Religiosos em prol dos direitos indígenas

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Do dia 15 a 18 de novembro, o Conselho Indigenista Missionário esteve em reunião ordinária, no Centro de Formação Vicente Cañas, Luziânia (GO). A diretoria e coordenadores de 11 regionais  fizeram uma análise de conjuntura em nível nacional, da sua missão junto aos povos indígenas.

O CIMI é um organismo vinculado à CNBB, criado em 1972, quando o Estado brasileiro assumia abertamente a integração dos povos indígenas à sociedade. A entidade, procurou favorecer e promover grandes assembleias indígenas a fim de lutar pela garantia do direito à diversidade cultural. Participam do Conselho do CIMI várias religiosas, que convivem e também aprendem com os indígenas. Encontram ainda, na causa, um chamado que vai de acordo com a vida missionária: “Vivemos o exercício da missão através da escuta e do aprender, pois quem escuta, aprende… A vida religiosa tem como linha profética da sua missão o encontro dos mais esquecidos, excluídos, explorados e criminalizados por essa política, fazendo com que eles possam ter vez, participando com suas sabedorias”, pontua Irmã Emília Altini, icf, participante do Conselho Diretor.

Os desafios, nessa jornada em defesa de direitos, são inúmeros, como a dificuldade de comunicação com os diferentes idiomas, a necessidade de pessoas dispostas a ajudar nas missões e despojar-se dos bens materiais.

Mística missionária do CIMI

O assessor teológico do CIMI, Pe. Paulo Suess, com 40 anos de luta, procura auxiliar o trabalho com a mística missionária, e destaca a importância da fala do Papa Francisco em relação aos movimentos sociais: “Ele dá as condições para quem quer trabalhar com o povo: que sejam pessoas despojadas, que não se preocupam com casa, roupa de marca e outras coisas. Ele diz: “Estas condições também servem para o Seminário”. E nós, dizemos: “Também servem para o CIMI”, enfatiza Pe. Paulo.

 

Irmã Rosana de Lima e Santos, coordenadora do regional do Maranhão também salienta que a falta de assimilação por parte da sociedade, dificulta o trabalho: “O maior desafio é a questão de não ser compreendida por alguns setores da sociedade que tratam os índios como descartáveis. Deus criou o mundo para todos, somos irmãos e somos iguais”, comenta a religiosa.

Para o ressurgimento dos povos indígenas, o CIMI colabora no reconhecimento da autonomia e identidade cultural dos povos. Segundo Irmã Lourdes Duarte, das irmãzinhas da Imaculada Conceição, do Mato Grosso, “os índios são programados a desaparecer”, são considerados um entrave para o desenvolvimento agrícola e financeiro.

Rondônia é um exemplo dessa guerra contra a existência indígena, “Existem sessenta povos em situação de risco e de extinção que são os chamados povos isolados. Sendo um Estado pequeno, Rondônia concentra a maior quantidade de minorias étnicas. Há povos com 30 pessoas, 80, 100, mil, três mil. E chega até o cúmulo de ter apenas um sobrevivente de um povo massacrado nos anos 80 e 90”, chamado “índio do buraco”, relata Irmã Laura Vicuña, representante do regional do estado.

O Índio do Buraco

Com o costume de cavar buracos de cerca de 3 metros de profundidade em volta de suas cabanas, o índio do buraco foi descoberto no final dos anos 90 pela FUNAI. O índio chama atenção por viver de forma completamente isolada e nômade, migrando para outros locais sempre que descoberto. Acredita-se, que em meados dos anos 80, sua nação foi dizimada por criadores de gado que pretendiam explorar as ricas terras da região e isso explicaria sua rejeição a qualquer contato com outras pessoas. A FUNAI então procurou assegurar sua paz e tranquilidade, delimitando terras exclusivamente para ele, o que ocasiona grande descontentamento por parte de fazendeiros da região, que expressam claramente, que não hesitarão em atirar, caso o avistem.

CIMI tem reciprocidade  com a Vida Religiosa Consagrada

O testemunho das Irmãs que atuam no CIMI, afirma que a vida consagrada tem no seu interior o aspecto da missionariedade. As religiosas  optaram estar do lado dos menos favorecidos, no caso, junto à comunidade indígena. Elas afirmam que estão com os índios na vibração pela vida.

Estão, sobretudo, no profetismo que as ensina a descobrir valores nas outras culturas. Envolvem-se com os povos indígenas nas suas propostas de vida, de respeito à natureza, do bem-viver, nos impasses, na sua forma de organizar que inclui o seu povo e não como na sociedade que tem uma tendência à exclusão. Na comunidade indígena todos contribuem, inclusive as crianças. Os saberes dos mais velhos ajudam os mais jovens a melhor viver.  Há uma partilha que dinamiza a cultura do encontro e vai além dos preconceitos internos e externos.

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