, salientou.

O documento Perfectae  Caritatis propõe uma adequada renovação da vida e da disciplina dos Institutos Religiosos, das Sociedades de Vida Apostólica e dos Institutos Seculares. Para dom João se trata de um retorno às fontes da vida cristã, à inspiração primitiva e original dos Institutos e adaptação às novas condições dos tempos. É, ainda, um documento que versa sobre a vida monástica e contemplativa como ornamento da Igreja e fonte de graças celestes, pois levam os membros a se ocuparem exclusivamente de Deus na contemplação.

Sobre a Vida Consagrada como Escola de Comunhão, o cardeal ressaltou a partir do documento Vita  Consecrata,  que à medida que a vida consagrada hoje toma consciência da antropologia e eclesiologia trinitárias e experimenta sem reticências a espiritualidade da comunhão, dentro do carisma do próprio Instituto e entres eles, e bem inserida na Igreja-Comunhão, ela continuará a oferecer uma luz necessária para o seguimento de Jesus.

Em tom amigável e descontraído, os religiosos puderam dar testemunho de experiências de intercongregacionalidade e de esforços pessoais de conversão para melhor viverem a consagração e permanecerem fiéis. No final da manhã, perguntas afins, deram oportunidade aos religiosos de fazerem um bate-papo e esclarecer dúvidas com o cardeal.

Dom João chamou a atenção do grupo para alguns problemas que são visíveis na Vida Consagrada e que merecem atenção e um processo constante de conversão: As desistências (a cada ano, 3000 religiosos abandonam a Vida Consagrada); a falta de vocações; a fixação nas regras, nas vestes; o poder, a duplicidade (o problema da pedofilia); pessoas tristes e amargas, descontentes; superiores ou madres que se mantém no poder por 20 ou 30 anos, dentre outros.

Divinização, justificação e santificação foi o tema assessorado pelo Abade do Mosteiro Trapista de Campo do Tenente – PR,  dom Bernardo Bonowitz, ocso. De acordo com dom Bernardo a divinização, a justificação e a santificação é um ato trinitário, salvífico de Deus que Ele realiza constituindo e completando o ser humano como pessoa. “Primeiro Deus nos salva, aceitando-os, em Cristo Ele nos transforma assemelhando-os a Jesus e infunde seu espírito e nos torna amor”.  Para dom Bernardo isso constitui  a biografia de todo cristão. O monge parafraseou São Bernardo, dizendo que Deus nos dá três beijos: um de conversão, de santificação e de união com o Espírito Santo. “E acho que todos nós nascemos para isso e com isso temos algo para proclamar”, completou.

Dom Bernardo disse ter certeza que entre os religiosos e religiosas presentes no encontro,  se encontravam pessoas divinizadas. E justificou: “O ditado diz que os olhos são o espelho da alma, e eu vejo aqui pessoas com uma simplicidade e inocências tão profundas impossíveis de serem fabricadas.  Os corações  destas pessoas transbordam e é perceptível que há neles  um motor que é o próprio Espírito Santo”,concluiu.

O encontro de dom João com a Vida Consagrada continua até a noite desta sexta, 29.  Os religiosos terão como assessores para esse dia, Irmã Márian Ambrosio,idp, Frei Clodovis Boff e Dom João Braz de Aviz.

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