Por Rosinha Martins | 25.10.1895 | A expressão é da assessora do Seminário Nacional de Formadores e Formadoras que acontece em Caucaia-CE, Irmã Annette Havenne, a qual afirma que para os tempos de hoje, o ambiente da missão traz muitas vantagens para o processo formativo. “A missão tira o formando da autorreferencialidade, ajuda-o a relativizar seus problemas, a sair de sua zona de conforto”, assegura. Mas, para Irmã Annette, é preciso cuidar para não estar com os formandos em ambiente de missão com os olhos fechados, pois a missão deverá ajudá-lo a desenvolver uma mística dos olhos abertos. “Inserção não é só o fato de ir para um lugar geográfico – lembra-nos o Papa – é ir para as periferias apaixonados por Jesus e ‘compassivos’ com o povo”.
Ainda, de acordo com Havenne, este lugar de missão onde a formação deve estar inserida hoje não deve ser entendida no sentido de missão exercida como ‘modo de fazer trabalho’, mas no ‘modo de fazer cuidado’ – parafraseia Boff. “Porque o importante não é a eficiência, não é o que eu faço, mas a eficácia, ou seja, do que eu sou testemunho. É necessário que a formação esteja no ambiente missionário, mas com o cuidado para conservar este vigor”.
Por uma formação mistagógica
Irmã Annette ressaltou, também, a necessidade de uma formação mistagógica. Lembrou que no início da sua história, se espelhando em Jesus que convivia com seus discípulos e discípulas, a Igreja teve a intuição de um caminho de acompanhamento espiritual das pessoas que se preparavam para o batismo, em vista de fazer caminho a partir da experiência pessoal do futuro batizado, do catecúmeno, no diálogo, na escuta dos questionamentos que o contexto social fazia para ele. “Penso que é isso que precisamos resgatar. A formação mistagógica é uma formação que nasce da experiência pessoal do jovem, mas que no acompanhamento o ajuda a descer, abrir os olhos e a perceber que nessa realidade tão dura, tão complexa e, às vezes tão sofrida, é Deus que o interpela a ter a coragem de fazer esta experiência mística de se deixar alcançar por Ele no caminho da experiência humana”.
“A vida do formador deve ser um grito profético de “vale a pena seguir Jesus neste caminho específico”.
Ao se referir à formação do formador, a assessora assegurou não criar nenhuma expectativa a partir de si mesma, mas que seu profundo desejo é que esse Seminário ajude os formadores, as formadoras a desenvolver, em primeiro lugar, um novo olhar sobre si mesmo, de maneira que possam fazer evoluir as relações que tecem com os jovens em formação. “Penso que esse processo passa pelo fato de redescobrir o que o move na sua vocação e na sua missão, ou seja, reconectar-se com seu desejo fundante e se reencantar-se com o seguimento de Jesus na Vida Consagrada”, enfatiza. A vida de um formador deve ser um grito profético de “vale a pena seguir Jesus nesse caminho específico”. Quando a pessoa está assim orientada, acrescenta, “o Espirito Santo dará a luz para descobrir novos lugares teológicos no mundo de hoje junto aos jovens”.
“O formador deve ser um apaixonado pela Vida Consagrada”
O filme “Doador de memória” exibido para os formadores foi um instrumento para a leitura orante com objetivo de aprofundar o perfil