Adeus ao Pe. Tomaz Hughes, svd

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Pe.Tomaz Hughes, svd
Faleceu no dia 15 de maio de 2017, em Ponta Grossa (PR).
Pe. Tomaz Hughes, svd, é irlandês, religioso-missionário da Sociedade do Verbo Divino. Radicado no Brasil há 45 anos, atuava especialmente na formação bíblica nas bases e como assessor bíblico da CRB e do CEBI. Dedicava-se a cursos e retiros bíblicos em todo o país. Publicou diversos artigos em Convergência, Estudos Bíblicos e publicações da VRC e é autor do livro “Paulo de Tarso: Discípulo-Missionário de Jesus”.

Disse e escreveu Pe. Tomaz: “A memória não é suficiente. Pode até ser desmobilizadora. Precisa ser completada com a esperança”.

A CRB Nacional, sua diretoria, a equipe Interdisciplinar e todos os religiosos e religiosas se solidarizam com a Congregação do Verbo Divino e com os familiares de Pe. Tomaz, com um profundo agradecimento a Deus pelo grande dom que este sacerdote foi para a Igreja e para o mundo.

 

Palavras da Presidente da CRB, Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro, mad
Pe. Tomaz, desde que o conheci, possuia uma energia, uma vibração, um amor pela Igreja, pelos pobres e pela Palavra de Deus de causar “santa inveja”.
Nunca vi o Pe. Tomaz desanimado e sem garra, fazendo toda sua parte para que o Reino acontecesse. Olha que o conheço desde 1981, quando trabalhei com ele na Diocese de Foz do Iguaçu, Paraná.

Vale lembrar o que diz o Frei Luis Susin, OFMCap: “O Pe. Tomaz foi da espécie que desdiz a teoria do pecado original…tinha os dons do paraíso intactos…aliou conhecimento e realismo com inocência e alegria! Que privilégio tê-lo conhecido ao menos um pouco nos últimos anos. Deus seja louvado pela sua existência”.

A Equipe Interdisciplinar da CRB perdeu um membro especial! Agradecemos profundamente ao Pe. Thomaz que trouxe às nossas reflexões e decisões, o impulso do Espírito Santo, ajudando a perceber que Ele “está fazendo coisas novas! Vocês não estão vendo?’

Obrigada, Pe. Tomaz, por tudo o que você foi à VRC e à Igreja.

 

Segue artigo do Pe. Tomaz Hughes, svd, escrito em 2015, em preparação à Assembleia Geral Eletiva da CRB Nacional)

ESTOU FAZENDO UMA COISA NOVA:
ELA ESTÁ BROTANDO AGORA, E NÃO PERCEBEM?

Qualquer análise da situação da VRC hoje, especialmente na sua forma da “vida apostólica”, aponta para um contexto de crise. No fundo é uma crise de identidade – “Quem somos e para que existimos?”
Até a viravolta causada pela renovação na Igreja, simbolizada pelo Concílio Vaticano II, os/as Religiosos/as pareciam seguros/as na sua identidade, baseada na “vocação à santidade”, “vocação missionária” e “obras caritativas”. A renovação Conciliar demonstrou que todo cristão é chamado à santidade, é missionário/a por natureza e fica muito claro que não preciso ser Religioso para trabalhar nas obras caritativas. Logo nasce a pergunta: “Se, para fazer o que faço, não precisa ser religioso/a, então por que sou?” A incapacidade de responder adequadamente a esta pergunta levou dezenas de milhares de religiosos/as a abandonar as suas comunidades e continua a perturbar muitos hoje.

Engana-se quem pensa que “crise” é necessariamente algo negativo. Na verdade, é oportunidade para descobrir os elementos da nossa vida que não funcionam mais e fazer as mudanças necessárias para que revitalizemos as nossas opções vitais. A crise atual nos conduz a refletir sobre o que são os elementos indispensáveis da nossa identidade. Em toda parte, se debruça sobre a questão do “núcleo identitário” da VRC – aquilo que nos dá consistência, sem o qual não pode existir uma VRC autêntica. Está mais do que claro que a Rida Religiosa Consagrada se fundamenta na experiência radical de Deus. A vida comunitária e a missão apostólica nascem de tal experiência e nutrem-na. A experiência de Deus lança o fundamento. A vida comunitária alimenta-se de tal experiência e a alimenta, e recarrega afetiva, psíquica e espiritualmente o religioso para a missão. Esta irradia as duas anteriores de tal modo que cada uma remete à outra. Esses três elementos são indispensáveis para uma VRC autêntica.

A História da Salvação demonstra que foi através de crises que o Projeto de Deus avançou. Precisamos refletir nas palavras de Deutero-Isaías que apresenta Deus falando com o seu povo, exilado, desanimado, aparentemente sem perspectivas: “Não fiquem lembrando o passado…vejam que estou fazendo uma coisa nova: ela está brotando agora, e vocês não percebem?” (Is 43, 18-19). Para enxergar a “coisa nova: que Deus fazia brotar, era necessário criar uma nova maneira de ver as coisas, ter novas lentes, entender que a “coisa nova” não é a antiga “renovada”, mas algo verdadeiramente novo, excitante, que brotava da
ação do Espírito.

Esse tempo difícil para a VRC revelar-se-á como uma bênção e conduzirá a uma renovação, talvez de um jeito que não conseguimos antecipar. Para que isso aconteça, precisamos deixar de ser obsecados com a nossa sobrevivência e a das nossas obras e empreendimentos, revitalizar o tripé da Experiência de Deus, Vida Comunitária e Missão Profética, acreditar na “coisa nova” que Deus já faz brotar, e “o resto virá por acréscimo”.

Perguntas para aprofundamento:
1. Você sente mais otimismo ou pessimismo na sua Congregação/Comunidade?
Quais as causas?
2. Que sinais percebe de “algo novo” que Deus está fazendo brotar na VRC hoje?
3. O que dificulta a nossa percepção da ação criadora de Deus na VRC atual?